"Após sete anos na formação do Benfica, Rogério Matias teve um início de carreira profissional difícil, com muitas lesões nos joelhos que quase lhe arruinaram a carreira. Agarrado ao sonho de menino, nunca desistiu. Viveu os momentos mais marcantes da carreira em Coimbra, no Campomaiorense e no Vitória de Guimarães, antes da passagem pela Bélgica e o final da carreira, no Rio Ave. Os cabelos compridos tornaram-se a sua imagem de marca e uma superstição contra lesões. Com imensas histórias para contar, só revela algumas, as divertidas, que metem desde cornetas de guerreiros e batuques no balneário, a pianos em aviões, hipnotismo e até cabelos rapados
Nasceu em Vila Franca de Xira. Fale-nos do sítio onde cresceu e apresente a família.
Vivi sempre no Sobralinho, que fica entre Alhandra e Alverca. Tenho o mesmo nome do meu pai, Rogério. A minha mãe tinha uma loja de roupa no Sobralinho e o meu pai trabalhava na construção naval e tenho um irmão mais novo, o Gonçalo, que neste momento trabalha na aviação, em Alverca. Eu morava em frente a um jardim onde nos encontrávamos para jogar à bola. Foi assim que comecei.
Torcia por que clube?
Pelo Benfica.
Quem eram os seus ídolos?
O Chalana, o Carlos Manuel, o João Alves e o Diamantino.
Sempre sonhou ser jogador de futebol? Nunca quis ser outra coisa?
Sempre jogador de futebol, desde miúdo.
Da escola, gostava?
Gostava mas não era um aluno brilhante. Não tinha dificuldade em passar de ano, mas chegou uma altura em que tive de optar.
Quando vai pela primeira vez para um clube?
Os meus amigos eram quase todos mais velhos do que eu e jogavam no Alhandra. Eu já tinha pedido à minha mãe para ir para lá. Falei com o meu pai também e ao princípio não se mostrou muito recetivo. O meu pai também tinha sido jogador no Alhandra, mas nunca jogou a nível profissional. Eu era muito novo, tinha oito, nove anos, mas passado um ano lá me deixou ir para o Alhandra Sporting Clube. Joguei lá dois anos, até aos 12.
Tinha alguma alcunha?
No Sobralinho o pessoal chamava-me Chalana porque eu tinha uma camisola do Benfica com o número 10. Ele era o meu ídolo. No Alhandra como jogava com tanta gente que me conhecia do Sobralinho toda a gente me tratava pelo Chalana do Sobralinho.
Depois vai mesmo para o Benfica. Como é que acontece?
Bom, aquilo foi assim, eu fui à seleção de infantis de Lisboa, a jogar no Alhandra. Fomos a dois torneios, o dos Unidos e o torneio da Pontinha, que era o torneio mais badalado. E nesse torneio dos Unidos que foi disputado no bairro Padre Cruz em Lisboa, eu fui o melhor jogador. Depois jogámos e vencemos o torneio da Pontinha e já havia interesse de alguns clubes de Lisboa. Como eu era benfiquista e a minha família também, fui ao Benfica treinar e fiquei. Eles já me tinham referenciado. Fiquei eu e outro colega que jogava comigo no Alhandra. Entrei no Benfica em agosto e em outubro fiz 13 anos.
Notou grande diferença do Alhandra para o Benfica?
Claro. No Alhandra treinávamos duas vezes por semana, no Benfica só tínhamos um dia de folga.
Quem o levava e trazia aos treinos?
Ao princípio o meu pai ou a minha mãe iam buscar-me, quase sempre ia sozinho de transportes de Alverca para Lisboa. Começava o treino às seis ou seis e meia e saia às oito e tal, e sabia bem quando o meu pai passava lá para dar-me boleia para casa. Também havia o pai desse meu colega, o João Lemos, que estava comigo no Benfica. Às vezes o pai dele ia lá buscá-lo e dava-me boleia. Era assim um pouco dividido.
Fica no Benfica até aos 19 anos?
Sim.
Continuou a estudar?
Sim, até ao 10º ano passei sempre. No 10º ano como havia a possibilidade de passar uma disciplina para o ano seguinte, então, para ter um horário condizente para poder treinar, abdiquei de algumas disciplinas e repeti-as no ano seguinte. Quando desisti mesmo da escola já estava no 11º ano.
Quais as memórias mais fortes dos anos de formação no Benfica?
As memórias mais fortes são os colegas. Alguns são meus amigos até hoje. Como o Pedro Henriques, que é comentador na SportTV, ou o Nuno Afonso.
Houve algum treinador que o tenha marcado mais nesse período?
No Benfica acho que todos me marcaram, desde o Bastos Lopes até ao mister Nené, passando pelo professor Arnaldo Cunha. Quando chegamos aos juniores, eu tinha acabado de ser campeão nacional de juvenis e no primeiro dia da primeira temporada de juniores, o mister Nené fala com todos e diz: "Vocês a partir de hoje vão ser tratados como uns homens e aqui quem trabalhar mais é quem joga, não há nomes, não há nada, vocês vão começar do zero". Ele já nos estava a preparar, aos 17 anos, para aquilo que iria ser a nossa carreira profissional, quem lá chegasse. O trato que ia ter connosco era já de um treinador sénior. Foi muito bom para mim e para todos.
Nessa altura já ganhava dinheiro com o futebol?
Não [risos]. O Benfica pagava-me o passe social, mais nada.
Eu não saía muito à noite porque sempre tive uns pais que me perguntavam: "Queres ser profissional de futebol ou queres sair à noite?". Como respondia sempre "Quero ser profissional de futebol"... A minha juventude é um pouco marcada por isso. Os meus amigos de infância tinham uma juventude "normal", chegavam ao fim de semana e iam sair e eu não podia porque tinha jogo. Mas claro, quando tinha possibilidade e quando tinha hipótese, saia com os meu amigos de infância e com o pessoal do Benfica. Eu até tenho uma história engraçada.
Conte.
Uma vez fomos sair, não havia jogos nesse fim de semana e eu tinha ido dormir a casa do Nuno Afonso. E tínhamos ido a uma discoteca que havia ali ao pé das Amoreiras, que era o Skylab. Tínhamos de apanhar o comboio penso que de Campolide para o Cacém, que a casa do Nuno era no Cacém. Saímos da discoteca, apanhámos um táxi para a estação, só que nesse dia mudava a hora e nós chegámos à estação cedo demais [risos]. Então ficamos sentados no degrau da porta da estação de comboios, encostados à parede, cheios de sono, quase a dormitar, à espera que abrisse a estação para podermos tirar o bilhete e irmos para o Cacém.
No ano a seguir não fica no Benfica e vai para o Amora. Porquê?
Não, está a saltar um passo... No último ano de júnior no Benfica comecei a ir à seleção nacional de sub-18. Era titular do Benfica e da seleção e a um mês do campeonato da Europa fomos fazer um torneio de preparação pelo Benfica, estávamos a preparar a fase final do campeonato de juniores e tive uma lesão muito grave. Fiz uma rutura de ligamento cruzado anterior, parti o menisco e fissurei a rótula.
Como é que fez isso tudo?
Estávamos a jogar a meia-final do torneio com o São Paulo, do Brasil, eu ia fazer uma receção de bola e ao virar os pitões ficaram presos na relva que estava muito dura. Só rodou o joelho e então parti o joelho todo. Já não foi possível ir ao campeonato da Europa, em Londres. Estive sete meses a recuperar, ainda por cima naquela transição de júnior para sénior que antigamente não havia cá equipas B, nem sub-23.
O Benfica não quis renovar perante o que lhe sucedeu?
Eu ia fazer contrato profissional com o Benfica quando viéssemos desse torneio em França onde eu me magoei. Estava a fazer uma grande época e eu sentia que estava bem, mas isso, a lesão atrasou um bocado. Então eu não fiz contrato profissional e o Benfica simplesmente prolongou o meu contrato até eu recuperar totalmente do joelho e ficar apto para ir jogar futebol. Foi assim.
Depois de recuperar foi jogar para onde?
Fui jogar para Fafe.
Foi o Benfica que fez a proposta?
Sim, porque na altura o José Dominguez também tinha lá jogado e o José Dominguez tinha ido para Inglaterra. Já antes dele tinha lá jogado o Rui Costa. Então fui para Fafe, com 19 anos.
É a primeira vez que deixa o ninho?
Foi a primeira vez e vou logo 400 quilómetros lá para cima. Dividia o apartamento com um colega meu que jogava no Fafe.
Como é que foi a adaptação à vida fora de casa?
Quando cheguei a Fafe foi difícil porque estava habituado à movimentação de Lisboa, nunca tinha saído daqui. Mas atenção eu é que quis ir para Fafe porque o Benfica mostrou-me duas possibilidades e eu é que escolhi ir para Fafe.
Qual era a outra possibilidade?
Era o Atlético, em Lisboa.
Por que razão decidiu ir para tão longe?
Porque sabia que no norte, em termos da II divisão B, as equipas eram mais profissionais e a liga era muito mais competitiva e a maneira como se jogava era diferente. O tipo de futebol era um pouco diferente. Cá em baixo era um pouco mais soft, lá era mais agressivo, mais intenso e isso ia ao encontro das minhas características. Precisava desse desafio, de sair da minha zona de conforto e abraçar um desafio dessa natureza. Se fosse hoje voltava a fazê-lo, não me arrependo nada.
Vai para Fafe, é duro ter que se adaptar a essa realidade de estar fora de casa, de estar sozinho. Como é que fazia com as refeições por exemplo?
O meu contrato com o Fafe era 100 contos por mês [500€].
Lembra-se do que é que fez ao primeiro dinheiro que ganhou com o futebol?
Juntei para comprar um carro para quando tirasse a carta.
E qual foi o seu primeiro carro?
Foi um Peugeot 106 XSI.
Em Fafe também tinha colegas que eram de Lisboa mas que já eram mais velhos do que eu e então aproveitava a boleia deles quando vínhamos para baixo. Dividíamos as despesas. Para cima igual. E isso também tornou mais fácil a minha adaptação e integração. Foi muito bom porque quando vamos para este tipo de clubes, encontramos condições… Tínhamos melhores condições no Benfica e às vezes faz falta passar por este tipo de dificuldades porque chegas ali, o treinador não quer saber se foste internacional de sub-18 ou não. Chegas ali, tens de te adaptar ao frio, à chuva, tens de te adaptar, ponto, se queres mesmo ser profissional de futebol. E tens de ser forte para superar esse tipo de obstáculos. Nesse ano tive três treinadores, se bem me recordo. Com o primeiro o impacto foi forte porque tu treinas de certa maneira num clube grande, as pessoas explicam-te e mostram-te como é, e ali não há cá explicações, não há nada.
Esteve quanto tempo em Fafe? Uma época?
Não, tenho a lesão no joelho a acabar a época, os sete meses seguintes fico no Benfica para recuperar da lesão e só vou para Fafe em janeiro. Faço seis meses, meia época, em Fafe.
Depois o que aconteceu?
Depois saio do Fafe e vou para o Amora.
Também por proposta do Benfica?
Não, eu aí já tinha acabado o meu contrato com o Benfica.
Não ficou desiludido por o Benfica não ter renovado contrato consigo?
É assim, desilusão, não, se calhar um pouco triste, mas tinha de pensar que a vida era assim mesmo e eu não podia ficar desiludido por nessa altura não conseguir fazer um contrato profissional com o Benfica, que é aquilo que todos os jovens da formação ambicionam, porque a minha vontade de ser profissional de futebol e de chegar à I Liga era tão grande que isso ficou completamente para segundo plano. Fui mesmo à procura da minha sorte, em busca daquilo que queria.
Tinha empresário?
Nessa altura não.
Como surge o Amora?
Eu liguei ao mister Agostinho Oliveira, que era o meu treinador da seleção de sub-18 e foi ele que me meteu em contacto com as pessoas do Amora. Tanto para o Amora nesse ano, como no ano a seguir para a Académica. Como eu não tinha empresário e tinha vindo de uma lesão grave não era fácil que as coisas acontecessem.
Não quis ficar no Amora, não gostou, foram eles que não quiseram ficar consigo na época seguinte?
Não, não. Eu chego ao Amora na primeira fase da temporada, apanhei o Ricardo Formosinho, que é meu amigo até hoje, e o mister José Rachão. Com o Formosinho não joguei tantas vezes, porque quando cheguei ao Amora chamaram-me para a tropa. Nessa altura uns ficavam livres, outros não e eu fui chamado para incorporar a tropa.
Então teve de fazer a tropa?
Não. Cheguei lá, e como tinha tido a lesão no joelho e a cirurgia, fiquei inapto, só que tive de me apresentar no quartel. Fiquei mais seis meses, que era o tempo de tropa na altura, sem competir. Depois o mister Formosinho sai. Quando veio o mister José Rachão joguei sempre, fiz uma temporada muito boa e é aí que vou para a Académica.
Quem treinava a Académica nessa altura, era o Eurico Gomes?
No meu ano na Académica começámos com o Vieira Nunes, depois foi o Eurico Gomes e depois acabámos com o Vítor Oliveira. Tivemos três treinadores nessa época.
Com qual se entendeu melhor? De qual gostou mais?
Eu entendi-me bem com todos e já vai perceber porquê [risos]. Eu cheguei à Académica e estava super feliz porque foi sempre um clube de que gostei desde pequenino, ainda por cima tinha família a viver lá em Coimbra e fui todo contente porque tinha as melhores referências. Estava bem, estava outra vez a sentir-me bem, a sentir que estava a evoluir, estava a treinar como nunca e as coisas a saírem bem e faço exatamente a mesma lesão que tinha tido no joelho direito, no joelho esquerdo.
Outra vez os pitões presos?
Foi ligamento cruzado do joelho esquerdo, num jogo que estávamos a disputar em Leça, eu para tirar a bola a um adversário estiquei a perna que fez hiperextensão e fiz um arrancamento do ligamento. Tive outra vez de ser operado e mais uma maratona de seis ou sete meses.
Passou-lhe pela cabeça desistir do futebol?
Não, nunca. Só se o médico me dissesse: "Ó Rogério, não consegues jogar mais por causa dos teus joelhos".
Mas nenhum disse.
Não. Já vamos chegar lá. Lá recupero, estou pronto para jogar, clinicamente apto. Entretanto como tive um período tão longo de recuperação, a Académica teve de contratar mais um defesa esquerdo porque eu ia ficar muito tempo sem jogar. Quando recupero, começo a treinar e nessa altura o treinador já é o Vítor Oliveira, para ver o espaço temporal que eu estive parado, deu para nesse tempo a Académica ter dois treinadores, o Vieira Nunes e o Eurico Gomes. Nós partimos para essa época com grandes expectativas, de subir de divisão, tínhamos uma equipa brutal, com o Hilário a guarda-redes, o Jorge Silva, que jogou depois no Boavista, Álvaro Pina, foi para o Marítimo. Tínhamos uma equipa muito boa e acabámos essa época a lutar para não descer de divisão. E então o que é que se passou? Eu recupero, volto a treinar normalmente, mas claro não ia chegar e ser logo titular. Acabei por fazer um jogo frente ao Famalicão ainda essa época, para o campeonato, mas depois como é óbvio o meu colega tinha vindo a fazer a época e estava muito mais rotinado. Nós estando a lutar para não descer de divisão, acabei por não ter as oportunidades que gostaria. Entretanto jogo nesse jogo com o Famalicão e depois há um jogo frente ao Vitória de Setúbal, em Setúbal, onde eu ia jogar a titular, mas não como defesa esquerdo, ia jogar a médio esquerdo. Eu na formação também jogava a médio esquerdo. Estava a sentir-me bem, estava contente, ia aproveitar todos os minutinhos que o mister me pudesse dar para justificar a oportunidade. Estou no treino, faço a receção da bola e protejo-a com a outra perna e um colega meu entrou de sola e partiu-me o menisco. Tive de ir ser operado outra vez.
Isso é que foi azar.
Não joguei mais até ao final da época, faltavam já poucos jogos para acabar a época, três ou quatro jogos. Chegamos ao final da época, o mister Vítor Oliveira ia ficar para tentar na época seguinte levar a Académica para a primeira divisão, o que conseguiu, mais um trabalho fantástico do mister Vítor Oliveira.
E o Rogério?
Eu não sabia se iria ficar na Académica ou não. Os responsáveis da Académica já me tinham tido que sim, para eu não me preocupar. Mas depois no último dia, o mister Oliveira chamou-me e disse-me que não ia contar comigo para a próxima época, que não era pelo meu valor mas eu tinha tido muitas lesões. Para um miúdo de 20 anos ouvir aquilo depois de ter ultrapassado tanta coisa para estar a 100%, depois de ter feito tantos sacrifícios. As ligamentoplastias não eram como agora, está tudo muito mais evoluído do que naquela altura. Mas o mister disse-me aquilo e é meu amigo até hoje. Falou comigo, claro que não gostei daquilo que ouvi mas tinha de aceitar e o mister foi honesto e frontal comigo.
O que fez a seguir?
Vim para Lisboa, não tinha clube, tinha tido uma época horrível, só joguei um jogo, com duas lesões no joelho passei um ano inteiro a fazer recuperação e hospitais. Para manter a forma falei com o mister António Dominguez, que na altura era o treinador do Olivais e Moscavide, e fui para lá treinar para ver como é que me sentia. O Olivais e Moscavide estava na II B e no final de uma semana de estar a treinar senti o joelho preso, a travar. Liguei ao doutor António Martins. Se fui profissional de futebol, a ele o devo. A ele e ao Gaspar, que me recuperou. Liguei ao doutor e contei-lhe o que é que se tinha passado Ele já me conhecia, já me tinha operado ao joelho quando eu estava no Benfica. Durante um tempo fui sempre falando com ele, para lhe contar o que é que se estava a passar, apesar de não ter sido ele a operar-me quando estive na Académica. Quando lhe ligo ele disse-me para eu passar no gabinete dele para me observar. Fui ter com ele ao estádio da Luz , ao futebol juvenil. As pessoas que me conheciam do futebol juvenil foram excelentes comigo. Ele disse-me para correr à volta do campo. Corria e quando chegava ao final, o joelho estava inchado, eu parava e o joelho ficava seco. E ele: "Vamos ter espreitar ai para dentro. Vamos ter que fazer mais uma artroscopia". Mais uma [risos].
Ainda tem joelhos?
[risos] Lá fui eu fazer mais uma artroscopia. Eu tinha o menisco interno desfeito. Nessa intervenção como levei epidural estava a ver no monitor e só perguntei: "Ó doutor, dá para continuar a jogar?"; "Dá, dá para continuar a jogar. Não te preocupes". Aspirou-me os fragmentos do menisco, limpou e recuperei. Como eu já não tinha contrato com ninguém, essa cirurgia…
Teve de pagar do seu bolso?
Paguei eu do meu bolso, mas o doutor António Martins foi fantástico comigo, disse-me que não se fazia pagar pelo trabalho dele, só paguei o bloco e a anestesista. Foi top comigo. É meu amigo até hoje, temos uma relação de amizade muito especial e ele sabe por tudo aquilo que passei. Lá recuperei, mas isto ainda se arrastou por algum tempo e em janeiro vou para o União de Coimbra.
Em janeiro de 1997?
Julgo que sim. Vou para o União de Coimbra e o treinador era o mister Manuel Bento que foi uma das grandes referências do Benfica também para mim. Ele conhecia-me e chamou-me. Tantas cidades para ir e tive de voltar outra vez a Coimbra [risos].
Foi viver sozinho?
Fui sozinho. Os jogadores solteiros do União de Coimbra viviam todos numa residencial. Mas o mais engraçado é que quando cheguei a Coimbra, quando vou para o União de Coimbra, o mister disse-me: "Eh pá vens cá treinar só três dias, só para ver como é que te sentes fisicamente, para as pessoas aqui do clube verem como é que estás e a seguir assinas até final da época". Tudo bem. Estou em Coimbra e no "Diário de Coimbra" sai uma notícia a dizer que eu tinha regressado a Coimbra, mas desta vez para o União. O que é que acontece? Um dia estou a sair do treino do União de Coimbra e alguém da Académica vem ter comigo e leva-me ao pavilhão da Académica porque o presidente, o Campos Coroa, que gostava muito de mim, queria falar comigo.
O que queria?
Isto aconteceu naqueles primeiros três dias em que eu ainda não tinha assinado. "Então ouvir dizer que vais para o União de Coimbra"; "Sim”; "Vou fazer-te uma proposta. Quero que tu assines pela Académica e seja emprestado ao Sourense"; "Como? Desculpem lá, mas não. Agradeço o convite, mas não. Se há seis meses eu não servia para a Académica porque tinha sido operado e porque não joguei e vocês estavam receosos daquilo que poderia ser a minha carreira, não faz sentido agora que estou bem... Não, eu agora vou para onde realmente me querem, onde me abriram a porta para eu voltar a jogar futebol". E despedi-me das pessoas. Desta vez foi a vez deles não ficarem muito contentes com aquilo que ouviram, ma eu não podia fazer uma coisa dessas. Quando cheguei à residencial, o mister Bento também vivia nessa residencial, fui ter com ele e disse-lhe o que se tinha passado. O Sourense era um clube satélite que por acaso estava na mesma divisão do União de Coimbra. "Quero que o mister saiba que nem que viesse agora outro clube qualquer, eu não ia, eu vou assinar pelo União de Coimbra porque o mister abriu-me a porta. Quero que o mister saiba disto". E ele: "Não te preocupes, eu já sabia que alguém da Académica te ia chamar, mas agradeço a tua atitude". E assinei até ao final da época com o União de Coimbra, o primeiro jogo que vamos fazer é em Soure, contra o Sourense. Ganhámos 2-0 e eu fiz um golo. E a partir daí joguei sempre até ao fim, nunca mais tive lesões e surge a hipótese do Maia.
São eles que entram em contacto consigo?
Para ver que no futebol também há pessoas boas. Foi o presidente do Maia, que era conhecido e amigo do presidente de União de Coimbra. Falaram entre eles, nesse ano o Maia tinha subido da II B à II Liga. O presidente do Maia perguntou: "Aí no União de Coimbra tens alguém que se destaque?"; "Temos o Rogério e o Ricardo Costa. Esta divisão é muito fácil para eles, eles têm que estar noutro patamar". E então fomos os dois, eu e o Ricardo Costa, do União de Coimbra para o Maia. Foi assim que aconteceu. Mas nessa altura eu já tinha empresário.
Quem era?
O Jorge Mendes, que ainda estava a começar.
Foi ele que o abordou?
Ele falou comigo sobre o Maia, mas eu já sabia desta conversa que tinha havido entre os presidentes dos clubes. Quando o Jorge Mendes me liga: "Rogério, tenho aqui uma situação para o Maia". Digo-lhe logo: "Jorge, já me foi transmitida essa situação por alguém do clube. Muito bem, quero ir. Vai ser bom para mim, é uma divisão acima". Nessa altura o Jorge já não tinha muito tempo, agora nem quero imaginar [risos].
Como foi essa época?
Foi excelente. Em 34 jogos do campeonato, fiz 32. Ficámos em 4º lugar na II Liga. O treinador era o Eduardo Luís.
Continuava solteiro e bom rapaz?
Sim, continuava solteiro e bom rapaz. Namorava mas ainda era solteiro, nem vivia junto, nem nada.
Tinha assinado só por um ano?
Não, assinei dois anos. Mas fiz uma grande época e o Campomaiorense entra em contacto a dizer que me quer. Chegaram a acordo com o Maia e eu fui vendido. Assinei três anos pelo Campomaiorense, recebia a tempo e horas, no Maia às vezes falhava um bocado.
Que tal a mudança para o Alentejo e para Campo Maior?
Bom quando chego a Campo Maior, eish... Enquanto ouvias uma música no rádio, davas três voltas à vila [risos]. Um calor brutal, fogo... Ao princípio foi um bocadinho difícil, estava habituado àquela agitação à volta do Porto. Mas entretanto saímos de lá para fazer estágio fora de Campo Maior e isso também ajudou um bocadinho. Depois de estar adaptado, adorei estar em Campo Maior, joguei lá dois anos e foi fantástico.
Estava em casa ou ia passear a Badajoz que era ali ao lado. Era uma cidade com 200 mil habitantes, já era mais parecido com aquilo que estava habituado.
Como treinadores teve o João Alves e o José Pereira e foram à final da Taça.
Sim, com o Beira Mar. Para mim foi muito bom, fiz muitos jogos no primeiro ano de I Liga e depois com a final da Taça…
Notou muita diferença das divisões por onde tinha andado para a I Liga?
Por exemplo, se tu na II Liga podes falhar três passes e desses três passes nenhum é golo, na I Liga falhas um passe e essa jogada dá perigo e dá golo. Essa é a diferença. As equipas preenchiam melhor os espaços, os jogadores eram mais experientes. Para mim foi excelente. Quando joguei a final da Taça foi dos dias mais felizes da minha vida desportiva. É dos jogos mais especiais que um jogador pode ter ainda, por cima jogando no Campomaiorense.
Um dos colegas de equipa que tinha era o Isaías, ex-Benfica, não era?
Sim, tinha o Isaías, o Mauro Soares que tinha jogado no Sporting e no Belenenses, o Vítor Manuel que jogou no Belenenses que é o pai agora daquele miúdo do Porto, o Vítor Ferreira que foi para o Wolverhampton; o Demétrius, o Luís Miguel que também tinha jogado no Sporting e no U. Leiria, o Quim Machado que agora é treinador de futebol, o meu querido amigo que faleceu há pouco tempo, o Basílio, que jogou no Vitória de Guimarães e no Campomaiorense. Uma boa equipa.
No ano a seguir tem Carlos Manuel como treinador. Gostou dele?
Gostei. Gostei muito de trabalhar com o João Alves e tenho de lhe agradecer porque ele é que me abriu as portas da I Liga. Cada vez que o vejo, digo: "Olha o meu pai da I Liga" [risos]. Mas também gostei muito de trabalhar com o mister Carlos Manuel. Tinham ambos processos de treino muito interessantes. Com o mister Carlos Manuel tínhamos um espírito de grupo muito bom, ele e o Francisco Agatão que fazia parte da equipa técnica, conseguiram fazer ali um grupo muito forte e muito unido. Treinávamos sempre nos limites.
Não faziam partidas uns aos outros?
Às vezes fazíamos umas palhaçadas com o massagista, que era um miúdo que andava lá connosco, e com o Canário, que era o roupeiro do Campomaiorense. E ficou famosa aquela história em que todos os jogadores do Campomaiorense raparam o cabelo porque o mister Carlos Manuel chegou ao balneário numa altura em que não estávamos a atravessar um bom momento e disse: "Para sermos solidários vamos todos rapar o cabelo". Fizemos um pacto e toda a gente rapou o cabelo. Os treinadores, o presidente, o roupeiro, o massagista, toda a gente rapou o cabelo, mas eu disse que não rapava. Eu não cortei o cabelo [risos].
Então?
Eu tinha uma gadelha enorme [risos]. Disse: "Ó mister, desculpe lá, façam o que quiserem. Deixar crescer a barba - eu também tinha muita - o bigode, o que quiserem. Cortar o cabelo, eu não corto"; "Lá estás tu, porque é que não queres cortar o cabelo?" E eu expliquei que cada vez que cortava o cabelo tinha uma lesão grave. Eu tinha o cabelo comprido, cortei e tive uma lesão grave. Depois quando vou para a Académica, tinha o cabelo comprido, no Amora, cortei, tive outra lesão grave... Nunca mais corto o cabelo, vou ter o cabelo grande até ao fim [risos]. Então ele disse: "Quem não corta o cabelo, sai do balneário e vai já para o campo". E eu saí. Pensei, bem sou eu o único, vai-me entalar, sou o rato que roeu a corda e disse-lhe: "Mister, você conhece-me melhor que ninguém, para estar solidário com a equipa não preciso de cortar o cabelo. Você sabe que eu dentro do campo morro lá dentro"; "Então sai daqui”. E mais não sei quê, ficou com um bocado de azia. Mas passado um tempo começaram a vir mais alguns, veio o Bruno Mendes, o Poejo e o Marco Silva, que é agora treinador e na altura era jogador de futebol [risos].
Também não quiseram cortar o cabelo?
Também não quiseram cortar o cabelo. Quando já estava o pessoal todo de cabelo curto, nós voltamos ao balneário para olhar para a cara deles, para ver as figurinhas, para ver como é que ficaram, estava lá um novelo de pêlo... Parecia que tinham estado a tosquiar umas dez ovelhas [risos]. E depois aquilo era muito estranho porque parecíamos uma equipa de doentes. Por causa do sol e da chuva a pele da cara fica mais escura e quando rapas o cabelo, o couro cabelo está muito claro. Nós fomos jogar um jogo ao Bessa, aquilo parecia sei lá o quê. Tínhamos vários equipamentos e um deles era listado à Sporting, só que as listas em vez de serem verdes e brancas, eram grená e amarelo, parecíamos a abelha Maia [risos]. Nós a entrar no estádio do Bessa para jogar contra o Boavista com aquele equipamento, e com as cabeças todas rapadas e depois vinha lá eu, o único cabeludo, aquilo parecia uma equipa de malucos [risos]. Está a imaginar o Abílio que jogou no Salgueiros de cabelo rapado, o Carlos Manuel de cabelo rapado, o massagista de cabelo rapado, toda a gente de cabelo rapado?
Foram gozados até dizer chega, não?
A gente ria-se uns com os outros. Depois tínhamos um central que era o Beco, começámos a gozar com ele: "Ó Beco, tu és muita feio". O Mickey que jogou na Académica também de cabelo rapado [risos]. Mas aquilo foi uma maneira que o mister achou de dar uma pedrada no charco. Ele tinha um método de treino muito bom. Treinávamos e jogávamos sempre a um ritmo muito alto.
Tinha mais um ano de contrato com o Campomaiorense mas ruma até ao Vitória de Guimarães. Explique como tudo aconteceu.
O Vitória já estava interessado em mim quando eu estava no Maia.
Nessa altura não foi porquê?
Eu sabia do interesse, só que o Campomaiorense ganhou a corrida, chegou-se à frente mais cedo, foi mais rápido. Eu não tinha nenhuma proposta oficial do Vitória. Desta vez sabia do interesse do Vitória e fui para o Vitória. Na minha cabeça estava a subir mais um patamar e já estava a ir para um clube com outra exigência. Quando cheguei ao Vitória tive a perfeita noção de que estava a chegar a um clube grande.
Quem era o treinador na altura?
O Paulo Autuori.
Que tal?
Não gostei. Não gostei de trabalhar com ele, ponto. Porque quando sou contratado para o Vitória, sou contratação do presidente e quando o Autuori veio trouxe com ele muitos brasileiros. Não está em causa a nacionalidade. O Pimenta Machado foi-me buscar a mim e ao Abel que é agora treinador do PAOK, ao Penafiel; Os outros jogadores, uns transitaram da época anterior, poucos, e o grande número foram os que vieram com o Autuori. Depois veio o Álvaro Magalhães.
Gostou dele?
Tinha bons métodos de treino, acho que treinava bem. Depois ele sai e vem o mister Inácio, o treinador com quem treinei mais tempo, e gostei muito de trabalhar com ele. Elevou muito a minha fasquia naquilo que é o treinar e o jogar e a exigência; ele vinha de um ano em que também tinha sido campeão pelo Sporting, onde havia exigência máxima e ele conseguiu incutir isso em nós. Foi um ano muito difícil em Guimarães, tivemos três treinadores e conseguimos safar de descer de divisão na ultima jornada. Um clube como o Vitória nunca pode estar nesse tipo de registo.
Nessa época há dois momentos marcantes. Um é o jogo em que faz um autogolo, mas onde acaba por marcar para o empate com o FC Porto.
Isso foi na segunda volta, no jogo em casa com o FC Porto. Foi um jogo extremamente marcante para mim. As coisas não estavam a correr bem a todos e particularmente a mim, a exigência era muito grande porque a massa associativa sabia que o Vitória tinha dado um valor substancial por mim ao Campomaiorense. As pessoas caíram em cima de mim, apesar de nada estar a correr bem à equipa. Tem de haver sempre um alvo. Há um canto contra nós, eu faço autogolo e só pensei: "Vão matar-me aqui hoje à saída do estádio". Fiquei um pouco revoltado, porque nesse jogo as coisas até me estavam a correr bem. O jogo continua a decorrer. A bola vinha para mim e os adeptos assobiavam e eu nunca me escondi no jogo, pedia sempre a bola. Porque se me escondesse aí é que as pessoas tinham motivos para assobiar e cada vez mais, por isso tens de mostrar personalidade. Eu dizia: "Passa-me a bola, passa-me a bola". Para assumir o jogo e querer fazer melhor. Entretanto nós empatamos. O Pena, que joga no FC Porto, faz o 2-1, e eu depois faço o 2-2. Um livre indireto, chutei à baliza a bola bateu no ângulo e entrou.
Redimiu-se.
Parecia que tinha saído de cima dos meus ombros o D. Afonso Henriques [risos]. A partir daí as coisas viraram. É o tal clique que estava a precisar para me libertar do que estava a sentir e a passar, porque antes de sermos jogadores de futebol somos seres humanos e sentimos como qualquer pessoa.
A outra situação tem a ver com o famoso professor Alexandrino.
[risos] Era um ano de jogos de classificação difícil e foi-nos passada a informação de que vinha um psicólogo falar connosco para nos libertar um pouco daquela pressão. Marcaram connosco às dez da noite no Complexo do Vitória e disseram-nos para entrarmos pela parte de baixo porque iam lá estar muitos jornalistas, para não fazermos barulho por causa da comunicação social. Estamos todos no balneário à espera de ver quem era o psicólogo, tudo a dizer uns para os outros: “Eh pá, não façam barulho". De repente entra-me o Alexandrino no balneário de megafone e diz assim: "Boa noite, eu sou o Alexandrino". Começa-se toda a gente a rir [risos].
E depois?
O Alexandrino era incrível. Depois um a um, punha a mão na cabeça e dizia: "Vou tirar-vos as cargas negativas, o meu corpo vai absorver todas as cargas negativas para vocês se libertarem". E o pessoal todo a rir. Houve outro dia em que levou para lá umas cornetas gigantes que eram dos guerreiros e mais não sei quê e nós tocávamos aquela cena no balneário e tambores e não sei quê, para nos libertar daquela pressão.
Vocês tinham de alinhar?
Quem acreditava naquilo alinhava, quem não acreditava saía do balneário. Eu tinha colegas que eram Atletas de Cristo, que não acreditavam naquilo... [gargalhada] Eu ri-me tanto nessa altura, meu Deus. Havia um brasileiro, o Evandro, que um dia passou pelo Alexandrino e disse [faz sotaque brasileiro]: "Você é o Satanás, vade retro Satanás" [risos]. Uma vez estávamos a treinar à porta fechada e houve um diretor que chegou ao pé dele e pediu ao Alexandrino para o hipnotizar porque queria deixar de fumar. O Alexandrino virou-se para ele: "Então vou-te hipnotizar e quando acabar não vais fumar mais". E nós todos à volta a ver, em silêncio. Lá começou a hipnotizar o nosso diretor e às tantas: "Agora levanta-te e não fumas mais". Ele levantou-se, nós fomos treinar e o diretor sentou-se no banco a ver o treino, passado, nem cinco minutos, pegou num cigarro e acendeu. Era tudo a rir. Enfim. E nós no jogo com o Belenenses? Recebemos o Belenenses em casa e o Alexandrino diz: "Quando vocês entrarem em campo com o Belenenses vou lá estar em cima na bancada e vou tocar esta corneta que é o som dos guerreiros e que eles tocavam sempre antes de ir para as batalhas e para as guerras". Entramos em campo e começamos a ouvir lá em cima o Alexandrino a tocar a corneta [risos]. Eu só pensava: "Eu não acredito que isto é verdade". E houve mais histórias. Até que houve uma altura em que o Pimenta Machado dispensou os serviços dele.
Porquê?
Nessa fase final nós íamos à Madeira jogar e o Alexandrino queria levar um piano no avião. Ele queria ir connosco para estar com a equipa mas disse que tinha de levar um piano que era um piano específico dele, que tinha de ser aquele piano. E o Pimenta Machado está bem... A partir daí já não ficou mais tempo connosco.
Ainda são três épocas e meia com Inácio e é com ele que conseguem o 4º lugar em 2002/03.
O mister Inácio, como já disse, elevou muito a fasquia. Nesse ano tínhamos uma equipa fantástica jogávamos um futebol de topo. À 9ª jornada íamos em 1º com o FC Porto. Jogávamos de uma maneira diferente, com três defesas, eu não jogava como lateral esquerdo, jogava como terceiro defesa. Inúmeros jogadores dessa equipa foram à seleção A nesse ano.
Quando volta a ser chamado à seleção?
Então, eu fui chamado nos sub-18, volto a ser chamado nesse ano para a seleção B. Fizemos um torneio em Abrantes, em que ganhamos na final aos EUA. E no mesmo ano sou chamado à seleção A, em 2003. Nesse ano fiz os jogos todos oficiais do Vitória.
Gostou de Scolari?
Gostei.
Sim, porque estávamos a preparar o Euro 2004 para o qual estávamos automaticamente qualificados. E depois não fui chamado para o Euro.
Na época seguinte o Inácio sai porquê?
Nós começamos mal a época. Começamos com uma vitória mas depois fizemos sete jogos sem ganhar, há a chicotada e vem o mister Jorge Jesus.
Completamente diferente de Inácio.
O mister Jorge Jesus foi topo, mesmo topo. Tem uma maneira muito própria de criar os treinos. A maneira como ele leva as coisas e os posicionamentos, em todos os momentos do jogo, é ao milímetro. Fogo, foi muito bom mesmo.
Vários jogadores afirmam que é muito bruto a falar com os jogadores durante os treinos.
Mas no futebol não vais pedir "olhe, por favor, não se importa..." Eu sei o que querem dizer, mas se quer que lhe diga, prefiro um treinador assim do que um treinador que não fale. E se ele fala da maneira que fala é porque acha que tu ou o grupo de trabalho têm capacidade para dar mais. Para mim era pior quando eles não falavam. Quando eles não falavam é que era de ficar preocupado.
Sente que cresceu como jogador com ele?
Cresci com todos os treinadores que tive. Acho que não vieram por acaso e com todos fui crescendo mesmo com aqueles com quem não jogava tanto e que foram poucos. Mas realmente o Inácio de uma maneira e depois o Jesus para complementar, pessoalmente foram importantes. Se calhar foi com eles os dois que cheguei ao topo. Mas, para mim, o melhor treinador que tive foi o Jorge Jesus.
Nessa época há o jogo em que Fehér cai no chão inanimado, acabando por falecer. Estava nesse jogo. Como viveu aquele momento?
O último lance que ele disputou foi comigo. Foi muito estranho. Para quem está dentro do campo é um baque. Para quem esta a ver pela televisão já é, imagina quem está dentro do campo. A melhor maneira que tenho para descrever é que quando vou disputar um lance com ele, a bola sai e há lançamento lateral, vamos corpo a corpo e tu tens a sensação que estás a bater numa parede e passado um segundo vais fazer o lançamento lateral vês ele a cair e parece um passarinho. Isso aí foi o que me marcou mesmo muito. Foi horrível. Depois tudo aquilo que se passou a seguir, as pessoas a tentarem reanimá-lo, fogo, foi muito traumatizante. Lembro-me que comecei logo aos pulos a chamar as pessoas “entra, entra, entra” para os médicos entrarem dentro do campo, muitos jogadores foram a correr para junto dele para o virarem. E foi o que foi. Para mim esse jogo nem devia ter chegado ao fim, devia ter acabado logo ali.
Quando ele saiu do campo tinham percebido já que estava morto?
Quando ele sai dali acho que a gente percebe que já não volta. Só que depois há informação e contra-informação. Saímos todos dali, nós do Vitoria com os jogadores do Benfica, e fomos todos para o hospital. Foi um dia terrível, terrível...Terrível.
Continuava solteiro?
Não, quando vou para Guimarães no ano 2000, casei. Já nos separamos. Entretanto tivemos duas filhas que nasceram em Guimarães, a Adriana e a Lara que têm agora 18 e 13 anos.
Voltando à carreira, na época 2004/05 teve Manuel Machado como treinador. Uma figura mítica do futebol português.
[risos] O Manuel Machado teve a inteligência de perceber que tinha de lidar com um grupo com personalidades muito fortes. Esse foi histórico porque conseguimos chegar à Liga Europa. Naquele ano em que ficamos em 4º lugar com o Inácio tive muita pena de não chegarmos lá porque iam três clubes às competições europeias e só ia um à Liga Europa e se não me engano foi o Sporting. Nós disputamos o 3º lugar até à última com o Sporting. Essa equipa merecia sem dúvida ter ido à Liga Europa. Mas esse ano com o Manuel Machado também era uma equipa muito forte e em janeiro ainda vieram jogadores do FC Porto como o César Peixoto e o Marco Ferreira. Foi o ano em que o Assis sai do Vitória, vai para o Benfica e acaba por ser campeão com o Trapattoni. Na 2ª volta penso que fizemos mais pontos do que o Benfica e o Benfica foi campeão. Acabamos em 5º lugar e fizemos história porque o Vitória já não ia às competições europeias há 12 anos e um clube como o Vitória tem de estar sempre nas competições europeias. O último jogo que fizemos e que nos dava acesso à Liga Europa foi uma coisa impressionante, em Guimarães, a jogar contra o Boavista, foi arrepiante.
Mas na época seguinte acaba por não jogar tanto.
Jogo quase todos os jogos com o Jaime Pacheco que entretanto entrou e depois com o Vitor Pontes deixei de jogar.
Porquê?
Eu sei porquê mas não vou dizer aqui. A única coisa que eu sabia é que com o novo treinador eu não ia jogar. Já sabia isso de antemão. Por isso alguma coisa se passou. Se eu joguei sempre com todos os treinadores que tive até ali...
Tem a ver com as forças extra futebol de que muitas vezes se fala sem concretizar?
Pronto. Eu já sabia que não ia jogar [risos]. Tinha essa informação e era fidedigna, confirmou-se.
O que é que um jogador faz perante isso? O que fez?
Eu nunca questionei nenhum treinador porque não jogava nem porque jogava. Eu tinha essa informação e comprovei que era verdade e não gostei nada de trabalhar com o Vítor Pontes. Não por não ter jogado, porque houve treinadores com os quais não jogava e reconheço mérito na maneira como treinavam e no trabalho que faziam.
E do Jaime Pacheco, gostou? Mesmo das tareias físicas que ele tem fama de dar?
Gostei. Isso tudo faz parte de uma metodologia de treino. Em termos de carácter e de personalidade adorei o Jaime Pacheco.
Quando percebe que com o Vitor Pontes não joga, estava no último ano de contrato com o Vitória?
Estava. Era o ano do Mundial na Alemanha e eu tinha esperanças de ir a esse Mundial. Eu próprio tracei esse objectivo ou essa crença para mim, se estivesse a jogar. Tanto que para o Mundial da Alemanha só foi o Nuno Valente como lateral esquerdo de raiz.
Mas não chegou a ser chamado para nenhum jogo de preparação ou qualificação.
Não, mas tinha essa esperança, meti na cabeça. Como já tinha ido à seleção e como fazia parte daquele grupo e daquele geração, jogando num clube como o Vitória estaria mais perto, porque o Rui Jorge se não me engano a seguir ao Euro 2004 abdicou da seleção, só estava o Nuno Valente. Claro que havia mais defesas esquerdos com potencial para ir à seleção mas o que é um facto é que nós vamos ao mundial apenas com o Nuno e vai o Ricardo Costa que pode jogar como defesa esquerdo mas é central e vai o Caneira que é central de origem mas também fazia aquela posição de defesa esquerdo. As aspirações da minha parte penso que eram legítimas.
Acha que não foi precisamente por não ter jogado?
Sim, não jogando ficava muito mais difícil. E confirmou-se na 2ª volta só fiz um jogo porque o Paíto veio de empréstimo para o Vitória para jogar à minha frente e não como lateral, na perspetiva do Jaime Pacheco. Depois quando o Jaime saiu e veio o Vítor Pontes o Paíto veio para jogar a defesa esquerdo e eu nunca joguei.
Eu sabia que já não ia renovar, por portas e travessas. Enfim, aquilo em relação a mim foi tudo muito estranho, nem percebi. Quer dizer, eu percebi, mas não consigo entender nem consigo perdoar tão pouco. Eu fiquei um pouco desmotivado e não quis sair principalmente por um motivo e é a primeira vez que estou a falar nisto: eu tive proposta para sair para outro clube da I Liga, não vou dizer qual, e não quis sair devido ao trajeto que tinha no Vitória, aos anos de clube que tinha, senti que se saísse nessa altura em que estávamos cá em baixo na linha de água, mesmo não estando a jogar, iria estar de alguma maneira a trair o clube e os meus colegas. E preferi não sair. Essa foi a verdadeira razão porque não quis sair do Vitória a meio dessa época.
Hoje está arrependido dessa decisão?
Não, não estou.
O que aconteceu depois?
Chegamos ao final da época. Eu saio e vou para o Standard Liége.
Foi o Jorge Mendes quem lhe arranjou o clube?
Não, eu aí já não tenho o Jorge Mendes. O Jorge Mendes depois seguiu a vida dele, ele não tinha tempo. Quando fui para o Campomaiorense já tinha como empresário o Rui Neno. Mas quem me traz a proposta do Standard é o Nelson Almeida, que tinha trabalhado com o Rui Neno. Eu nessa altura já não tinha empresário.
Era uma coisa que ambicionava, uma experiência profissional fora de Portugal?
Sim, era uma coisa que queria muito. E quando o Nelson me ligou a dizer que o treinador do Standard, que era holandês [Johan Boskamp], me queria porque já me tinha visto jogar e gostava de mim, eu disse que sim.
Foi sozinho para a Bélgica ou foi com a família?
Fui com a família, ainda não estava separado.
Como foi a adaptação? Sabia francês?
Para mim foi muito bom. Eu já sabia falar francês porque a minha primeira língua na escola foi o francês e não inglês. E depois foi muito bom porque Liége é a zona francófona da Bélgica, mas lá só falas inglês ou flamengo. Flamengo é horrível não percebo nada [risos]. Deu para melhorar o inglês, e como há muitos italianos também deu para ir aprendendo algumas coisas de italiano. Nesse aspeto foi muito enriquecedor.
E o futebol, muito diferente de Portugal e do que estava à espera?
O campeonato é mais físico. Era um jogo mais direto naquela altura.
Jogou com outros portugueses na equipa, como Sérgio Conceição e Sá Pinto.
Sim. O Sérgio Conceição que já lá estava, e cheguei eu o Nuno André Coelho, o Sá Pinto e o Areias.
Costumavam encontrar-se fora do clube ou estava cada um na sua vida?
Eu, o Areias e o Sérgio vivíamos os três no mesmo condomínio. O Areias até vivia no mesmo prédio que eu. Íamos de manhã para o treino juntos. E com a ajuda do Sérgio que já lá estava também foi mais fácil a adaptação.
Porque não continuou na Bélgica?
Tivemos dois treinadores. O Boskamp foi quem me quis lá. Depois veio o Preud'homme e eu tive uma lesão no tendão de Aquiles que me impossibilitava de jogar. Entretanto, eles queriam que eu fizesse uma cirurgia e eu não queria. Quis primeiro ter uma opinião em Portugal porque eu tinha vários focos de inflamação. Houve até um jogo particular, na paragem dos jogos para as seleções, em que falei com o Preud'homme, disse-lhe que tinha o tendão um bocado dorido, que me doía a treinar e a jogar, mas mesmo assim ele quis que eu jogasse, parecia que íamos jogar a final da Liga dos Campeões, afinal de contas era só um jogo particular. E nesse jogo que perdemos eu fiz um autogolo, a bola bateu-me na perna e entrou e a partir daí o Michel nunca mais contou comigo. Se fosse hoje se calhar pensava de outra maneira e ficava lá os três anos de contrato. Na altura só pensava que para ser feliz tinha de estar a jogar e a dar o meu contributo, só que já tinha 31 anos e devia era ter pensado nos anos que tinha de contrato e que se não jogasse com aquele treinador ia jogar com outro. Fiz mal. A única decisão que me arrependo no futebol foi essa, de ter rescindido o meu contrato com o Standard. Porque depois vim a Portugal saber a opinião do Dr. Noronha com a autorização do Standard e ele diz-me que não precisava de ser operado.
O que fez?
Fez um tratamento experimental, acho que fui o primeiro ou o segundo em Portugal a fazer aquele tipo de tratamento e resultou na perfeição. Não foi preciso ser operado porque ser operado ao tendão de Aquiles com 31 anos era a mesma coisa que dizer acabou a carreira. Ele resolveu o problema e não tive mais problemas de lesões.
Como surge o Rio Ave?
Surgiu outra coisa antes. Como eu era um jogador livre, tinha rescindido o meu contrato antes de 30 de maio, apareceu a hipótese de ir para a Académica em novembro. A Académica queria um defesa esquerdo e tinha de ser inscrito naquela altura. Eu disse que sim. A FPF considerava-me um jogador desempregado, mas a Liga não. Só em Portugal. Ou seja, eu podia ser inscrito em qualquer campeonato da Europa menos no meu.
Como assim?
Isso foi tudo abafado e depois essa lei foi alterada. Já explico. Ou seja, por ser eu a rescindir, uma vez que ainda tinha dois anos de contrato, só podia ter o estatuto de desempregado se tivesse rescindido antes de 30 de maio, que foi o que fiz. A FPF validava por isso a minha inscrição mas a Liga não porque a interpretação da Liga de Clubes era diferente da FPF e quem organizava o campeonato da I Liga é a Liga de Clubes. O que era mais estranho aqui é que o Dr. Hermínio Loureiro desempenhava funções na FPF e na Liga. Ou seja, ele entrava na FPF e dizia que eu podia ser inscrito; entrava na Liga e dizia que não. Não faz sentido. Na altura expus o meu caso ao Sindicato de Jogadores e até houve uma conferência de imprensa que dei no Sindicato. Mas acabei por não ir para Académica. Não consegui ser inscrito. Tive de esperar pela janela de transferências de janeiro. Só que nessa altura a Académica já não me quis contratar, porque entretanto já tinham planos para outro jogador; o que eles queriam era mesmo no imediato resolver o problema. E depois apareceu o Rio Ave e fui para lá com muito gosto, porque eu queria era jogar independentemente de ser II Divisão. É incrível, no ano no Standard jogamos a pré-eliminatória da Liga dos Campeões e no ano a seguir estou a jogar na II Divisão em Portugal.
Joga duas épocas no Rio Ave e depois pendura as botas. Foi decisão sua?
Eu não decidi pendurar as botas. Eu acabo a época com muitos jogos na I Liga, fiz um campeonato muito bom. Dividi o lugar com o Silvio. Acabou a época e nunca mais ninguém do Rio Ave me disse nada. Ainda estou para perceber, pelo menos podiam ter chegado ao pé de mim e diziam: "Rogério, o perfil de jogador que queremos para o ano é um jogador mais novo para projetarmos, para vender", qualquer coisa. Mas pronto, acabou. Saí do Rio Ave, tinha 34 anos, sentia-me bem para jogar mais dois anos no mínimo, mas por esta ou por aquela razão, quando as pessoas falavam no meu nome as reações eram: "Esse jogador é muito caro, ele é internacional A, vai querer vir para aqui ganhar um balúrdio" e então nem proposta faziam, ficava logo descartado. Eu não me importava de jogar na II Liga, já não jogava para fazer o contrato da minha vida, queria jogar porque me sentia bem e gostava de jogar.
Foi bater a algumas portas?
O Nelson Almeida começou a tratar das coisas para mim e as situações com que nos deparávamos eram essas, se não era da idade, é porque já tinha sido operado aos joelhos, ou isto ou aquilo. Depois também estabeleci uma meta, se até à janela de janeiro não encontrasse nada, ia desistir. Foi o que aconteceu. Se calhar se fosse nos dias de hoje e como está o campeonato português ainda era contratado por alguém. Este ano voltaram aí uns veteranos com muita qualidade ao nosso futebol.
Quando se dá conta que tinha de pendurar as botas, já sabia ao que queria fazer no futuro?
Sabia, queria ficar ligado ao futebol de alguma maneira. E quando acabei o futebol o Nelson Almeida fez-me o convite para trabalhar na empresa dele.
Não lhe passava pela cabeça ser treinador?
Não, nunca me passou, apesar de ter o curso desde 2006. Talvez adjunto. Sabes que os jogadores de futebol são muito egoístas, muitas vezes não percebem o que é estar do lado de lá na cabeça dos treinadores, e por isso quis ir tirar o curso também para me colocar no lugar dos treinadores e tentar entendê-los em algumas decisões que tomavam. Foi mais por aí. Eu sempre me vi mais como diretor desportivo, team manager, fazer a ligação entre a equipa de futebol e a direção.
De lá para cá o que foi fazendo?
Entretanto acabei o 12º ano, fiz formação de direção desportiva no Porto, tirei formação de dirigente desportivo em Guimarães e fui trabalhando com o Nelson. Entretanto separei-me, comecei uma nova vida e voltei para Lisboa. Tirei cursos de formação na Lusófona de visualização e análise de jogadores para clubes e seleções; há pouco tempo fiz formação de direção técnica, na Universidade Europeia. E tenho de fazer as formações para validar os créditos e não perder a licença de treinador de segundo nível. Quando voltei para Lisboa, em 2012, saí da empresa do Nelson. Entretanto surgiu o convite da BTV através do Hélder Conduto e fiquei por lá até hoje.
Tem mais algum objetivo em mente?
Eu gostava de trabalhar como diretor desportivo, de ter um papel numa estrutura. Não dentro de campo, mas com ligação ao campo. É para isso que sinto que tenho vocação. Não me estou a ver muito como treinador porque estes têm que ter uma qualidade muito especial, têm que ter certos requisitos que acho que não tenho na minha personalidade.
Como por exemplo?
Acho que têm de ter uma paciência e uma capacidade mental brutal para lidar com muitas personalidades. Não é fácil estar perante um grupo de trabalho todos os dias a dar a cara e todos os dias ter um pulso firme para que as coisas corram bem.
Onde ganhou mais dinheiro?
Na Bélgica.
Investiu em quê?
Em imobiliário.
Tem algum hobby?
Extra futebol gosto muito de cinema. E de bricolage. Estive a recuperar umas coisas antigas e a pintar e distraí-me um bocado com isso na primeira vaga em que tivemos de ficar todo em casa por causa da covid.
Pratica alguma desporto?
Jogo futebol uma vez por semana, com umas caras bem conhecidas. E tinha por hábito ir ao ginásio, mas agora faço exercício ao ar livre, por causa da covid.
É um homem de fé?
Tenho a minha fé e acho que Deus está dentro de nós, não está em igrejas.
Tem ou teve alguma superstição?
Jogava sempre com uma medalha que eu tinha e fazia as minhas meditações sozinho. Devido ao histórico que tive e por estar também a atingir coisas importantes, o único medo que tinha era de voltar a lesionar-me, então era mais por isso.
Qual foi a maior extravagância que fez?
Nunca fui muito de extravagâncias. Quando fui para o Vitória, assinei um contrato razoável e como sempre gostei do modelo TT da Audi, comprei um, cabriolet.
Tatuagens, tem?
Tenho cinco. A primeira que fiz foi mais para estar solidário. Foi lá em Campo Maior, fomos todos fazer uma tatuagem. Metemos na cabeça, agora vamos a Badajoz a uma casa de tatuagens e cada um escolhe uma. Eu gostei de um dragão tribal e tatuei. Campo Maior marcou uma fase da minha vida e quis tatuar essa fase. Depois tenho o nome das minhas filhas em cada braço escrito em árabe e data de nascimento delas em numeração romana.
Qual foi o seu adversário mais difícil? Aquele que lhe dava mais trabalho?
Se for a contar com o Figo, que apanhei nos jogos treino da seleção, se calhar digo que é ele. Mas não era meu adversário propriamente, porque nos jogos era companheiro de equipa. Em relação ao nosso campeonato, um com quem não me dava muito bem era com o Geovanni do Benfica. Ele levava sempre a bola muito colada ao pé.
Qual o clube de sonho onde gostava de ter jogado?
O Borussia Dortmund. É o meu clube, é o clube de que mais gosto na Alemanha, acho que há um ambiente fantástico naquele estádio. Se fosse em Inglaterra, seria no Tottenham.
Algum outro desporto que goste de seguir para além do futebol?
O hóquei em patins."
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