Últimas indefectivações

sábado, 29 de fevereiro de 2020

Seja Onde For... Entroncamento...

Bello: Shakhtar (completo)...

Parabéns...

São 116 anos de títulos: escolham um

"Caro Glorioso,
Escrevo-te por ocasião do teu 116.º aniversário, com o principal intuito de te parabentear: muitos parabéns! Parece que foi ontem que a Farmácia Franco viu Cosme Damião dar à luz aquele que viria a ser o maior de Portugal, naquele domingo 28 de Fevereiro, ano bissexto de 1904, decorria o reinado de D. Carlos I, antepenúltimo rei de Portugal (seguiram-se D. Manuel II e Eusébio da Silva Ferreira). Parece que foi ontem por uma miríade de razões. Eu destaco duas: o tempo que não anda, corre, e os jogadores que não correm, andam.
Parece que foi ontem que nasceste, Benfica, tal foi a displicência e a ingenuidade demonstrada ontem por uma equipa que não quis nem soube ganhar; que não quis nem soube honrar minimamente 116 anos de história, muitos deles passados a cravar o nome Sport Lisboa e Benfica na Europa.
Muitos deles passados… Ah, todos eles passados… Passados… Perdoa-me a pungência das minhas palavras e o desvio da narrativa, mas tinha que tirar isto do peito. Eu compreendo a natural tendência de olhar para trás no dia de aniversário, mas está na hora – na verdade, já tarda – de olhar para a frente.
Os nossos anos gloriosos não podem estar confinados ao século passado. O “Glory Days” do Springsteen não pode ser o nosso novo hino: chega de olhar com nostalgia para os “glory days” que lá vão; vamos em busca dos que estão por vir. Foi também com o objectivo de te tentar dar este “abanão” que decidi escrever-te. Peço-te, então, que subvertas as palavras de Edmund Burke. O filósofo irlandês afirmou que “quem não conhece a história está condenado a repeti-la”.
Mas é preciso repeti-la, Benfica. É o momento de conhecer a nossa história para repeti-la. Ainda que Burke não goste, ainda que o seu fantasma venha assombrar-nos, temos que reverter o pensamento que a citação do irlandês encerra. E, sejamos sinceros, entre o fantasma de Burke e a maldição de Guttmann, que venha o primeiro.
O futebol está bem diferente, bem sei; no entanto, com certeza haverá no nosso passado algo que poderá ser replicado ou adaptado no presente para dar frutos no futuro. Algo como a mística, a crença e a raça tantas vezes incorporada por Humberto Coelho, algo como o virtuosismo e a classe de Chalana, algo como a veia goleadora de José Águas ou de Eusébio (no caso de Eusébio não era uma veia, era um sistema cardiovascular completo).
Não será fácil, mas “se fosse fácil não era para nós”, já dizia Rui Vitória (é estranho: não estamos a jogar grande coisa, ganhámos um jogo nos últimos seis e mesmo assim ainda não tenho saudades dele, como preconizado no “Programa da Cristina”). Ainda assim, nós, benfiquistas, tudo faremos para tornar tudo mais alcançável, ainda que o “Inferno da Luz” me pareça “coisa do passado” (apesar da expressão ser atirada aos quatro ventos por quem, claramente, não viveu, nem ouviu falar do real “Inferno da Luz”).
Aproveito para te pedir para que, nos entretantos, não descures todo o ecléctico universo que te compõe. Temos condições para nos impormos em todos os panoramas desportivos nacionais e em alguns europeus (casos do hóquei e do futsal, em ambos os géneros, e do voleibol masculino). Além disso, é necessário construir uma marca forte e com capacidade de expansão – algo que creio já estar em curso.
Sei que te peço muito (e que nada me deves) – e muito mais tinha a pedir -, mas faço-o por te saber capaz e por acreditar que a concretização dos meus pedidos deixaria milhões extasiados. No entanto, não esqueço o principal motivo da minha epístola: 28 de Fevereiro é, e sempre será, dia de festa e de celebração, incondicionalmente. Porque é dessa forma que vivo a minha paixão por ti.
Muitos parabéns pelo 116.º aniversário, que sejas muito feliz, Sport Lisboa e Benfica! A tua felicidade é, verdadeiramente, a minha. E a de milhões. 
 Até sempre e para sempre,
Um orgulhoso benfiquista"

Qual o papel do desporto na promoção dos direitos humanos?

"O ‘Caso Marega’, e a subjacente discriminação em razão da raça, convoca-nos também para o debate da necessidade de os palcos desportivos servirem para a promoção da defesa dos direitos humanos, assentes no pilar da dignidade da pessoa humana, sendo o desporto, ele próprio, um direito humano, como o qualifica a Carta Olímpica.

A verdade é que, sem prejuízo de assinaláveis conquistas nas últimas décadas, assiste-se ainda a sistemáticas violações de direitos humanos em contexto desportivo.
Há, desde logo a assinalar e a lamentar fenómenos de discriminação, incidindo essencialmente em segmentos da população mais vulneráveis - falamos de categorias de seres humanos que englobam pessoas marginalizadas, com estatutos pessoais diminuídos, a quem, por diversas razões, se colocam múltiplas barreiras.
A discriminação em razão da raça, ao nível do acesso e desenvolvimento das competições desportivas, para além de actos racistas perpetrados por atletas e por espectadores, são uma realidade que teima em persistir.
Ao nível das mulheres, ainda se assiste a fenómenos de restrições no acesso à prática desportiva, da base ao alto rendimento; há ainda mulheres proibidas de assistir a eventos desportivos em estádios; subsiste o fosso entre homens e mulheres no pagamento de salários ou prize money; há mulheres cujas modalidades ou disciplinas, contrariamente ao que sucede com os homens, não fazem parte do programa de eventos desportivos, como o recente caso que envolveu a nossa brilhante atleta da marcha, Inês Henriques. E que dizer do recente caso Semenya, em que as regras da IAAF afrontam o direito ao desporto, ao restringirem de forma discriminatória, arbitrária e desproporcionada (ainda que, claro, a ética desportiva, a integridade das competições, sejam, por si, fundamentos bem razoáveis), a elegibilidade para participação de certas mulheres em determinadas competições?
Há também discriminações em razão da deficiência. Alguns exemplos: organizações desportivas que se recusam a oferecer condições de treino e/ou de participação em actividades desportivas recreativas ou competitivas; o desrespeito pelas legislações das acessibilidades, inibindo, por exemplo, o acesso de quem tenha mobilidade reduzida/condicionada às infraestruturas desportivas, ou não assegurando condições de segurança e comodidade; diferenças salariais; diferenças na cobertura mediática dos eventos.
Por outro lado muitas crianças ainda são vítimas de abusos sexuais, sobrecarga intensiva de treino ou trabalhos forçados, para além do flagelo do tráfico de crianças com fins desportivos.
Não se compreende também que em pleno século XXI proliferem discriminações com base na orientação sexual ou, num plano mais amplo da comunidade LGBTI, em torno de atletas transgéneros.
De igual modo, muitas vezes em nome da saúde pública, da ética desportiva e da integridade desportiva, regras desportivas colocam em crise o direito à nacionalidade (‘nacionalidade legal’ vs ‘nacionalidade desportiva’), a reserva da vida privada (por exemplo, em matéria de dopagem - controlos antidopagem fora das competições ou o sistema dos whereabouts – ou os regulamentos internos de clubes que privam os atletas de ter vida pessoal) e/ou a dignidade da pessoa humana.
Por outro lado, os atletas são ainda privados (por vezes de forma arbitrária, não proporcional) de alguns dos seus direitos fundamentais, para se proteger os (legítimos, é certo) interesses desportivos e comerciais dos organizadores dos eventos desportivos: por exemplo, para se proteger as “propriedades Olímpicas” ou se combater fenómenos como o ambush marketing, urge restringir a liberdade de expressão de atletas ou espectadores.
Acresce que a organização de alguns (mega) eventos desportivos envolve, por vezes, trabalho infantil; morte de trabalhadores por sobrecarga intensiva de trabalho ou ausência de regras técnicas, de saúde e de segurança; deslocalização de cidadãos proprietários de terrenos nas zonas onde o evento vai decorrer; restrições aos jornalistas relativamente às críticas que possam querer fazer relativamente às cidades de acolhimento dos eventos desportivos.
Num outro plano, se não houver razões de segurança dos atletas ou de igualdade no uso de equipamento/material desportivo entre atletas, a proibição do uso de algumas roupas com conotação religiosa – como o véu islâmico- pode ser atentatória da liberdade de pensamento, consciência e religião.
Refira-se também que práticas como o obrigar um jogador a treinar à parte – sem fundamento médico ou disciplinar – configura um assédio moral que restringe o direito ao trabalho, o qual também é violado se e quando se aplicarem sanções disciplinares desproporcionais ou se se criarem barreiras injustificadas a transferências.
Mencione-se ainda casos de intimidação e/ou detenção de defensores de direitos humanos quando se reúnem para se manifestarem – o que pode consubstanciar violação à liberdade de reunião – ou normas que forcem à constituição de associações como requisito para a obtenção de um qualquer direito/apoio – que suscita questões no ângulo da liberdade de associação.
Mais: à revelia da proibição de tortura, por vezes há atletas que são forçados a recorrer à batota, manipulando resultados de jogos em que participam – tratamento degradante – sob ameaça de sofrerem severas consequências; e ainda acontece, felizmente episodicamente, que um fã seja torturado por usar o equipamento de uma equipa adversária…
Por último, assinale-se que nem sempre a ‘justiça desportiva’, ou seja, os mecanismos de resolução de litígios em órgãos jurisdicionais federativos ou pela via da arbitragem desportiva, é totalmente conforme com o acesso ao direito e aos tribunais, princípio comum às Constituições dos Estados democráticos, designadamente quando se veda em absoluto o acesso à justiça comum ou quando são muito elevados os custos de acesso à ‘justiça desportiva’. E não se olvide casos de responsabilidade objectiva de agentes desportivos que surgem ao arrepio do princípio da presunção da inocência.
Há muito a reflectir, sem dúvida. Por uma coexistência pacífica entre o desporto e os direitos humanos."

Que formação para os treinadores de desporto?

"Há muito que, felizmente, não tenho de me confrontar com males que me obriguem a visitar o médico ou o dentista, que não seja para buscar umas receitas para combater a hipertensão e a hipercolesterolemia. Sobra-me a sorte, porém, de ter tido de procurar serviços de engenheiros civis e arquitectos, quando me pude envolver numas quantas pequenas construções que me apaixonaram. Em qualquer dos casos, quando o fiz, quando o faço e quando o fizer, procurarei profissionais devidamente habilitados e certificados, procurando garantias mínimas de competência; e se tiver de me confrontar, mesmo nessas condições, com exercícios de manifesta incompetência, rapidamente recorrerei a um advogado devidamente habilitado, também, de toga e tudo, que defenda onde de direito os meus mais do que justos pontos de vista.
No universo desportivo, porém, as coisas não se passam sempre necessariamente assim; é curioso! Aqui, os bons fazedores são muitas vezes (ou as mais das vezes) considerados os melhores “ensinadores” (para não lhes chamar professores, nem treinadores): “monitores” dirão alguns, mas monitores que não monitorizam! Papagueiam como lhes valha as artes da linguagem o que interpretam do que fazem e de como chegaram a fazer aquilo que aparentemente fazem bem. Fazem tábua rasa da Pedagogia, da Didáctica, da Sistemática, da Metodologia, da Fisiologia do Exercício e do Treino, da Biomecânica, da Antropologia (cultural e física), da Psicologia, da Sociologia, da Anatomia, da Traumatologia. Fazem-no não por aversão a estes territórios, mas porque nunca os visitaram, porque os desconhecem, porque não sabem para que servem nem como lhes podem ser úteis. E a culpa não é deles!
Efectivamente nada disso é preciso para jogar bem à bola, para ser campeão de natação, ou para ganhar uma medalha no tiro com arco. Para isso é “só” preciso ter talento (que também se constrói com aquelas ferramentas estranhas…) e ser objecto de uma boa “engenharia” de virtudes desportivas, “cozinhada” com aqueles e alguns outros ingredientes por um “maître” devidamente apetrechado (leia-se: habilitado) para lidar com a enorme complexidade da tarefa. E ela é mesmo “enorme”, apesar de ser preciso alguma atenção e vontade para o perceber; é que o paciente não parece correr o risco de morrer a curto prazo (às vezes, sabe-se lá…), a osteopenia da mandíbula não deverá tornar-se evidente, nem a ponte vai cair. Confortavelmente, reduzimos a coisa ao “jeito” do praticante e à “sensibilidade” e “habilidade” do “ensinador”.
E pronto! No desporto, como seria nas artes médicas, parece bastar ter sido bom doente. E se acontece julgar-se que talvez não baste, sobrará se se passar por Vilar de Perdizes uns quantos fins-de-semana. Isso de profissões reguladas, certificadas e com exigências e responsabilidades que imponham formação universitária, não parece ser para aqui chamado. Isso é para coisas sérias, não para o desporto!"

Benfiquismo (MCDLVII)

Reflexão

"Campeonato nacional e Taça de Portugal são, por agora, ementa suficiente para satisfazer a nossa gula

Nunca houve crise, nem o Benfica saiu dela. Há um campeonato disputado no limite, com os dois primeiros a perderam poucos pontos e a saberem que um deslize significa comprometer o objectivo. Com vinte e duas jornadas realizadas, o Benfica perdeu nove pontos. Seria excelente sob qualquer critério.
O Benfica não fez um jogo excepcional em Barcelos, mas fez o suficiente para ter marcado pelo menos mais um golo e ter acabado o jogo sem tanto sofrimento. Mérito do guarda-redes gilista e da barra, que adiaram a tranquilidade encarnada até ao apito do árbitro. A vitória tangencial do Benfica sobre o Gil Vicente não se compara com a goleada do FC Porto aos amigos do Portimonense. Vítor Oliveira tem todo o mérito no bom campeonato que o Gil Vicente está a fazer. Os de Barcelos são um clube de primeira liga, recebem com invulgar elegância e educação e têm um estádio bonito e adequado. Em Barcelos num estádio pintado de vermelho e branco houve um apoio inacreditável ao Benfica, um exemplo a seguir pelos nossos adeptos (até os da luz).
Faltam doze jogos (seis na luz e seis deslocações), será uma contabilidade massacrante e permanente. O Benfica é melhor quando assume o jogo e parte para cima dos adversários do que quando tenta gerir os jogos com posse de bola. Samaris fez um bom jogo mas isso já nem é notícia, o grego é um excelente profissional e sempre que é chamado mostra o seu carácter e competitividade. Samaris é um campeão e isso ajuda a ser campeão.
Agora segue-se o Moreirense no jogo que foi o pesadelo da última época, basta lembrar esse jogo para perceber toda a dificuldade de segunda-feira.
Hecatombe europeia das equipas portuguesas. Por muito que nos custe, é o reflexo do nosso actual valor. Não caímos da Liga dos Campeões, caímos todos da Liga Europa. O Benfica não segurou por duas vezes a vantagem na eliminatória, o FC Porto foi atropelado por uma equipa de segunda linha alemã, o Sporting foi derrotado por uma equipa de terceira linha europeia e o SC Braga ainda prometeu mas não cumpriu. Vale a pena reflectir. A realidade é que voltam todos à disputa do interlugares.
O Campeonato Nacional e Taça de Portugal são, por agora, ementa suficiente para satisfazer a nossa gula. Segunda-feira, na Luz, todos a apoiar porque a nossa Europa é agora o Moreirense. Nesta fase da época, mais do nunca, faz sentido o nosso conhecido cântico «eu só quero o Benfica campeão»."

Sílvio Cervan, in A Bola

Reviravolta...

Benfica 85 - 82 Galitos
13-17, 19-28, 21-21, 32-16

Vitória extremamente complicada... Descalabro da 1.ª parte rectificado no 4.º período!!!
Estávamos a perder por 14 a menos de 4 minutos do fim!!!
Parece que as mini-férias fizeram mal à equipa...

E já agora, até aqui, os apitos já enjoam: o Hillard levou uma chapada e foi expulso...!!!

2.ª derrota em casa...

Benfica B 0 - 1 Leixões


Derrota, num jogo marcado por uma arbitragem surreal: logo aos 3 minutos, perdoou um Vermelho directo a um jogador do Leixões, numa falta sobre o Anjos que nem sequer marcou; na 2.ª parte perdoou outro, numa entrada perigosissima sobre o Ramos, com os pitons no calcanhar... transformando um Vermelho num Amarelo... O jogo acabou com 23-11 em faltas, num jogo onde o Leixões foi a equipa mais agressiva... e só marcou 1 falta a favor do Benfica nos últimos 30 metros!!! É muito complicado ganhar jogos apitados desta forma... independentemente de todas as outras variáveis!

Em relação ao jogo, começamos bem, até ao 0-1 o jogo foi 'nosso', o Leixões marca num penalty completamente contra a corrente do jogo... Perdemos confiança, o Leixões ganhou confiança e começamos a decidir mal...
Na 2.ª parte ainda atirámos ao poste, mas nos últimos minutos perdemos discernimento... uma segunda metade onde tivemos jogadores do Leixões deitados na relva mais de 10 minutos, sem exagerar!!!

Raridades...

"Sem qualquer tipo de ironia, nem sequer sarcasmo, estou convicto de que Jackson Martínez não falhou propositadamente a grande penalidade frente ao FC Porto. É certo que descrever o falhanço como uma aberração ou afirmar que a bola foi parar ao Douro é insuficiente para dar uma ideia aproximada do sucedido. Diria, talvez, que a bola tomou o rumo das teorias da conspiração, passou metros acima da barra conforme requerido nesse contexto, pontapeada por um atleta em tempos dado como reformado após anos de serviço enormemente apreciados por quem anteviu, naquele momento e no pé do seu ídolo, a possibilidade de um sério revés na perseguição ao líder. Não aconteceu, é futebol, mas imagine-se o chinfrim se Jackson se chamasse Jonas ou Cardozo, e alinhasse por um clube, se existisse, tido como um entreposto do Benfica. O Insolvente, o protoprocurador-geral da república desportiva do Twiter e o ermita das catacumbas de Contumil não se calariam, beneficiando da sempre solícita colaboração de órgãos de comunicação social outrora respeitados, mas agora nitidamente capturados, para amplificar as insinuações e acusações, os pseudojulgamentos na praça andrade e as exigidas condenações. Mas recuemos ao lance que originou a grande penalidade, uma falta que se revelou evidente nas repetições e acertadamente assinalada pelo VAR, o que por si só é uma raridade, já que o beneficiado da decisão não foi o FC Porto. Acresce que nem árbitro nem VAR da partida em questão pertencem à Associação de Futebol do Porto, outra raridade. É caso para dizer que as boas decisões não acontecem por acaso. E também para perguntar se, desta vez, o Fontelas Gomes se distraiu nas nomeações ou se subavaliou o impacto da quinta-feira europeia."

João Tomaz, in O Benfica

Papoilas e urtigas

"Ter sido fundado numa farmácia não livrou o Sport Lisboa e Benfica de ter sócios e adeptos com claras necessidades de medicação. Só assim se explica o que tem acontecido nas últimas semanas em redor da equipa principal de futebol masculino. A montanha-russa de sentimentos, o desrespeito pelos profissionais que a integram e a guerra aberta contra esta direcção quase não tem paralelo nestes 116 anos de história que hoje comemorarmos. Como é possível que, no momento em que mais necessitamos de união para derrotar um inimigo sem escrúpulos (e que vive da mentira, da coacção e da violência) as baterias sejam apontadas a Bruno Lage e sua equipa? Opiniões sobre táctica e desempenho de jogadores todos temos, é essa a beleza do futebol. Já o ataque pessoal e a desconfiança do mérito de uma equipa campeã (em benefício pessoal) são formas de mostrar o que pior existe na sociedade e no desporto. Vivemos tempos em que a mentira passou ser facto. E quando mais a repetem, mais o ruído se torna ensurdecedor. Os 24 homens que deram o pontapé inicial para uma história gloriosa em 1904 estariam longe que se tornou o seu clube: a grandiosidade, o ultrapassar de fronteiras, os títulos, o exemplo, o ecletismo, o papel social e político e o impacto na sociedade portuguesa ao longo dos séculos XX e XXI. Devem estar muito orgulhosos aqueles pioneiros, mas acredito que também devem olhar com tristeza e mágoa para aquilo que se tornou o desporto, e o futebol em especial.
O Sport Lisboa e Benfica é uma experiência social que deu certo. É o ponto de encontro de gente de esquerda e de direita, religiosos e ateus, brancos e pretos, homens, mulheres e crianças, novos e velhos. É por ser tão grande - demasiado grande, arrisco - que nas suas fileiras de sócios, adeptos e simpatizantes podemos até encontrar gente que não presta. É o problema da dimensão. Por capricho da natureza, há sempre uma urtiga a estragar um campo de papoilas, mas o olhar inteligente irá sempre apreciar muito mais a flor vermelha do que a erva daninha. Parabéns!"

Ricardo Santos, in O Benfica

25 anos de Benfica

"Em 5 de Agosto de 1994, assim que as enfermeiras concluíram mais um parto com sucesso, o meu pai não esperou nem mais um dia e saiu a correr do hospital para me inscrever como sócio do Sport Lisboa e Benfica. A minha mãe, que tinha enfrentado nove meses de ansiedade, preocupação e desejo até ao meu nascimento, sorriu como se já não sentisse o corpo todo dorido quando me pegou pela primeira vez. O meu pai só conseguiu sorrir descansado depois de pegar no cartão de sócio. Ela aguardou 274 dias para poder conceber o menino querido, enquanto a espera dele recomeçava ali, até poder ir finalmente aos jogos com o rapaz ao seu lado. Estou convocado para amanhã ir à Luz receber o emblema de prata, recompensa pelos meus 25 anos de sócio. Há muito que ansiava ser convocado. Por Camacho, Jorge Jesus, Rui Vitória ou Bruno Lage. Preferiram sempre outras opções, no entanto devo reconhecer que a convocatória para amanhã é aquela que eu verdadeiramente mereço. São anos e anos de devoção a um emblema. Incontáveis momentos de euforia extrema, alguns de sofrimento angustiante. Abraços sufocantes ao meu pai, à minha irmã e a desconhecidos. Amizades autênticas. Milhares de quilómetros estrada fora. Sempre pelo Benfica, uma paixão bonita, saudável e sem fim. Até a Rita, a minha namorada, se rendeu. Expliquei-lhe cedo que, devido aos meus valores e princípios, sou apologista de que é impensável dar aquele passo só depois do casamento. Sim, no meu entender tem de ser antes, pelo que ela também já é sócia. Assim já reúne todos os requisitos para podermos casar e ter filhos. O avô já não consegue esconder o desejo de poder pegar no cartão com o nome do neto."

Pedro Soares, in O Benfica

Paz podre

"Um destes dias fui surpreendido por um intitulado 'Movimento pela Paz no Futebol'.

À partida a ideia parecia interessante, e, como tantos outros adeptos que vivem os clubes com paixão, também eu gostaria de desfrutar de um desporto sem guerras nem conflitos, em que os jogadores e os treinadores fossem os únicos protagonistas, e o espectáculo terminasse logo após o apito final do árbitro. Aliás, se todos os presidentes, de todos os clubes, tivessem o fair play normalmente manifestado por Luís Filipe Vieira, o primeiro passo estaria dado. Não decorreram mais do que alguns segundos até perceber quem era o promotor do dito movimento: o inefável comentador televisivo Rui Santos. Custei a acreditar. Então um individuo que mais não faz do que chafurdar na lama do futebol português, criando e empolando casos e polémicas - sem as quais, diga-se, o seu programa nem existiria - lembrou-se agora de lançar um movimento pela pacificação?!? Como se não fossem precisamente as 'guerras' a alimentar a personagem?!? De facto, é preciso não ter vergonha. Rui Santos, que semanalmente, e sem que se perceba porquê, reza a sua missa televisiva sem rigor nem contraditório, é um caloroso antibenfiquista, faceta que só atenuou quando o nosso clube era treinador por um seu amigo pessoal, e quando o seu Sporting era dirigido por um presidente que detestava. Ao contrário de outros jornalistas, a sua 'independência' sempre foi muito mal disfarçada. E quando a ódios de estimação, seria fastidioso elaborar a lista. Fala muito, não se cala, mas não engana ninguém. Paz no futebol? Sim! Com Rui Santos? Nem pensar!"


Luís Fialho, in O Benfica

Tricampeões

"Mais um título conquistado pela nossa fantástica equipa masculina de atletismo. Depois do campeonato de corta-mato curto, agora o campeonato nacional de clubes em pista coberta, em Braga. Com uma equipa de luxo, formada por 14 atletas de eleição, o SL Benfica conquistou o tricampeonato. Diogo Ferreira, Isaac Nader, Ivo Tavares, Raidel Acea, Tsanko Arnaudov, João Oliviera, Samuel Barata, Pedro Pablo Pichardo, João Coelho, Mauro Pereira, Mikael Jesus, Diogo Antunes, Miguel Rodrigues e Gerson Baldé merecem o nosso louvor. Este feito é ainda mais notável se tivermos em conta as ausências dos geniais Paulo Conceição, recordista do salto em altura, e Ricardo dos Santos, recordistas dos 400m.
Em Braga, o 'manto sagrado' foi defendido como deve ser defendido, em mais uma demonstração de raça, crer e ambição. Esta performance está sustentada na timoneira, Ana Oliveira, e numa equipa técnica de eleição - Pedro Rocha, Acácio Paixão, Fernando Pereira, Jorge Pichardo, Vítor Zabumba, Paulo Barrigana, Nélson Melo, Vladimir Zinchenko e Miguel Barrigana. Para que nada falte, estão lá sempre a delegada técnica, Isabel Oliveira, José Carlos Baptista e Ana Morais, na logística, Adam Ferreira e André Catulo, da multimédia, e José Rosa, o dedicadíssimo seccionista. Fundamental nos êxitos tem sido o departamento médico, composto pelo médico Daniel Cardoso, pelo fisioterapeuta Diogo Antunes, pelo massagista Jorge Silva e pelo psicólogo Sérgio Vaz.
Ou seja,34 grandes profissionais que nos brindaram com mais um momento único, provando que, com trabalho, método e organização, a vitória acontece."

Pedro Guerra, in O Benfica

Ética!

"A ética é hoje uma bandeira no desporto. E bem necessária, porque o desporto não encontra significado sem uma ossatura ética, de valores que empresta reconhecimento social ao esforço, ao aperfeiçoamento constante e à superação. Quem assiste tende a focar-se mais na competição, deslocado que está do caminho feito pelo atleta, da exigência do treino, da dureza de competir consigo próprio em direcção aos limites e para lá deles. Quem pratica leva para consigo a certeza do trabalho feito e a consciência dos seus limites, fraquezas e capacidades. Quando em equipa, aumenta a consciência do valor do outro e a certeza de que o sucesso de cada um depende do colectivo e que, quase sempre, o sucesso desse colectivo chamado equipa depende da sua riqueza a diversidade. Uma equipa de valores individuais de excelência todos iguais, com os mesmos medos e certezas, forças e fraquezas, estaria condenada ao fracasso porque, mesmo que alcançasse a vitória, nunca seria resiliente. A equipa alimenta-se de cada um dos seus, recorre ao temperamento explosivo de uns, à visão estratégia de outros ou à prudência e antecipação de outros tantos. Mistura na mesma ambição atitudes de aversão e procura do risco e personaliza-se campeã com autoconfiança e força inabaláveis. Neste processo, de pertença e desafio constante, não há lugar ao estigma, mas à partilha humana incondicional, a cor, a cultura, a religião, a língua, são barreiras que se esbatem e caem em benefício de todos. Em busca da vitória! O que une então os diferentes no desporto? Certamente essa consciência do valor intrínseco de cada um, da sua ambição sadia e da luta incessante pela superação. Une-os o respeito mútuo e os valores humanistas que fundam o desporto e são universais, atemporais e anónimos. Numa palavra, une-os a ética, que exige de cada um a verdade para validar o sucesso e a superação individual à luz da sua consciência. Por vezes, mal, questiona-se isto no calor da contenda. É por isso que a Ètica é e será sempre a nossa bandeira universal. A sociedade portuguesa reconhece-o e atribui-a neste ano, uma vez mais, à Fundação Benfica!"

Jorge Miranda, in O Benfica

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Thiago, o arquiteto do passe

"Em miúdo queria ser o Zico. Ou então o Schuster ou o Platini. Depois, antes de deixar de ter idade para sonhar com isso, imaginava-me Raí ou Riquelme. Sempre médios, habilidosos, dos que punham a bola onde punham os olhos, daqueles que fazem o campo parecer maior mesmo se capazes de colocar a bola nos espaços mais pequenos. Era o tempo do bota-sapato, para escolher primeiro com quem se queria jogar, em pisos de terra desalinhada e na procura do golo entre dois pedregulhos colocados à distância. Se fosse hoje e me perguntassem, queria ser o Thiago Alcântara. E mais quereria depois da entrevista que deu ao Independent, jogando quase tão bem - e o quase não é artifício linguístico, que tão bem é impossível – quase tão bem com as palavras como com a bola. 
Agarrado às lições de quem cresceu em Barcelona, explica que ali no coração do jogo que é o centro do campo não há tempo para identificar caras, quem é quem em cada momento. Assim, o primeiro olhar, crucial, tem de ser panorâmico, sobre todo o jogo. Já com experiência vivida, acrescenta ter desenvolvido um instinto que ajuda a perceber cada jogador no contexto de uma partida. Identifica tal capacidade como uma “segunda natureza” que adquiriu, e que soma a um conhecimento anterior (no futebol diz-se sempre de antemão, mas é um clichê horrível), em relação a cada colega, do modo como gosta de receber a bola, em que pé, a que velocidade e se mais atrás ou adiante. E daí é um passo até ao passe, naquela que será a maior lição de todo o discurso, e ao conceito de “intensidade do passe”. É o contrário do passe que se esgota em si. Mais que tenso é intenso, mais que preciso é específico. É feito para aquele jogador, naquele jogo e mediante um jogar. Tem destinatário imediato no companheiro, mas objectivo final na ideia partilhada. Um dia, para definir o potencial de um jogador, um treinador de topo disse-me: “entrava fácil no nosso meiinho”. O meiinho é muito mais que um exercício lúdico de treino, pode mesmo ser a prova dos nove, pelo teste que é às ferramentas técnicas e mais ainda à rapidez e qualidade da decisão. Chamam-lhe rondo os espanhóis, e tantas vezes vimos as suas melhores equipas das últimas décadas transformarem todo um relvado numa espécie de rondo gigante. E mesmo sem ver os treinos, tenho aposta firme sobre quem será o melhor nos meiinhos, ou no rondo, do Bayern.
Não faltam craques de corpo inteiro na Baviera, nesta equipa devolvida à dinâmica trituradora sob o comando de Hans-Dieter Flick, Hansi para os amigos. Já agora, foi titular na final dos Campeões de 87 perdida para o FC Porto, mas poucos se lembrarão disso, que outras eram as vedetas do onze, como Brehme ou Matthaus. Memórias à parte, o Bayern é de novo muito pressionante sem bola e incrivelmente acelerador nos corredores laterais. Nunca seria, contudo, tão entusiasmante sem o critério dado por Thiago. E Kimmich também, sejamos justos, que há uma parelha que se completa, entre quem mais desequilibra e mais equilibra. Acontece que não há gestos como os do mais velhos dos manos Alcântara, mais ano e meio que Rafinha, ambos filhos de Mazinho, campeão do mundo em 94. Quase todos os jogadores procuram recepções orientadas, ele apenas não consegue evitá-las. Antes que o problema surja, já tem a solução. Explicar o que é decidir bem sobre um relvado tornou-se: basta ver jogar Thiago Alcântara, o arquitecto do passe.

PS: Depois de ver o que voltei a ver dele, ontem no Bernabéu, e se Thiago Alcântara já fosse nome escolhido, também não importava nada de ser o De Bruyne.

Nota colectiva: Flamengo - Noutro patamar… qual é a dúvida? O que Jorge Jesus está a conseguir no Brasil é para valer teses de doutoramento e garantir estátua no Maracanã. O regresso do Flamengo mantém a linha entusiasmante com que fechou a época passada. Alguns destes troféus têm valor relativo, sobretudo a Taça Guanabara, mas a questão é que os ganhou todos. E o último foi perante um bom rival, o equatoriano Independiente, vencedor da Taça Sul-Americana (a Liga Europa de lá) e jogando com menos um homem desde os 23 minutos. Jesus fez a natural alteração estratégica imediata, de um avançado por mais um médio, mas ainda fez mais dois golos, assentando a organização defensiva, que foi fundamental, sobre uma dupla de centrais que julgo só teria jogado junta uma vez na vida, uns dias antes. Na história do Fla há, e haverá por muito tempo, um antes e depois de JJ.

Nota individual: Alphonso Davies Só esta frase valia um filme: nasceu num campo de refugiados do Gana e aos 19 anos é titular do Bayern de Munique. Mas é mais que isso, está feito uma máquina em aceleração no corredor esquerdo do conjunto bávaro. Para a frente é demolidor, nas conexões que estabelece e na qualidade com que assiste, para trás chega a ser impressionante a forma como corrige, com velocidade rara, os erros que a idade ainda não o ensinou a evitar. Alaba tornou-se central esquerdo, Gnabry ou Coman podem ocupar a vaga ofensiva, porque o resto faz o miúdo nascido no campo de Buduburam, em Novembro de 2000, filho de pais fugidos à guerra civil da Libéria. Acabaram como refugiados no Canadá, que atribuiu nacionalidade a Davies em 2017 e o tem já como maior figura da sua selecção. É impressionante."

Carlos Daniel, in Bola Rede

Adeus português... vezes quatro!

"Já está. Nem um clube português apurado, para amostra, na Liga Europa. Três emblemas de campeonatos menores (Ucrânia, Turquia e Escócia) chegaram para Benfica, Sporting e SC Braga, enquanto o FC Porto não teve argumentos para levar de vencida o quinto classificado da Bundesliga.
Aceitando o papel de desmancha-prazeres de serviço, recuso a verdade cor-de-rosa que os clubes querem passar e constato que, à medida que os anos passam, o valor das equipas portuguesas vai decrescendo. Agora, as dificuldades já não se colocam apenas ao nível da Liga dos Campeões, na Liga Europa também recebemos, com uma facilidade inusitada, guia de marcha.
Um e um: o FC Porto, do desastre com o Krasnador, à sujeição à lei do mais forte com o Leverkusen, deu cabo das finanças e não acrescentou ao prestígio; o Benfica passou pela Champions a pedir desculpa por existir, cheio de dúvidas onde só devia haver uma certeza, a de defender o estatuto de quem já esteve em dez finais. Bom jogo de despedida, na Luz, frente ao Shakhtar; o SC Braga, depois de caminhada brilhante, teve um apagão na recta final do jogo de Glasgow e é quem fica melhor neste filme luso; finalmente o Sporting, que não soube fechar a eliminatória em Lisboa, sai de Istambul envergonhado, a olhar para o calendário e a cortar os dias que faltam até ao fim desta malfadada época.
Mas nem tudo foi mau, para Portugal, nesta temporada de competições europeias. Aproveitando o apagão russo - que jeito deu terem criado medidas protecionistas - o nosso país garantiu maior presença na Champions a partir de 2021/2022, o que deve ser visto com uma excelente notícia."

José Manuel Delgado, A Bola

Jogo com ritmo elevadíssimo

"Benfica entrou forte e esteve em vantagem, mas a estratégia do Shakhtar teve efeito

Contexto da eliminatória
1. Entrada muito forte do Benfica a corresponder à desvantagem na eliminatória e ao contexto da mesma, em que se esperava um jogo difícil contra uma boa equipa. Muita dinâmica e mobilidade no momento ofensivo, mas sobretudo um Benfica muito bem posicionado e imenso no momento da transição defensiva com uma reacção à perda e muito forte e não deixar o Shakhtar respirar e a conseguir chegar à vantagem após criar várias oportunidades para marcar.

Contra-ataque do Shakhtar
2. O Benfica conseguiu implementar a sua ideia de jogo, com uma identidade forte, a projectar os laterais que davam a largura à equipa e com muita gente por dentro que dificultava a equipa do Shakhtar no momento defensivo e obrigava o adversário a organizar-se atrás... mas o Shakhtar, aos poucos, dava sinais de querer libertar-se no jogo e começou a sair em contra-ataques de grande qualidade.A forma rápida como ligavam o jogo e em velocidade deixavam a equipa do Benfica em sentido, a lição bem estudada e a estratégia de Luís Castro deu frutos num desses momentos, a chegar ao empate e, consequentemente, a eliminatória novamente a pender para os ucranianos.

Esquema táctico
3. Através de um canto de Pizzi, com Rúben Dias na área a ser imponente a saltar mais alto que toda a gente, repôs alguma justiça na eliminatória, tudo empatado mas com sinal muito positivo para o Benfica, que continuava seguro, positivo no jogo, com boa intensidade e alma enorme. Mérito dos seus jogadores que após o revés reagiram.

Incerteza na eliminatória
4. A segunda parte teve nova entrada forte do Benfica, a aproveitar um erro na primeira fase de construção do adversário, fez o 3-1 e recolocou-se novamente na frente, mas por pouco tempo, mais uma vez e de canto o Shakhtar a reduzir no jogo e novamente em vantagem na eliminatória. Vantagem essa que logo depois foi ainda maior com o empate no jogo, desta vez com os desequilíbrios que o Shakhtar foi criando nos corredores com Ismaily e Dodô sempre muito intensos e agressivos.

Frescura física dos ucranianos
5. Mérito, muito mérito do Shakhtar, da forma como conseguiu manter o ritmo do jogo muito alto, sempre em grande rotação nos seus processos, quer para manter a bola e escondê-la da equipa do Benfica, quer nos ataques rápidos e contra-ataques, mas também na reacção à perda onde foi mais forte e mais eficaz na segunda parte... Que rotação, que correria... Ao invés, a frescura física da equipa do Benfica notou-se nos últimos 20 minutos que precisava de marcar mais golos para seguir em frente e andar atrás do resultado desgastou muito a equipa. Ainda assim, boa imagem do Benfica que sai da Liga Europa frente a um adversário que demonstrou que é um forte candidato e em que sobressai o excelente trabalho de Luís Castro."

Rui Duarte, in A Bola

Semanada...

"1. Benfica Eliminado da Europa. Depois de uma exibição menos positiva na Ucrânia, o Benfica ontem fez o melhor jogo em 2020. A equipa com bola mostrou algo que até agora ainda não tínhamos visto. Boas combinações, bons movimentos colectivos, uma pressão alta e intensa. Tudo elementos de um futebol moderno que Bruno Lage nos habituou no ano passado. Após marcarmos o primeiro golo, a equipa continuou com uma pressão alta e acabou por abrir espaços para o Shakhtar que também teve um pouco de sorte. Rúben Dias redimiu-se depois e já depois do intervalo o Rafa voltou-nos a meter à frente na eliminatória, mas logo a seguir o Shakhtar voltou a marcar. Desta feita de bola parada. A partir daí o jogo partiu-se. Tivemos oportunidades de marcar com o Seferovic, mas o golo acabou por sorrir ao Shakhtar. A Europa acabou de forma prematura. Foi mais um ano desperdiçado. É obrigatório nas próximas eleições, independentemente do desfecho do Campeonato, debatermos seriamente os responsáveis por estes sucessivos desaires.
2. Luís Filipe Vieira. O Benfica caiu na Liga Europa por um mísero ponto. Ou seja, bastava uma das derrotas ter caído para o empate e tínhamos continuado na Champions. Todos esses jogos que perdemos têm uma coisa em comum. O Benfica nunca jogou com o melhor 11 em cada um deles. Já na Liga Europa, jogámos com um 11 mais próximo do nosso melhor, mas dentro desse 11 a maioria dos jogadores fez oito jogos em menos de um mês e o cansaço era mais do que visível. O principal responsável por isto é Luís Filipe Vieira. O Benfica fez mais de 200 milhões de euros no verão mas continua a ser uma equipa de 12-13 jogadores. Se tirarmos três ou quatro desses 12-13, a equipa já não parece a mesma. Faltavam alternativas no meio campo. Continuam a faltar jogadores no ataque. As laterais não têm experiência e André Almeida tem passado mais tempo lesionado do que em forma. O nosso verão foi uma brincadeira monumental, num ano em que era difícil errar. O problema é que não é a primeira vez. Somos liderados por um homem cuja visão desportiva para a formação não é acompanhada com uma visão para o futebol de elite. Não há clube nenhum no mundo que no mercado de inverno se desfaça de tantas contratações que fez nos últimos seis meses como o Benfica. Nos últimos dois verões contratámos em definitivo Vlachodimos, Conti, Lema, Gabriel, Alfa Semedo, Caio Lucas, RDT, Ferreyra, Castillo, Carlos Vinícius e Chiquinho. Mais de metade destes jogadores, seis meses depois já não estavam no clube. Não há estratégia. Não há planificação. Há promoções apressadas da equipa B para compensar maus mercados. É tudo feito ao acaso. E isto num verão onde fizemos mais de 200 milhões de euros. Para quem não é do Benfica, isto deve ser hilariante.
3. Bruno Lage. Entretanto, os adeptos do Benfica têm responsabilizado o treinador. Nestas alturas o treinador é sempre o primeiro culpado para os adeptos. Bruno Lage, a meu ver, tem algumas culpas no cartório. Houve alguma gestão no plantel que podia e devia ter feito, mas nunca fez. No entanto, continua a ser, para mim, o homem ideal para o projecto do Benfica. As pessoas têm que perder a mania que o treinador é os responsável de tudo. Não é. A qualidade dos jogadores é mais importante que as tácticas de um treinador. Basta dizer que sem o Messi, o Guardiola nunca ganhou nenhuma Champions League. Um treinador tem muito impacto numa equipa, mas só até certo nível. Vamos por partes: (1) Bruno Lage sabe meter a equipa a jogar. Nós testemunhámos isso na época passada e nos últimos meses de 2019; (2) Toda a gente diz que está farta do ambiente do futebol português. Bruno Lage nunca contribuiu para nenhuma guerra entre clubes. Manteve-se sempre afastado. Quem está farto do ambiente do futebol português quer treinadores que falem de futebol. Nós temos um; (3) Bruno Lage está perfeitamente identificado como o plano do clube que passa muito pelo Seixal. É importante é que a Direcção também esteja e não deixe os jogadores saírem depois de eles se adaptarem à equipa principal. Posto isto, Bruno Lage tem culpas no cartório. Grimaldo tem estado em completo declínio e a partir das próximas semanas vai melhorar bastante. Querem saber porquê? Porque vai começar a descansar. Bruno Lage tem um plantel demasiado curto, mas ainda assim, podia ter dado outra utilidade a Nuno Tavares, Andreas Samaris e Jota. Três jogadores que podiam ser parte da rotação no Benfica - um deles até foi fundamental na época passada - e que não viram quase nenhuns minutos nesta fase em que os jogos se acumularam. E não viram minutos, porque em Novembro e Dezembro, quando podiam ter ganho alguma confiança, só serviam para jogar para Taça da Liga.
4. Tomás Tavares. Quando o Benfica ganhou 3-0 ao Zenit e 2-1 ao Lyon, o lateral direito titular foi Tomás Tavares. Quando perdemos contra o Lyon, Zenit e Leipzig, o Tomás Tavares também foi titular. É absurdo responsabilizar o Tomás Tavares pelo insucesso recente do Benfica. Ainda tem idade de júnior. Para o ano, o Tomás Tavares ainda poderá jogar na Youth League. Tem um tremendo potencial. Há coisas que ainda não faz bem. Acho que ainda tem medo de arriscar quando está no último terço do campo e tem sido relativamente fácil para os extremos adversários passar por ele em drible, mas lá está, é apenas um júnior. Acho que o Benfica se poderia ter salvaguardado um pouco, ter posto Tomás Tavares na equipa B uma época e arranjado alguém por empréstimo. Era o que eu teria feito, pelo menos. Mas estando na equipa principal, também já mostrou que não chegou aqui por acaso. Se André Almeida não se tivesse lesionado, não se teria notado tanto as fragilidades do Tomás Tavares, que em abono da verdade, a nível defensivo, são inferiores às do Grimaldo. Quando o Nélson Semedo estreou-se na equipa principal, tinha mais três anos do que o Tomás Tavares.
5. O Caso “Marega”. Portugal não é um país racista, mas é um país que tem racistas. Alguns aparentemente moram em Guimarães. Outros moram noutras cidades. Todos os clubes já tiveram episódios de racismo. É fácil apontar os dedos aos clubes rivais, mas nós também tivemos os nossos momentos menos bons no Estádio da Luz. Acho que é altura de esquecer a cor da camisola e erradicar o racismo de vez do futebol e do país. Quando forem aos Estádios, se presenciarem um momento destes, digam a essa pessoa que o que ela está a fazer não é correcto e se continuar, informem as devidas autoridades. Não deixem que este tipo de comportamentos se normalizem.
6. Borko Ristovski de saída. O guarda-redes macedónio está de saída do Benfica. Acabou por ser uma passagem sem grande prestígio por Portugal. Levou uma Supertaça e pronto. Viu-se que é um guarda-redes com uma qualidade superior ao normal, mas que não era o suficiente para fazer frente ao poderio dos nossos rivais. O Andebol vai ter um ano zero de novo na próxima temporada. Na minha opinião devíamos ter o mínimo de “estrangeiros caros” possível e apostar em jovens para formar uma base de equipa que possa lutar por títulos daqui a 2-3 anos. Vamos ver qual é o plano do Benfica."

Vandalismo nas Casas do Benfica



"Hoje o SL Benfica comemora o seu aniversário.
São 116 anos repletos de glória, de inúmeras conquistas que fizeram do Sport Lisboa e Benfica a maior e mais prestigiada instituição nacional. Infelizmente, não é tratado com a admiração e respeito que merece. Por isso, nesta data tão especial, aproveitamos para abordar uma parte importante do seu património: as Casas do Benfica.
Há pouco mais de 40 anos começou uma guerra em Portugal que parece não ter fim à vista. “A guerra norte-sul, contra os eternos mouros”. Esta guerra foi idealizada pela mesma pessoa que criou o Mito Calabote, bastando ler os jornais da época para entender que este caso Calabote foi inventado no final dos anos 70, exclusivamente, como resposta a quem acusasse o FC Porto de ser escandalosamente beneficiado em 77/78.
O Polvo das Antas teve oportunidade de o denunciar anteriormente: 
https://www.facebook.com/polvosdasantas/posts/363298790931477
Para quem ainda não adivinhou de quem falamos, deixamos mais umas pistas. Falamos de um anti-benfiquista, jogador e treinador medíocre que além de ter sido vetado por João Rocha para o Sporting CP, por questões de idoneidade, foi inclusive banido do FC Porto numa assembleia geral do clube! Descrevemos alguém que não olhava a meios para atingir os seus fins, defendendo que para se ser campeão em Portugal não era necessário ter os melhores jogadores...
Como já devem ter adivinhado, estamos, obviamente, a falar de Pedroto - o mestre de Pinto da Costa - e que lançou a semente do ódio no futebol português e que, infelizmente, ainda prevalece nos dias de hoje.
Um SL Benfica amorfo, inofensivo e perdedor não incomoda ninguém, contudo um Glorioso pujante, vivo e vencedor provoca muitos calafrios e nervos. Quem tem acompanhado o futebol percebe que nesta última década temos testemunhado um aumento brutal da competitividade desportiva e financeira do Sport Lisboa e Benfica, levando assim a um despertar dos benfiquistas para a vida activa do clube e para a grandeza do mesmo. Isto tudo junto, infelizmente, levou a uma reacção extremamente negativa da parte de alguns adeptos do FC Porto e também do Sporting CP. Prova disso é que um dirigente do FC Porto e do Sporting CP que não tenha uma postura bélica com o SL Benfica, mas antes uma postura amigável e respeituosa, não dura muito tempo no cargo.
A rivalidade entre os clubes é histórica, mas não caberá aos líderes darem o exemplo e promoverem paz, amizade e fair-play?
Como exemplo do que poderia ser feito temos o caso do muito honrado e prestigiante Félix Bermudes (antigo jogador e Presidente do SL Benfica) que ajudou a criar o SL Benfica, alvitrando o nome do mesmo, e que presenciou ao início da maior rivalidade que o futebol português jamais viu com a ida de oito jogadores para o Sporting CP. Bermudes, com o objectivo de recriar boas relações com o maior rival do SL Benfica, decidiu fazer-se sócio do Sporting CP. Uma atitude nobre que hoje em dia nem sequer é imaginária, mas que certamente faria aproximar clubes, uma vez que o exemplo vem de cima e beneficiaria não só os clubes em questão, mas também todo o futebol português, pois a nossa indústria apenas pode florescer respeitando-nos mutuamente.
Deveríamos seguir os bons exemplos ou continuaremos a fazer troça dos mesmos e a olhar para o lado?
Lamentavelmente vivemos num mundo repleto de hipocrisia em que se diz uma coisa e se faz outra, onde o FC Porto é desde o tempo de Pedroto o mestre da vitimização e do clima de guerra que se vive, com ataques a adeptos e Casas do Benfica. Sabemos que as Casas do Benfica, sem nunca terem feito nada de mal, são alvos predilectos de anti-benfiquistas que recorrem à violência para tentarem dissuadir as Casas de apoiarem o seu clube. Alguém viu recentemente um Presidente do FC Porto, Liga, FPF ou Portugal condenar estes actos e trazerem medidas para mitigar ou terminar com estes actos desprezíveis e desumanos?
As Casas do Benfica existem graças a pessoas humildes que trabalham todos os dias nos seus estabelecimentos como restaurantes, bares ou cafés e é daí que vão ganhando o seu ganha-pão para sustentarem a sua família. Não são funcionários pagos pelo SL Benfica, não são pessoas influentes que tomam decisões estratégicas no clube. Não têm poder sobre ninguém, contudo são constantemente alvos de vis ataques que causam danos materiais, financeiros e não só. Perguntamos se o FC Porto teria decoro e coragem de pagar todos os danos causados às Casas do Benfica perpetrados pelos seus adeptos?
E mais, já que o FC Porto perdeu uma boa oportunidade de falar aquando do caso Balotelli ou do caso Nsame - embora e bem, tenha falado no caso Marega - a equipa do Polvo das Antas desafia todos os comentadores, jornalistas e cidadãos a exigirem medidas ao FC Porto de modo a efectuarem uma limpeza a tudo o que seja ódio, racismo, xenofobia e violência no futebol português. 
Recordamos todas as Casas (mesmo no estrangeiro) que nos últimos anos já foram vandalizadas por pessoas sem escrúpulos:
- Aveiro;
- Algueirão Mem Martins;
- Barcelos;
- Braga;
- Coimbra;
- Ermesinde;
- Évora;
- Faro;
- Golegã;
- Gondomar;
- Loures;
- Luxemburgo;
- Matosinhos;
- Mortágua;
- Moura;
- Pombal;
- Porto;
- Quarteira;
- Samora Correia;
- São Brás de Alportel;
- São João da Madeira;
- Trofa;
- Vendas Novas;
- Vila Nova de Gaia;
- Vila Nova de Famalicão;
- Vila Real.
Todas estas Casas foram partidas, vandalizadas, destruídas e atacadas em nome do quê?
Esta lista deveria ser o “Muro da Vergonha” do Estádio do Dragão. Quando o SL Benfica vai jogar ao Estádio do Dragão, esta lista/tarja deveria ser divulgada e publicada até que alguém decidisse fazer algo. Não podemos ter outro Bruno Simões em Portugal!
E tanto mais é assim que escrevemos sem hipocrisia que é óbvio que da parte do SL Benfica também tudo tem que ser feito para nunca mais termos outro caso como Hugo Inácio & Luís Pina. A guerra e o ódio tem que acabar de uma vez por todas. O “ides sofrer como cães” tem que ser banido do futebol português. Pedroto? Nunca mais!
Félix Bermudes já nos mostrou o caminho. Que seja o SL Benfica a exercer a devida pressão para que haja respeito e fair-play no nosso país."

Uma Carta de Amor

"Lisboa, 28 de Fevereiro de 2020

Benfica,

Hoje escrevo-te porque sei que podes não estar a passar um bom momento (eu também não estou nos meus melhores dias, confesso), mas também sei que é nestas alturas que temos de nos apoiar um ao outro, como tenho feito nos últimos anos.
Ao longos destes 30 anos de amor em comum, quero desde já agradecer-te.
Agradeço-te teres-me acolhido de braços abertos num momento tão crítico da tua vida. Mas é assim que as relações ficam mais fortes, acredito. Se assim não fosse, era impossível que aquela miúda (hoje mulher) que entrou pela primeira vez no Estádio da Luz no ano de 1995 se tivesse apaixonado por ti da maneira que se apaixonou.
Não te consigo pôr em palavras o que me fez fixar o olhar naquele gigante de betão, nem o que me fez perder de amores pelas camisolas vermelhas no relvado. Não sei explicar o porquê de me sentir bem e em casa, mesmo estando longe da minha casa.
No fundo sei, hoje, que tinha de ser assim e não poderia ser de outra maneira. Que o meu destino era encontrar-te e Amar-te.
Hoje a 28 de Fevereiro de 2020, fazes 116 anos e por isso escrevo esta carta para te dar os Parabéns meu Amor.
Parabéns por tudo o que conquistaste ao longo destes anos e por tudo o que ainda há-de vir. Obrigado por estares sempre presente nos momentos mais importantes da minha vida, por me dares tanto em tão pouco tempo, por em tempos menos bons teres sido tu a dares-me a razão de viver, pelas pessoas que se cruzaram na minha vida pelo simples motivo de te amarem como eu, pelas lágrimas, pelos sorrisos genuínos e pelo amor.
Obrigado por me fazeres abstrair das dificuldades que a vida me vai pondo na frente.
Obrigado, apenas obrigado.

Contigo, terei sempre a visão mais romântica e pirosa que pode existir, e sabes porquê? Porque é assim o Amor.
Deixo-te também, para assinalar o dia, a letra da música "Sempre Benfica".

Dos meninos no terreiro
Aos génios na Catedral
Benfica és sempre o primeiro
Para cumprir nosso ideal
Pelos recantos do mundo
Do amor universal
O teu grito mais profundo
Deu asas a Portugal

Benfica sempre Benfica
Que ao traz ao peito o brasão
De quem ama e acredita
Nos voos de uma paixão
Benfica sempre Benfica
Com a chama de campeão
És a onda que explica
A raça de uma nação
És a onda que explica
A raça de uma nação

As ondas que se agigantam
Simbolizando a glória
Agitam vozes que cantam
O hino rumo à vitória
Tanta sede de vencer
E a vontade da conquista
São o orgulho de ser
De uma alma benfiquista

Música de António Zambujo e letra de Paulo Abreu Lima

Amo-te, Sport Lisboa e Benfica!"

Feliz 116 anos, Clube do Povo!

"Torcedores do Benfica festejam título nacional de 2013/2014 em Mindelo, Cabo Verde, África 
(Foto: Diogo Bento/Benfica em África/Facebook)

Imagine um clube criado para o povão numa época na qual as elites dominavam a mais nova sensação da sociedade, o futebol.
Imagine um clube que se popularizou – e popularizou o esporte – entre operários, mulheres, crianças, afrodescendentes e imigrantes.
Imagine um clube com essência democrática, que permite aos seus sócios a escolha do próximo presidente via eleições e a participação do destino da instituição em assembleias gerais. Democrático até mesmo quando a sua pátria estava longe de respirar a Democracia...
Imagine um clube que já teve um presidente operário e foi perseguido por uma ditadura de extrema direita, ao ponto de ser obrigado a alterar o seu apelido e o seu hino; de não ver o seu estádio receber partidas da selecção nacional; de ser acusado por um ditador fascista de "defender e disseminar o Comunismo"; de ser proibido de excursionar pela União Soviética; de ver as suas eleições e o seu jornal serem pelo regime opressor... E que sobreviveu firme e forte a tudo isto!
"Dizem que somos loucos da cabeça. Amamos o Benfica com certeza!"
(Foto: Getty Images)

Imagine um clube cujo estádio foi planejado, construído e erguido pelos próprios adeptos.
Imagine um clube que reúne craques de diversos continentes ano após ano. Lamentavelmente, as desigualdades regionais, consequência da elitização do futebol, dificultam a permanência deles. Ainda assim, é possível haver uma via de mão dupla, onde os atletas marcam o clube e o clube os marca. Esta agremiação, portanto, busca resistir bravamente à mercantilização do esporte.
Imagine um clube cujo maior ídolo é um garoto negro nascido em uma antiga colônia portuguesa na África, defensor de condições de trabalho mais dignas para os jogadores de futebol e militante a favor da independência da sua terra natal.
Imagine um clube que eternizou quem deu a vida enquanto defendia as suas cores.
Imagine um clube que parou todo o país enquanto se despedia do seu Rei.
Imagine um clube que voa alto como uma águia e ostenta em seu escudo o lema "De todos um", reunindo povos diversos em torno de um ideal, uma paixão, um estilo de vida, um motivo para seguir em frente, uma razão para viver.
Imagine um clube cuja casa é carinhosamente chamada de "Catedral", de tão imponente que é.
Imagine um clube que tem a maior torcida do seu país, é o maior vencedor do seu país, é a segunda agremiação campeã europeia em cinco modalidades diferentes... Enfim, impõe respeito por onde passa e conquista fãs ao redor do mundo, ganhando ou perdendo.
Toda esta descrição parece uma epopeia, um romance ou simplesmente uma obra de ficção... Mas este clube existe. É o Sport Lisboa e Benfica. Um sonho que se tornou realidade. A história mais linda de Portugal. Um fenômeno mundial. Feliz 116 anos, Clube do Povo! E Pluribus Unum!"

116 anos

"O nosso querido e glorioso Sport Lisboa e Benfica, o maior, o melhor, o mais amado e o mais prestigiado clube português aquém e além-fronteiras está de parabéns!
Faz hoje, dia 28 de Fevereiro, 116 anos que um grupo de apaixonados por futebol, habituais praticantes, em Belém, do desporto recentemente introduzido em Portugal, decidiu formalizar uma ideia que vinha sendo burilada desde alguns meses antes, a de se organizarem enquanto associação desportiva.
Escolheram o nome, Sport Lisboa, a cor da camisola, vermelha, e o símbolo, a águia, dando assim o primeiro passo na grandiosa história do nosso Clube.
O carácter inclusivo, onde todos, desde que com o intuito de engrandecer a instituição, eram bem-vindos, a visão para o Clube, resultando num crescimento orgânico então sem precedentes (onde se inclui a junção com o Sport Clube de Benfica), o sucesso desportivo precoce e muito acentuado no início das competições futebolísticas, o ecletismo, a grande popularidade passados poucos anos de existência, a notável perseverança para enfrentar múltiplas adversidades e a dedicação ímpar de inúmeros benfiquistas levaram a que, logo nas duas primeiras décadas de vida, o Sport Lisboa e Benfica já se tivesse tornado no maior e melhor clube português.
Passados todos estes anos, com muitos pontos altos, mas alguns baixos também, o nosso amado Clube apresenta hoje uma situação associativa, patrimonial e financeira admirável, o que lhe permite encarar o futuro com enorme optimismo e vitalidade, dando continuidade ao sucesso desportivo obtido na última década, tanto no futebol como nas restantes modalidades, e ambicionando sempre mais.
É certo que ontem, ao sermos eliminados da Liga Europa, sofremos um revés, importando agora centrarmos o esforço e a atenção nos dois objectivos da época em aberto, a conquista do Campeonato Nacional, em que somos líderes da classificação disputadas que estão 22 jornadas, e a Taça de Portugal, na qual estamos apurados para a final.
Da eliminatória com o Shakhtar Donetsk fica a sensação de que poderia ter sido outro o desfecho. Estivemos em vantagem por duas vezes, mas não conseguimos mantê-la. Frente a um excelente adversário, houve aspectos positivos a reter e negativos a avaliar e corrigir. Lutámos pelo apuramento até aos minutos finais e há que enaltecer o apoio dos benfiquistas nas bancadas que, à semelhança da equipa, nunca desistiram de procurar a vitória.
Segunda-feira, às 20h45, receberemos o Moreirense na primeira das 13 finais que nos restam na temporada. Mais do que nunca, a união em torno da nossa equipa será determinante na perseguição de mais dois títulos.
#PeloBenfica

P.S.: Amanhã, sábado, decorrerá a cerimónia de entrega dos anéis de platina e emblemas de dedicação aos Sócios que completaram, no último ano, 75, 50 e 25 anos de filiação clubística. Serão 3325 os agraciados (70 platina; 155 ouro; 3100 prata). As glórias Nené e Vítor Martins estão entre os que perfizeram 50 anos de associados."

Cadomblé do Vata (Europa...)

"O filme desta jornada europeia teve o guião esperado. Só os incautos não terão entrado para esta semana de Liga Europa com o Pensamento Titanic "vamos ver como acontece, mas o afundamento é certo". Não encontro outra forma de explicar isto, sem ser "fortes contra os fracos e fracos contra os fortes". Cheios de pêlo na venta no plano interno, mas quando defrontam homólogos mais batidos, experientes e com outro ritmo, claudicam sem apelo nem agravo. Refiro-me é claro aos dirigentes, departamentos de comunicação e comentadores afectos ao Bayer Leverkusen, Istanbul Basaksehir, Glasgow Rangers e Shakhtar Donetsk. Levaram fortemente na tromba nestes 8 jogos e só não foram humilhados porque não aconteceram muitos lances polémicos para lhes mostrarmos como baboseiramos na imprensa com estas coisas.
8 jogos, 1 vitória, 1 empate, 6 derrotas. 12 golos marcados e 19 sofridos. Escrito assim, parecem as últimas 8 jornadas do praticamente despromovido Desportivo das Aves, mas na verdade, neste período eles até têm 2 vitórias e 1 empate. Obviamente que a culpa deste descalabro além fronteiras é única e exclusivamente dos treinadores e jogadores. No caso destes últimos cepos, não custa adivinhar a venda de alguns por valores milionários daqui a 5 ou 6 meses e os primeiros são dignos integrantes de uma das classes profissionais desportivas nacionais, com mais procura no estrangeiro.
Reportando apenas aos 2 primeiros classificados da Liga Portuguesa, os impropérios com que Lage e Conceição são varridos actualmente, são os mesmos que bombardearam anteriormente Vítor Pereira, Paulo Fonseca, Nuno Espírito Santo, Rui Vitória ou Jorge Jesus (pois é, a memória é uma coisa lixada), tudo gente mal vista no estrangeiro. Curiosamente, estes 10 anos em que as bancadas pejadas de génios das transições, da construção e do bloco, se têm entretido a invectivar nos momentos de crise, o palerma que sazonalmente se foi sentando no banco, as estruturas directivas de ambos os clubes não só mantiveram uma estabilidade de aplaudir, como também conseguiram não ter culpa de nada."

Grimaldo e Ferro, casal em crise existencial. E as sessões de aconselhamento matrimonial de Dr. Lage não estão a resultar

"Vlachodimos
Tem melhorado muito a sair dos postes para evitar golos adversários. Só lhe falta sair quando o Rúben Dias aparece isolado. Ganhar ao Moreirense.

Tomás Tavares
Alguns fogachos pareceram indicar que Tomás Tavares estaria preparado para este jogo, mas foi sol de pouca dura. É um jogador que, apesar de bem intencionado, apesar de alguns sinais promissores, apesar de ocasionalmente parecer ter tudo para ser grande, não foi suficiente para o adversário - Taison - que tinha em mãos. Se pensarmos bem, o próprio Benfica é muito Tomás Tavares no que toca a futebol europeu. Ganhar em Setúbal.

Rúben Dias
Triste final para a primeira noite a bisar nas competições europeias. Foi sempre dos que fez por merecer a passagem à eliminatória seguinte, em especial quando num acto de profunda humanidade mostrou a Tomás Tavares como se faz um cruzamento. Ganhar ao Tondela.

Ferro
A sua relação com Grimaldo está naquela fase de crise existencial vivida por alguns casais que estão juntos há anos mas de repente dão por si a sentir que não se conhecem. Apesar de alguns sinais de melhoria, as sessões de aconselhamento matrimonial do Doutor Lage não parecem estar a resultar na plenitude. Esperemos, como sempre, que o amor vença no final. Isso e ganhar ao Portimonense.

Grimaldo
Explicou na flash interview que o Benfica continua a ser a equipa que menos golos sofre, apesar do filme de terror a que temos assistido em alguns jogos. É um pouco como elogiar a estabilidade de um 737 Max depois de este aterrar no Tejo. Ganhar em Vila do Conde.

Weigl
Evitou in extremis a primeira assobiadela à meia hora de jogo num jogo em que a sua falta de agressividade se tornou mais flagrante. Eliminações à parte, tem sempre piada ver um alemão à rabia com meia dúzia de brasileiros. No final perguntou aos colegas o que se passava para tanta gente ter saído do estádio a 15 minutos do fim. Espero que ninguém lhe tenha dito que isto é o Benfica. Ganhar ao Santa Clara.

Taarabt
Mais uma noite esteticamente aprazível de um espírito livre que foi dos poucos a saber ridicularizar a mão cheia de ucranianos mais habilidosos do que nós. Como todos os espíritos livres, vai levantando poeira sem olhar para trás, para o território de guerra onde se sucedem as tentativas desesperadas para que Adel continue a ser livre e nós não levemos mais bombocas. Ganhar na Madeira.

Pizzi
Afinal temos Pizzi nos jogos europeus. Uma assistência e um grande golo. Pena que no dia em que ele aparece para se mostrar à Europa outros colegas tenham feito gazeta. Ainda assim, foi um de dois mitos que caíram esta noite. O segundo foi o tal “Benfica europeu” do qual muito se fala mas que tem a eficácia de uma pulseira Power Balance. Lembram-se? Do Benfica europeu, não das Power Balance. Quero lá saber de pulseiras. Ganhar no Bessa.

Rafa
Eu não sou oftalmologista, mas a qualidade dos passes do Rafa nas últimas semanas sugerem uma visita ao médico ou uma campanha da Alberto Oculista. Ganhar ao Famalicão.

Chiquinho
Apagado que nem aquela lâmpada fundida perpetuamente enroscada no candeeiro lá de casa, que pouco ou nada acrescenta a não ser a necessidade de comprar lâmpadas novas. Que vá a estrutura ao Leroy, agora não tenho tempo. Ganhar ao Vitória.

Dyego Sousa
Alguns momentos auspiciosos. Esteve bem a jogar de costas para a baliza adversária. Terá agora treze oportunidades ao longo dos próximos meses para se virar e quem sabe marcar. Aguardamos ansiosamente. Ganhar na Vila das Aves.

Seferovic
Ganhar ao Sporting. Vender o Seferovic.

Jota
Ganhar no Jamor. Com uma assistência deste miúdo.

Vinícius
Festejar a dobrar, beber até cair e depois pensar se é este o Benfica que verdadeiramente queremos. Eu faço muitas piadas por aqui, mas só porque o Benfica é uma coisa muito séria, para mim e para muitos adeptos. Eu acredito muito no alívio cómico, mas há limites. Parabéns ao nosso Benfica, ao qual devo eterna gratidão."

Um Azar do Kralj, in Tribuna Expresso

Benfica x Shakhtar: Mais um fracasso europeu a ditar o foco no campeonato

"A última vez que o Benfica tinha jogado na véspera do seu aniversário, o jogo havia sido incrível. Incrível para a realidade de hoje. Época 13/14, Benfica 3-0 PAOK. Recordam-se? Talvez não, mas e se vos disser que foi o golo do livre à Panenka do Gaitán? De certeza que agora se lembram. Aos 70' estava 0-0 e aos 80' já estava 3-0. Este jogo seria apenas o 1º obstáculo de uma caminhada que acabaria numa final infortuna da Liga Europa. Caminhada essa que seria composta por adversários como a Juventus e o Tottenham. Dava indícios de ser o início de um projeto denominado Benfica Europeu, que, mesmo assim, já chegaria tarde pois Luís Filipe Vieira disse um dia: «Deixem chegar o Benfica a 2011 e verão que o Benfica será um colosso europeu, para não dizer mundial.»
Seis anos mais tarde, na véspera do 126º aniversário do Sport Lisboa e Benfica, o Benfica recebia no Estádio da Luz o Shakhtar Donetsk, na esperança de virar o resultado de 2-1 da primeira mão. Tendo em conta a exibição da primeira mão, o Benfica estar em posição de disputar a eliminatória era uma situação agradável. Além da "remontada" ser possível, era algo essencial para a continuação do projecto europeu do Benfica. Sobre o onze apresentado, existiam dúvidas quanto ao meio-campo utilizado, qual o segundo-avançado e se a fadiga demonstrada em Barcelos por Vinícius permitiria a Dyego Sousa estrear-se. Lage optou por Weigl e Taarabt no miolo e Chiquinho no apoio a Dyego.
Na primeira parte o Benfica foi superior ao colectivo ucraniano, adiantou-se aos 9' por Pizzi num excelente remate rasteiro colocado pelo Messi de Bragança. Face ao golo, o Shakhtar respondeu passado 3 minutos com um auto-golo azarado de Rúben. Rúben viria a redimir-se aos 36' com um excelente cabeceamento através de um grande salto. O Benfica conseguiu esconder as suas principais lacunas e criar perigo. O Shakhtar jogava na expectativa, aguardava que o Benfica passasse para a frente da eliminatória para acelerar o seu jogo. Os visitantes criaram apenas perigo na sequência de uma fífia monumental de Grimaldo, enquanto que o Benfica fez uma primeira parte aceitável, acabando com 4 remates à baliza.
Na segunda parte, o Shakhtar provou mesmo que utiliza um conceito apenas familiar para os jogadores de FIFA. Chama-se "kick-off glitch" e consiste em marcar golo logo após marcar, ou vice-versa. O Benfica foi a vítima. Dos 5 golos marcados pelo Shakhtar na eliminatória, 3 foram apontados num espaço de tempo inferior ou igual a 6 minutos após sofrer. Não sei se é mais mérito dos ucranianos na reação ou demérito da defesa de "manteiga" do Benfica. O Benfica marcou por intermédio de Rafa aos 47' depois de uma pressão bem executada que culminaria num erro da defesa adversária. Passado 2 minutos, lá está o conceito apresentado anteriormente e, adivinhe, golo do Shakhtar. A partir daqui as lacunas do Benfica ficaram mais expostas. Foi visível o nível fraco do processo ofensivo dos encarnados e o desastroso processo defensivo. O Shakhtar tomou as rédeas do jogo e fechou a eliminatória aos 71'. O Benfica falharia o acesso aos oitavos de final da Liga Europa, sendo eliminado nos 16 avos da competição.
Voltando atrás no texto, no que resultou esse tal Benfica Europeu? Passado seis anos, o Benfica foi eliminado em casa com justiça, na primeira fase de uma competição feita para quem falha o acesso à fase seguinte da Liga dos Campeões. Foi o culminar da vergonha que tem sido o Benfica Europeu. Desde a campanha de 13/14 referida anteriormente, O Benfica somou: Em 14/15, um 4º lugar num grupo fácil da Liga dos Campeões; Em 15/16, chegou aos quartos-de-final da mesma competição; Em 16/17 chegou aos oitavos-de-final; Em 17/18, somou uns incríveis 0 pontos num grupo composto por duas equipas de nível de Liga Europa; Em 18/19, foi eliminado nos quartos-de-final da Liga Europa pelo Eintracht Frankfurt. Este ano, o Benfica foi eliminado pelo Shakhtar nos 16 avos-de-final da Liga Europa.
O que é então o Benfica Europeu? Nada mais nada menos do que um autêntico falhanço. Depois de duas finais consecutivas da Liga Europa, o projecto descarrilou por completo. O Benfica venceu duas Ligas dos Campeões e o aniversário do clube merecia ser festejado após uma vitória, recordando toda a história de um clube grandioso até hoje, e não desta maneira. É necessário haver uma reflexão sobre a posição do Benfica na Europa. A caminhada continua, como todos os anos, no campeonato. O Benfica procurará manter a hegemonia nacional, sem almejar a voos europeus. A próxima batalha é na segunda-feira, em casa contra o Moreirense e não se exige menos do que uma vitória com uma boa exibição de redenção face ao que aconteceu hoje.

Notas de jogadores:
Odysseas: 6
Defendeu o que era possível defender. É jogo atrás de jogo uns dos melhores em campo ou mesmo o melhor.
Tomás Tavares: 3
Na primeira parte não esteve mal a atacar. Na segunda parte, desapareceu do processo ofensivo e mostrou grandes debilidades a defender. Má exibição.
Rúben: 6
Talvez o melhor a par de Taarabt, teve azar no auto-golo mas fez uma boa exibição.
Ferro: 6
Parece ter recuperado a confiança que demonstrou a época passada. Exibição sólida.
Grimaldo: NA
Peço que me ajudem a descrever a exibição do Grimaldo pois sinto que sou muito mau com eles. Se não quiserem colaborar, é exactamente o que foi escrito nas outras crónicas.
Weigl: 5
Se por um lado, no plano ofensivo esteve melhor do que nos outros jogos. Por outro lado, defensivamente esteve pior do que nos outros jogos.
Taarabt: 7
O único que leva o jogo para a frente. Tem jogado praticamente sozinho nos últimos jogos. Foi o melhor esta noite.
Rafa: 5
Fez uma exibição mediana. Não acrescentou muito ao jogo.
Pizzi: 6 
Esta foi a melhor exibição que fez nos últimos jogos. Esteve mais ativo do que tem estado. 
Chiquinho: 4
Exibição infeliz. Acho que Chiquinho rende mais se jogar na direita e Pizzi tem características que indicam que dará um bom segundo-avançado. Tentar não custa.
Dyego Sousa: 5
Exibição esforçada, fisicamente parece não estar pronto para fazer mais do que uma parte em campo. Mostrou pormenores melhores do que Seferovic nos últimos jogos.
Seferovic: NA
Semelhante a Grimaldo. Peço que me ajudem a descrever a exibição do Grimaldo pois sinto que sou muito mau com eles. Se não quiserem colaborar, é exactamente o que foi escrito nas outras crónicas."