"O Ministério da Educação já está a preparar a formação de autarcas que vão ter responsabilidades neste sector, de modo a não haver sobressaltos com a transferência da Educação para as Câmaras Municipais.
Eram dois irmãos nascidos e criados no Distrito de Coimbra, um foi para professor, profissão que sempre quis abraçar, desde criança, o outro foi empresário de sucesso, na sua terra, e criou fama, o que o levou a concorrer a Presidente da Câmara local, já que tinha grandes apoios do meio empresarial, e dos negócios locais. Ganhou a Câmara!
De um dia para o outro foi confrontado com o problema mais sério da vida dele, segundo confessou a amigos íntimos. Não percebia nada da problemática da Educação, foi sempre gestor e homem de negócios, e de repente vê-se no papel de responsável pela Educação, do seu Concelho, depois da aprovação na Assembleia da República da transferência da Educação, nas Escolas Públicas, para as Autarquias. Era a aplicação do projecto de descentralização, que iria abrir caminho à regionalização, única forma de salvar a coesão social do País, e de tornar mais iguais os portugueses, independentemente da zona onde vivem. Claro que o objectivo imediato era salvaguardar e evitar a desertificação do Interior, com a emigração dos jovens que ali nunca teriam futuro, nem possibilidade de emprego e de constituir família.
É de facto um projecto interessante, justo, racional, lógico, desafiante e a única maneira de salvaguardar a unidade da Nação, ou seja, a coesão, a comunhão e orgulho de um passado comum, de um presente comum, e de projectos comuns, para o futuro, como Renan nos ensinou.
É tão justo e lógico que ninguém pode estar em desacordo!
Então o que fez o presidente da Câmara local? Começou por nomear o irmão como seu assessor para o novo pelouro da Câmara, a Educação, e enviou dois autarcas para Lisboa, para frequentarem o novo curso que o Ministério da Educação já está a preparar, para formar os autarcas que vão ter responsabilidades, neste sector, de modo a não haver sobressaltos com a transferência da Educação para as Câmaras Municipais, e tudo isto com o apoio da “C.N.E.” como fruto da antecipação para os problemas futuros, como sempre foi seu apanágio, já que tinha chamado a atenção para esta necessidade muito antes da ideia ter surgido.
Como disse Max Cunha, governar é antecipar o futuro.
Na qualidade de ex-docente, durante várias décadas, no Ensino Superior, e não só, e ainda como sociólogo, regozijamo-nos com toda esta coordenação que antecipou soluções e evitou, com certeza, desarticulação, desnorte, resistências e até “sabotagens”, como é normal, quando surge qualquer projecto educativo, com mudança de tutela, que, por sua vez, exige mudança de atitude mental, com espírito aberto de colaboração e de entreajuda, com todos, e não só, como até agora, só com alguns.
Esta transferência, quanto a nós, é muito positiva, porque despartidariza a Educação Nacional, que deixa de estar nas mãos de um só partido e passa a ser plural e, verdadeiramente, democrática.
Este é o nosso contributo para a questão presente e é uma pequena contribuição, pelo muito que recebemos do Estado.
P.S. – Este artigo é pura ficção, pois nada disto existe na realidade..."
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