""Foi um dos golos mais ridículos da história do futebol"
No dia seguinte, ao jogo Lituânia-Portugal, os jornais de todo o mundo celebravam os 4 golos marcados por Cristiano Ronaldo. Era o regresso do Rei, mais uma exibição fantástica, o maior do mundo no seu melhor.
Se eu não tivesse visto a última meia de hora de jogo, não perceberia. Se tivesse saído quando o relógio marcava 60 minutos, a minha impressão seria a oposta: Ronaldo não jogara nada. Fora um zero à esquerda, uma desilusão para os seus fãs.
A verdade é que, aos 60 minutos, o marcador registava 1-1. E o golo português fora marcado de penálti, logo a abrir o jogo. A partir daí, fora um deserto. Portugal não voltara a marcar nem conseguira claras situações de golo. Quem marcara haviam sido os pobres lituanos, que à partida pareciam condenados à humilhação.
Como o comentador da RTP recordava, a selecção portuguesa valia 600 milhões de euros, e a da Lituânia valia 11. Ou seja, quase 60 vezes mais! Se os milhões valessem resultados, Portugal deveria ganhar por 60-0. Mas felizmente não é assim.
Passada essa primeira hora de jogo, eu pensava com os meus botões: será possível que um ataque que conta com Bernardo Silva, uma das estrelas de uma das grandes equipas do mundo, o Manchester City; que conta com Cristiano Ronaldo, várias vezes considerado o melhor jogador do mundo; que conta com João Félix, protagonista da maior transferência mundial deste ano e uma das maiores de sempre, não consiga marcar um golo de bola corrida à selecção da Lituânia?
Eles andavam para ali a correr, mas nada lhes saía bem. Bernardo fazia umas fintas mas era inconsequente; Félix não fazia nada; e Ronaldo era uma nulidade: não conseguia progredir, falhava consecutivamente os remates.
Mas foi num desses falhanços que tudo mudou de repente. Ronaldo, em mais uma tentativa, acertou nas orelhas da bola, que saiu dos seus pés fraquíssima. O guarda-redes lituano, que tinha feito duas ou três grandes defesas, lançou-se ao chão à confiança para agarrar a bola – mas esta, inexplicavelmente, bateu-lhe nas luvas e subiu. O homem ficou a olhar para todos os lados a ver onde a bola estava; e nisto sentiu a bola bater-lhe na nuca e entrar vagarosamente na baliza.
Foi um dos golos mais ridículos da história do futebol. Mas atribuído incorrectamente a Ronaldo, espevitou-o. Logo a seguir, ele surgiu à frente de toda a gente para desviar um centro para dentro da baliza. E pouco depois aproveitou um passe largo da direita para bater a bola rasteira para o lado contrário, fazendo o seu melhor golo.
Há coisas assim… Jogos em que as equipas e as suas estrelas não estão a jogar nada – e de repente, por um acaso da sorte, tudo se resolve. E resolve-se tão bem que, no dia seguinte, a sua vedeta é celebrada em grandes parangonas por todo o mundo."
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