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quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Quando os “pequenos” são já... enormes

"Por estes dias (mais especificamente, na passada segunda-feira) retornaram a Portugal os 47 atletas que representaram Portugal, naquele que é um dos maiores espectáculos desportivos de jovens – com eles, regressaram também equipas técnicas, médicas e restante staff.
Em boa medida, a generalidade dos Portugueses ter-se-á apercebido muito pouco deste evento ou não ocupassem as grandes parangonas de jornais e quase a totalidade da cobertura televisiva desportiva, as temáticas relacionadas com o arranque da época nos diferentes clubes de futebol e as quantias astronómicas investidas no mercado de transferências – não se aperceberam deste e, pelas mesmas razões, dos que mais vierem durante o verão (se calhar, mais uma realidade à espera de ser “normalizada” com o sistema de cotas).
Possivelmente, no aeroporto, esperou-os apenas a família (uma família que, desde há muito, faz girar toda a sua dinâmica diária em volta do calendário desportivo dos jovens e que, em múltiplos momentos, tenta mediar os “conflitos” que possam existir com as responsabilidades escolares) e, talvez, alguns amigos que não estejam de férias.
E, este tipo de fenómenos é, em boa verdade, lamentável.
Entenda-se: não por eles, mas por todos “Nós”, pois ilustra um fiel retrato do que valorizamos enquanto Sociedade – algo que mereceria, de certo, uma aturada e profunda reflexão sobre que valores pretendemos disseminar (e fazer Sentir) nas gerações emergentes (aquelas que, daqui a uns anos, assumirão cargos de marcada influência no futuro dos portugueses).

”De Pequenino Se Torce o Pepino...”
“Pequenos” só na idade (14 a 17 anos)... Afinal, qualquer um destes jovens integra já na sua disciplina diária um esforço, dedicação, capacidade de sacrifício e compromisso suficientes para deixar Todos os Portugueses extraordinariamente orgulhosos com a Sua Participação.
E esta, para muitos, foi a sua Primeira Participação num grande Evento Multidesportivo, uma experiência que poderá impactar significativamente a sua carreira.
Um evento para o qual trabalharam toda uma época desportiva (perdão, uma Vida), onde uma das principais competências terá sido conseguir conciliar os desafios da sua vida académica (cerca de 8h a 9h de aulas e estudo diários, a articulação de calendários de provas com professores – infelizmente, ainda não suficientemente “colaborantes”, enquanto classe – e o próprio desempenho em situação de avaliação), com a sua vida desportiva (mais de 20h semanais – muito mais – dedicadas a treinos, provas, fisioterapia, acompanhamento nutricional, psicológico..).
Numa conta rápida, estes “miúdos”, por paixão, entregam quase 80h semanais de trabalho para tornar o seu sonho possível (e o dos portugueses, ainda que o reconheçam apenas através de “medalhas”). 
Teria sido extraordinariamente importante (uma vez mais, para nós enquanto Sociedade) fazê-los sentir que Experimentar Desafio, Alegria, Equipa, Solidariedade e o “simples” Prazer pela Participação - pilares fundamentais para o seu futuro enquanto Pessoas e o Nosso Desenvolvimento enquanto Sociedade, teriam sido suficientemente importantes para ter algum reconhecimento aquando do seu retorno.
Teria sido, igualmente, importante um movimento global de reconhecimento às famílias que, dia após dia, se dedicam com a mesma entrega, capacidade de sacrifício e de superação ao suporte do sonho destes jovens (algo que, a título de exemplo, o Comité Olímpico de Portugal já procura fazer, ao reconhecer a sua importância através da recém criada Unidade de Apoio às Famílias).
Ou não fossem, indubitavelmente, uma fonte de inspiração para todos nós, no que respeita à capacidade de trabalhar em frustração, com dor, com medo e, ainda assim, persistir até que surja a enorme satisfação da superação."

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