"Ângelo viu o sonho de jogar futebol ser recuperado no Benfica.
Com 17 anos, tinha tudo acertado com o FC Porto para começar a sua primeira época no futebol. Contudo, quando os portistas deram seguimento ao processo na Associação de Futebol do Porto foram confrontados com a informação de que o Académico tinha entregue a ficha do mesmo jogador. A inusitada situação motivou a que a AF Porto abrisse um processo e 'as conclusões do inquérito motivaram a irradiação de Ângelo e de um dirigente do Académico', pelo facto de o jogador, com 15 anos, se ter comprometido com os academistas. A lei não permitia que jogadores com idade inferior a 17 anos se comprometessem ou praticassem futebol como federados.
Impossibilitado de praticar a modalidade de forma oficial, passou a jogar nos Campeonatos Corporativos, representando a Fábrica da Silva Renito. Com o seu enorme talento, despertou a atenção de um adepto benfiquista residente no Porto, que o elogiou a um consócio lisboeta, que por sua vez transmitiu a informação a Francisco Retorta.
O vice-presidente do Benfica mostrou-se interessado e pediu que o jogador se apresentasse no Clube para o aliviarem. O treino correu de feição a Ângelo, afirmando: 'a verdade é que a bola pareciam mais um íman a atrair uma barra de ferro do que propriamente umas botas de futebol'. Agradou ao técnico Ted Smith e o Benfica iniciou o processo junto da Federação Portuguesa de Futebol para que o seu caso fosse revisto. Os trâmites foram morosos, demoraram um ano. O ano mais longo da vida de Ângelo, em que já se imaginava a jogar de 'águia ao peito'. A FPF acabou por despenalizar o jogador.
Com a situação resolvida, estreou-se pela equipa de honra a 9 de Novembro de 1952, frente ao Barreirense, em substituição de Moreira, que estava castigado. Os 'encarnados' venceram por 3-0 e Ângelo foi muito elogiado: 'não se deslumbrou nem se atemorizou com o ambiente. Revelou personalidade e qualidades que fazem augurar-lhe um bom futuro. (...) Passa com precisão, sabe estar no 'seu sítio', e, quer quando ataca, quer quando defende, é um médio do tipo 'carraça', que não volta a cara e que nunca abdica' de lutar. Era o início de uma carreira recheada de títulos, com o ponto alto a ser a conquista de duas Taças dos Clubes Campeões Europeus.
Saiba mais sobre este magnífico jogador na área 23 - Inesquecíveis do Museu Benfica - Cosme Damião."
António Pinto, in O Benfica
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