"Extremo disse na última semana adeus à Selecção Nacional
João "Betinho" Gomes anunciou a sua retirada da Selecção Nacional de basquetebol. Aos 34 anos, a gestão da sua carreira desportiva aconselha-o a abdicar da equipa das quinas numa lógica de economia de esforço que lhe permitirá jogar mais umas épocas ao alto nível e com qualidade. A verdade é que nas últimas convocatórias a sua participação já não havia sido regular, tendo em conta as lesões que o foram apoquentando.
João Roberto Correia Gomes, nascido na ilha do Fogo, em Cabo Verde, e cujo pai era conhecido por "Beto" e daí ele ter ficado para sempre, e orgulhosamente, como o "Betinho", começou a jogar no nosso país em 2002, no FC Barreirense. Em termos de clubes, a sua trajectória incluiu Benfica, Breogán e Andorra (Espanha), e ainda Trento (Itália), clube que ajudou a terminar em 5º lugar a Lega Basket Série A na época corrente.
O ano de 2007 foi muito importante para o "Betinho". Primeiro, foi convidado para o Eurocamp de Treviso onde chamou a atenção de algumas equipas da NBA e esteve às portas de ser uma escolha do Draft desse ano. Tal não veio a acontecer, por muito pouco, mas nunca deixou que isso lhe subisse à cabeça e apresentou-se nesse verão pronto para discutir a vaga de naturalizado com o Carlos Andrade na selecção que, pela primeira vez na história, tinha conseguido o apuramento para uma fase final.
Eu, que tive o privilégio de assistir a essa "luta" pela vaga de naturalizado, considero-a, simultaneamente, dos momentos mais belos e mais injustos que alguma vez vivi na modalidade. Belo, pela forma como o "Betinho" e o "Carlão" trabalhavam, se entregavam, se ajudavam, verdadeiros irmãos que constituíram um exemplo para todos. Injusto porque o Carlos devia ser considerado pela FIBA português tal como a sua irmã e, pese embora todos os esforços realizados, esse "erro" só foi corrigido anos mais tarde. No momento da decisão pesou uma lesão contraída pelo Carlos no último estágio que acabou por dar a oportunidade ao "Betinho" de fazer parte de um momento histórico para o nosso basquetebol.
Dessa geração de ouro, tão bem liderada pelo major Valentyn Melnychuck, entretanto já se retiraram o Miguel Minhava, o Sérgio Ramos, o Paulo Cunha, o Francisco Jordão, o Filipe da Silva, o Jorge Coelho, o Paulo Simão, o Élvis Évora, o Miguel Miranda e o João Santos. O Mário Fernandes ainda joga na Liga embora já não faça parte dos planos do seleccionador nacional Mário Gomes. E o miúdo da altura - o "Betinho" - era até agora o último representante desse tão inesperado quanto brilhante 9º lugar em Espanha.
Ainda assim, mesmo para muita gente que acompanha o basquetebol, o "Betinho" é um ilustre desconhecido. Não só porque porque tem estado emigrado nos últimos anos mas, principalmente, porque não se cultivam referências por cá. É que a generalidade das pessoas não gostam de desporto, nem da modalidade basquetebol. As pessoas gostam apenas do seu clube. E ponto. Haverá melhor exemplo que o da Ticha Penicheiro que entrou este fim de semana, quase incógnita, para o Women"s Basketball Hall of Fame? Ah pois é... não é do Benfica, nem do FC Porto, nem do Sporting..."
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