"Rogério destacava-se pela sua elegância dentro e fora das quatro linhas
Rogério Lantres de Carvalho 'nasceu para jogar a bola, pois viu a luz nem meio futebolista e em casa de futebolistas'. Deu os seus primeiros passos no futebol no Chelas FC, clube que o seu pai ajudara a fundar e onde o seu irmão era considerado um dos melhores jogadores. Esteve perto de ingressar no Sporting, mas foi no Benfica que o avançado viria a fazer grande parte da sua carreira.
Em 1942/43, por 26 contos, deu-se a sua transferência do Chelas FC para o clube encarnado. Estreou-se com 19 anos, revelando logo a sua veia goleadora. Desde então, Rogério foi um elemento fundamental nas conquistas, assumindo-se como um dos melhores marcadores da equipa.
Entre os colegas ganharia a alcunha de 'Pipi', por se vestir de forma sempre elegante. Mas dentro de campo, Rogério também tinha um estilo inconfundível, era um jogador completo de grandes recursos técnicos.
Em 1949/50, o Benfica viveria uma das suas épocas de ouro com a vitória na Taça Latina, a sua primeira conquista internacional. Ficaria na memória de todos a imagem de Rogério a erguer bem alto e troféu. Quando chegou à cabina com a Taça Latina nas mãos, um jornalista perguntou-lhe: 'Porque foi recebê-la se não era o capitão? Não sei explicar... com o entusiasmo e a invasão do público, todos perdemos a cabeça. Senti-me empurrado e, quando deu por mim, estava na tribuna diante do Ministro. Foi o momento mais feliz da minha carreira!'. Foi uma honra inesperada, mas merecida, 'pois o genial jogador produziu nesse jogo um esforço enorme, em que pôs toda a magnífica subtileza do seu futebol maravilhoso'.
Mas os grandes feitos de Rogério estão sobretudo ligados à Taça de Portugal. Tornou-se no jogador com mais golos marcados em finais da prova rainha, um total de 15! A final de 1952, frente ao Sporting (v 5-4) foi memorável, rubricou um fantástico hat-trick, marcando o golo da vitória a 15 segundos do fim!
Em 1954, com a aposta na profissionalização do futebol, optou por não deixar o seu emprego de vendedor de automóveis e sair do Clube, após 12 épocas e 10 títulos conquistados.
Rogério foi, sem dúvida, 'um caso à parte pela exuberância técnica de que deu mostras ao longo da sua carreira, pelo seu estilo elegante, pela beleza das suas fintas, pela maneira ímpar como cobria o esférico, pelos seus «toque» de cabeça a colocar a bola no sítio devido, pela fulgurância do seu pontapé, pelos seus passes medidos com matemática precisão'. Uma verdadeira lenda do futebol benfiquista!
Saiba mais sobre este jogador fora de série na área 23 - Inesquecíveis do Museu Benfica - Cosme Damião."
Ana Filipa Simões, in O Benfica
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