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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Vencer com brilhantismo

"Imprevisibilidade do Benfica, com e sem bola, e qualidade individual fizeram a diferença

Qualidade
1. O Chaves abordou este jogo de uma forma organizada, optando por um bloco baixo, com todos os jogadores atrás da linha da bola, criando algumas dificuldades ao Benfica nos minutos iniciais. Com isto, com a linha defensiva baixa, com os sectores muito próximos, fechou muito bem o corredor central, o que retirou espaço entre linhas aos jogadores do Benfica e espaço nas costas da linha defensiva, com Félix, Seferovic e Rafa (este procura mais movimentos de ruptura que Pizzi) a não conseguirem privilegiar esse espaço nas costas, já que ele não existia. Aqui, veio ao de cima toda a qualidade do Benfica, que com paciência, muita paciência (76 por cento de posse de bola na primeira fase do jogo), chegou ao primeiro golo. A partir o jogo ficou mais aberto, com mais espaços, o que acabou por beneficiar o Benfica, e com isto, o próprio jogo.

Variabilidade
2. A maneira como o Benfica olha para o jogo, a maneira como os jogadores o pensam, como se relacionam entre eles, a relação com o espaço (a agressividade na procura deste) e com o tempo, aliando a isto toda a imprevisibilidade, com e sem bola, com a qualidade individual, fez toda a diferença, acabando por desbloquear um jogo que nos minutos iniciais aparentava não ser fácil.

Dinâmica ofensiva
3. A dinâmica dos seus jogadores: Seferovic a trabalhar a profundidade e a esticar o sector defensivo do Chaves, possibilitando que Félix, Pizzi e Rafa pegassem no jogo por dentro, mas muitas das vezes caindo também em corredor lateral e baixando na procura do espaço entre linhas, sendo que neste momento Rafa e Félix procuravam movimentos de ruptura, ia colocando dificuldades ao seu adversário (só nos primeiros 30 minutos Rafa tem quatro situações para poder finalizar com golo). Pizzi constantemente a procurar movimentos interiores, o que permitiu aos laterais envolverem-se constantemente no processo ofensivo, criando também eles alguns desequilíbrios. Uma nota também para Gabriel, muito forte no primeiro momento de construção, tento em apoio como a procurar a largura e a profundidade dos elementos mais avançados.
O Benfica controlou todos os momentos de jogo, sempre com o intuito de criar perigo e fazer mossa, o que valoriza muito o jogo, o jogar e os próprios jogadores.

Transição defensiva
4. As equipas que melhor defendem não são obrigatoriamente as que mais defendem. De todos os momentos de jogo, este desperta muito a atenção. A maneira como o interpretam, o objectivo de recuperar o mais rápido possível a bola após o momento da perda (só isto justifica a quantidade de faltas cometidas no meio campo ofensivo), torna esta equipa fortíssima. Ver jogadores como Pizzi, Félix, Seferovic, Rafa (amarelo por anular a transição ofensiva do Chaves), Gabriel, Florentino, toda esta reacção colectiva, faz com que este Benfica raramente se apresente desequilibrado defensivamente e esteja sempre muito próximo da baliza dos adversários.

Seferovic-Félix anti-rotatividade
5. Bruno Lage já nos habituou a uma rotatividade entre os vários jogadores, tanto do sector defensivo como do sector intermédio. Quanto ao sector avançado, tem optado sempre pela dupla Seferovic-Félix, podendo isto parecer um pouco estranho estando como segunda opção um jogador de tamanha qualidade como Jonas.
Avaliando pelo rendimento, estes dois jogadores que têm sido sempre opção inicial, levam em 12 jogos, entre golos e assistências, 27 golos. Recordo-me de uma frase de outro génio que por ali passou, Pablo Aimar, que dizia que «por vezes há dois jogadores que se entendem só de olhar um para o outro, ainda que haja outro que, individualmente, seja melhor que eles», não estando ou com isto a compará-los, já que são três jogadores de imensa qualidade."

Carlos Pinto, in A Bola

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