"O futebol são onze em campo e todos nós na bancada. Mas este ‘nós’ está longe de ser uma entidade colectiva, abstracta. É, no essencial, um conjunto de ligações individuais com o que se passa no relvado, feitas de pequenas escolhas, determinantes para o desenrolar do jogo. Cada um que se senta na bancada participa de facto na partida, não necessariamente com cânticos, aplausos ou pressão sobre a arbitragem. Não fora assim, não fazia sentido nem a paixão, nem muito menos o empenho com que, semanalmente, nos deslocamos ao estádio.
Lembrei-me disto quando ouvi, no lançamento do jogo, Rui Vitória prometer "arranjar uns pequenos truques para ganhar ao Porto". Em campo, não dei propriamente pelos truques: vi antes um Benfica determinado, com uma abordagem estratégica inteligente – durante parte do jogo expectante e, depois, na segunda metade, com Rafa em campo, capaz de desbloquear a partida. Mas também vislumbrei duas equipas preocupadas, acima de tudo, em se anularem mutuamente, com um futebol físico, dividido em duelos aéreos e com ideias de jogo sofríveis.
Estou, no entanto, convencido de que o que pode ter colocado justiça no resultado, oferecendo-nos a vitória, não foi nada disso, mas, antes, a atenção com que preparei a minha relação com o jogo. Desta feita, não facilitei: levei o mesmo polo com que havíamos vencido da última vez no Jamor; fui rigoroso com os lugares em que os miúdos se sentaram; a caminho do estádio enviei as SMS da praxe e subi os degraus até ao 3.º Anel com o pé certo. Faz parte dos meus truques e essa é mais uma razão pela qual não sou treinador do Benfica."
Sem comentários:
Enviar um comentário
A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!