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domingo, 10 de setembro de 2017

Primeiro nós? Melhor, é para todos

"A Federação Inglesa (FA) decidiu, em função das inúmeras questões levantadas pela enorme janela de transferências no futebol, que, em Inglaterra, o mercado passa a fechar na quinta-feira anterior à 1.ª jornada do campeonato.
A UEFA e o seu Presidente, Clubes da Premier League, treinadores participantes no Fórum de Treinadores de Elite da UEFA (recentemente ocorrido em Nyon, onde estiveram também quatro treinadores portugueses: José Mourinho, Leonardo Jardim, Rui Vitória e Sérgio Conceição), concordaram maioritariamente, sem unanimidade.
Foi uma decisão interessante contudo, como vem sendo hábito nestas instituições, com ausência de plano global e estruturado.
Ou seja, os jogadores de clubes ingleses que sejam alvo dos emblemas de outras ligas que não adoptem essa data limite mas mantenham a de 31 de Agosto, podem ser contratados embora fora da Liga Inglesa.
E os clubes ingleses podem vender para essas ligas que mantenham o limite actual, embora estejam impedidos de o fazer para clubes da sua liga.
Essa decisão resolveu o quê? Muito pouco ou quase nada. Os mercados emergentes, a manter-se a tendência, vão ocupar lugares cimeiros em termos de investimentos no futebol. Os casos Neymar e Mbappé são só dois exemplos do que pode vir a generalizar-se.
A grave cise económica que abalou o mundo resultou também de “má conduta e por mentir a investidores” (decisão do Departamento de Justiça dos EUA para com o Goldman Sachs, que por isso foi fortemente multado). Bernard Madoff foi outro dos responsáveis que foi condenado a longa pena de prisão.
A volatibilidade dos mercados financeiros, as estratégias com investidores de capital de risco, a “Estização” do poder económico (China, Arábia Saudita, etc), a apetência pelo mediatismo, a deslocalização de grandes eventos (por exemplo, Mundial de Futebol do Catar 2020), a corrupção e a grande dificuldade em ser detectada, a politização do poder do futebol, os paraísos e regimes fiscais completamente diversos, a força crescente das apostas desportivas para níveis impensáveis e com risco de interferência de viciação de resultados, são muitas das questões a colocar para se poderem prever rumos e anteciparem decisões.
A FIFA, como entidade planetária, tem de ser envolvida na versão final de uma regulamentação adequada aos sinais dos tempos e de assumir controlo exemplar e sem mácula.
Prestigiando-se e derrotando condições favoráveis a corrupção, a FIFA, com o apoio das Confederações Continentais e, portanto com todas as Federações Nacionais, tem o dever de defender o futebol com competência.
A única linguagem comum à escala planetária, o futebol, mais do que competição e negócio é acima de tudo uma expressão do génio humano.
Não decidam alterações sucessivas para experiências contínuas de pormenores insignificantes. Construam planos estáveis e evolutivos, projectos diferenciados localmente mas integrados num mesmo conceito global.
Não parem de investigar, de perguntar, de conhecer as realidades e as preocupações.
O futebol mantém-se como fenómeno intergeracional vivo, motivador, imparável, livre na criatividade.
Impedir as ameaças, travar os exageros, equilibrar as decisões sem perder a noção do conjunto, só com grandes “equipas”.
Se em cada Federação se criar um grupo de “pensadores do futebol” para tentarem antecipar problemas e sugerirem caminhos, já poderia ser um bom pontapé de saída, desde que a escolha nunca seja condicionada. Os dirigentes têm uma importante palavra a dizer para que possam ser aceites como determinantes no futuro da modalidade.
Não se pode sequer imaginar que um forte grupo económico com a conivência de apoio local possa interferir directamente (através de contratações que “destruam” equipas) para mudar o poder numa dada região e beneficiar ainda com jogos de apostas.
Coerência, responsabilidade e competência podem ser “excelentes reforços” para um aberto jogo vitorioso de inclusão e nunca um jogo fechado por interesses alheios e estranhos."

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