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quinta-feira, 14 de setembro de 2017

'Hooligans'

"O hooliganismo tomou definitivamente conta do futebol português, mas o estranho é que neste caso os hooligans são os dirigentes dos clubes, através de comportamentos destrutivos e desregrados, semeando a violência verbal, o vandalismo intelectual e a desordem geral. Partem do fanatismo e alimentam-se do caos, do ruído e da anarquia para abafar os golpes do insucesso próprio e do sucesso alheio. Selvagens de fato e gravata que atacam tudo e todos sem só nem piedade, em nome de uma glória vindoura, invocando uma guerra santa que mais não é do que terrorismo.
Os adeptos, esses, transformam-se em exércitos de ódio compostos por soldados sem alma, sem crítica, espumando raiva, orgulhosamente comprometidos com a loucura dos pequenos e ridículos generais que os manipulam e treinam como se fossem fantoches. Os que resistem a entrar nesta luta são considerados traidores, desertores, todos devem cerrar os punhos e pegar em armas.
Nas televisões e nas redes sociais, a cada semana, soam bem alto os tambores de guerra, anunciando-se novas frentes de batalha. Limpam-se os punhais manchados de sangue a cada post no Facebook, cada tweet no Twitter, cada comunicado, cada entrevista circense à televisão do clube, sem limites para a cegueira, parcialidade e hipocrisia. Palhaços ricos com espírito pobre.
Teremos nós coragem de fazer com os nossos dirigentes hooligans o que os ingleses fizeram com os seus adeptos hooligans? Ou vamos continuar simplesmente à espera de um milagre que lhes mude os comportamentos? De uma tragédia que nos faça arrepender da passividade?
Esta gente tem de ser banida do futebol, não pode continuar a gozar com regulamentos e castigos de escola primária. O futebol português está a morrer e amanhã pode ser tarde de mais. É uma questão de coragem. Antes uma guerra pela paz do que a paz da guerra."

Gonçalo Guimarães, in A Bola

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