"Dizem os entendidos que a vitela assada que se come na Taberna da Esquiça é das melhores do norte de Portugal. Por isso, qualquer visita, desde que tenha propósitos gastronómicos, à derradeira casa de pasto de Fafe, estará sempre mais do que justificada.
Porém, desgraçadamente, não tem sido pela boa mesa que a Taberna da Esquiça salta, volta e meia, para o primeiro plano da actualidade nacional. O facto do proprietário ser pai de um árbitro de futebol tornou a casa de restauração de Fafe num alvo prioritário de hooligans, que procuram coagir não só o árbitro-filho-do-dono mas toda a classe, perante a indiferença das autoridades policiais e desportivas.
Nos últimos anos, ao contrário do que seria natural, as condições de segurança dos árbitros de futebol em Portugal degradaram-se muito: moradas e telefones devassados, familiares ameaçados, estabelecimentos (sejam talhos ou casas de pasto) vandalizados, num crescendo a que ninguém, na esfera desportiva, parece muito empenhado em pôr fim.
Numa altura em que a Liga dos Clubes é presidida por um ex-árbitro, o Conselho de Arbitragem é liderado por um ex-árbitro e a APAF recolhe o apoio da classe, custa a crer que ninguém faça nada, que não haja quem se indigne para além do politicamente correcto, que não sejam pedidas responsabilidades, que não se exija a intervenção das forças policiais.
O futebol português, tão forte na formação é tão competente na forma como se sagrou campeão europeu, está forçado, parece, a conviver com este pântano, onde alguns se sentem bem. Porque será?"
José Manuel Delgado, in A Bola
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