"1. «Em Portugal gosta-se mais dos clubes do que de futebol». Mais palavra menos palavra, foi isto que Jorge Jesus disse um dia, ainda era treinador do Estrela da Amadora. Já à data o actual técnico do Sporting aludia ao modo como a clubite se sobrepõe à paixão do jogo pelo jogo.
Recordo-me dessa observação em muitos momentos da época quando vejo assistências deprimentes em jogos da Liga que nem sequer chegam ao milhar. E faço sempre a mesma pergunta: por que motivo enchem os campos dos pequenos quando está em causa, naqueles 90 minutos, a subida de divisão ou a permanência? Porque naquelas tardes/noites há um desígnio em causa. Ninguém quer saber de ópera. Nem de rock n'roll. O espectáculo pouco interessa. A equipa pode jogar mal e até marcar um golo com as costas, desde que no fim possa haver arraial. E na época desportiva que se seguirá, novo encontro ficará marcado lá para meados de Maio.
Alterar hábitos enraizados é tarefa difícil. Mas já ficou provado que a actual política de preços não é o caminho. Dois exemplos aleatórios: 10 a 20 euros exigidos para ver o Feirense-Arouca e 15 euros para um acompanhante de sócio assistir ao Belenenses-Tondela, justamente o preço que custa um bilhete para assistir ao Leganés-Corunha, de Liga Espanhola. E não vamos sequer querer comparar o espectáculo e a promoção do mesmo nos dois lados da fronteira.
2. O Leicester decidiu dar um voto de confiança a Claydio Ranieri, apesar de a equipa correr o risco de descer, meses depois de se ter sagrado campeão inglês pela primeira vez em 133 anos de história. Tenho para mim que, ao contrário do que acontece em Portugal, o voto não é um pré-anúncio de despedimento e que as foxes vão mesmo cair. Mas continuarão a ter sempre o estádio cheio."
Fernando Urbano, in A Bola
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