"E porque hoje é dia, ou noite, de clássico, seria suposto que o Dragão estivesse envolto do entusiasmo típico dos grandes duelos. Um Porto x Sporting é sempre, tem de ser, um momento inspirador de superiores expectativas. As mais das vezes com crucial importância para ambos os emblemas. Noutras, sobretudo em anos recentes, já sucedeu os portistas terem recebido os leões sem que as duas equipas parecessem gozar do mesmo estatuto, pois que foram muito raras as ocasiões em que o resultado de tal encontro assumiu papel determinante para a definição do título. Mas não me lembro de uma ocasião como a presente.
A luta para o primeiro lugar goza agora, incrivelmente para os dragões, da mera natureza de, como diriam os clássicos, res inter alios acta, que é como quem diz assunto de terceiros. Ou seja, não importa aos portistas. Essa é a verdade, a triste verdade. Ainda assim, uma questão não pode deixar de ser levantada. Esta: como é possível o FC Porto não ser parte interessada, com legitimidade própria, na querela pela decisão do campeão? Esta é que é a verdade. Trata-se agora de assunto entre terceiros. O que não é apenas mau. É indizível. E, portanto, intolerável.
Não é este o momento para dissecar as causas reais e virtuais desta infeliz circunstância. Tão infeliz que só uma coisa a poderia converter em algo ainda mais amargo: a condescendência, quase piedosa, manifestada pelos técnicos dos dois únicos contendores pelo posto cimeiro da classificação perante o fiasco portista.
De todo o modo, entre Sporting e Benfica o FC Porto não pode ter preferência. Tem é a obrigação de ganhar os jogos por disputar. Que isso implique a entrega do ceptro ao Benfica é para si tão irrelevante como imperativo é prevenir a repetição desta lastimosa campanha."
Paulo Teixeira Pinto, in A Bola
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