"1. Com o arranque do mês de Fevereiro acaba a janela de contratações de inverno e arrancam as decisões finais no que concerne a algumas competições, sejam internas ou europeias. Arrancam esta semana os jogos, em duas mãos, das meias-finais da Taça de Portugal e para a semana de Carnaval estão agendadas - sublinho estão! - as meias finais da Taça da Liga. Mas, aqui, com a certeza que o Sporting de Braga já tem agendado o jogo da Liga NOS contra o Estoril para segunda-feira dia 8 e pré-agendado o confronto com o Benfica para a Taça da Liga para quarta feira dia 10. E na semana seguinte - na semana de 15 - reiniciam-se a Liga dos Campeões e a Liga Europa. Teremos jogos todos os dias. Quase sem pausas. O Benfica, por exemplo, tem nos próximos trinta dias sete jogos. E logo no arranque de Março defronta o Sporting e desloca-se a São Petersburgo para reencontrar o Zenit.
2. Esta semana em Moreira de Cónegos Nico Gaitán proporcionou-nos um momento fantástico. Houve mesmo olhos em bico! O seu golo merece ser visto e revisto. São estes instantes que levam milhares aos estádios. É esta magia que evidencia um jogador de excelência. E que marca a diferença. Bem necessária em alguns jogos e em certas circunstâncias. Mas estes segundos que agora recordamos exigem larguíssimos minutos de compromisso de uma equipa, de um colectivo que agora se sente e se pressente. É este colectivo que também hoje tem de marcar presença em Moreira de Cónegos. Com a consciência que a humildade é uma premissa para qualquer vitória. E é essa também essa força que emerge deste Benfica.
3. A justiça desportiva aí está. Uns apreciam as decisões. Outros contestam o decidido. A justiça é feita por homens e mulheres concretas. Que apreciam, no seu prisma, as normas aplicáveis às diferentes situações. E se há imagens que ajudam à rigorosa delimitação dos fatos mais razões para profundas convicções acompanham as decisões a proferir. Com a consciência que serão objecto de análises, umas cuidadas outras apaixonadas. Dos vouchers ao caso Slimani tudo se discute. E bem. Com visões diferentes, naturalmente. Mas, sempre, e no final espera-se com respeito pelas decisões finais dos órgãos de justiça. Simbolizada esta na figura de Temis, sua deusa, e foi da sua união com Zeus, o símbolo do poder supremo, que nasceram a Eunomia, a boa lei, a Dice, a equidade, e Irene a paz, deusas presentes na construção do Tribunal Arbitral do Desporto. E o nosso Tribunal está, e bem, a dar os seus primeiros passos. Com a serenidade que as circunstâncias impõem!
4. O mundo chinês vai marcar, acreditamos, os próximos tempos do futebol português. Como já marcou um tempo de privatizações em Portugal - com a EDP e a REN, por exemplo - e um tempo de relevantes aquisições de imobiliário na cidade de Lisboa. Falemos de uma organização pouco conhecida nesta Europa em desagregação. A OCX é a organização para a cooperação de Xangai e junta os originariamente designados como os «cinco de Xangai» - a China, a Rússia, o Cazaquistão, o Tadjiquistão e o Quirguistão - a que se juntou, em 2001, o Uzbesquistão. Mas em rigor esta OCX representa a materialização da conhecida, e famosa, Rota da Seda! As duas grandes potências, China e Rússia, estão juntas. Associadas mas em competição. A todos os níveis, incluindo, como bem sabemos em ano olímpico, a nível desportivo. E descobrindo a República Popular da China a força do futebol. A força imensa do futebol. E com um jogador chinês, Zheng Zhi, a ser considerado o futebolista asiático do ano em 2013. Ou o Guangzhou Evergrande, com as suas cores vermelha e branca, a já ser considerado um dos 101 clubes mais relevantes do Mundo! A par do Benfica, do Porto e do Sporting! Ou como, naquele espaço próximo, do sul coreano Pohang Steelers ou do japonês Kashima Antlers. O futebol é identificado, claramente, como um elemento de afirmação e como um espaço de promoção. E como demonstração de efectiva capacidade organizacional. No arranque deste século os chineses viram a FIFA atribuir, de forma original, o Mundial à Coreia do Sul e ao Japão. E participando ela própria nesse Mundial. Imediatamente a seguir tentou a China construir o seu futebol profissional abalado, logo nos primeiros passos, com problemas graves de corrupção. Agora o novo poder político o assume que gosta, e muito, de futebol e deu directas e estritas indicações ao conjunto das principais empresas para apostarem no futebol. Seja no desenvolvimento, com custos milionários, do futebol interno seja na promoção e no patrocínio externo. O que envolve exportação consciente de jogadores, articulação empresarial com empresas que querem entrar no mercado chinês, a compra, directa ou indirecta, de participações em sociedades desportivas e, por último, o patrocínio de competições como estará a acontecer com a nossa segunda liga profissional. A economia chinesa já está no futebol português. No Atlético e no Gondomar, por exemplo. Como no Mafra. Como, sem darem nas vistas, em outros clubes dos campeonatos nacionais. E sabendo nós que o grande líder chinês Mao quis ser guarda-redes e que Deng Xiaoping, o homem que marcou e moldou a China moderna, assistiu aos jogos do torneio olímpico de futebol nos Jogos de Paris em 1924! Esta aposta no futebol é, também, um passo para a conquista da organização de um Mundial de futebol. Depois dos Jogos Olímpicos a procura de um Mundial de futebol para, por exemplo, 2030. Com a consciência que a Rússia o irá acolher em 2018 e o Qatar, em princípio, em 2022. Para uma civilização milenar como a chinesa o ano de 2030 é já ali. E, desde já, importa conquistar aliados, aprender com os mais competentes, criar as condições para uma formação adequada e exigente. E, até, buscar nas singularidades dos diferentes povos que compõem o império chinês aquelas que podem ser as mais capazes para uma busca de excelência no futebol ou em algumas posições deste jogo empolgante e global. Daí, por exemplo, a canalização de verbas para a promoção do futebol na Mongólia chinesa. Esta ligação da Liga portuguesa com a China será, estou convicto, interessante. E motivante. Sem que ninguém fique com os olhos em bico!!!"
Fernando Seara, in A Bola
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