"A emoção é a especiaria do desporto. Os golos são o sal do futebol. O jogar para ganhar é a essência do espectáculo. É preferível um 3-2, 4-3 ou 5-4 do que o magro e costumeiro 1-0. Por isso, o futebol inglês é o melhor. Lá não se joga, em tons cinzentos, para empatar o jogo e o tempo.
Por cá, esta norma da Liga inglesa é a excepção. Quase sempre o que vemos é o jogo e o antijogo, numa união exasperante e entediante. Depois, alguns clubes queixam-se da escassez dos direitos televisivos de transmissões que quase ninguém vê, a não ser o reduto dos apaniguados.
Nas últimas semanas, houve dois jogos que contrariaram esta regra. Um deles foi a atitude do Vitória de Setúbal diante do Benfica. Perdeu, mas marcou dois golos e contribuiu para a valorização do espectáculo jogando com a ideia sempre na baliza contrária. O outro foi o esplendor do jogo jogado: o Sporting de Braga-Sporting. Como há dois anos e pelo mesmo resultado, havia sido o Benfica-Sporting para a Taça. Emotivos, com cambiantes no resultado, sem tempo perdido, com entrega sem limites. São estes jogos que ainda fazem pessoas acreditar que vale a pena ir a um estádio.
Mas, também há dias, houve uma partida numa modalidade às vezes votada ao degredo desportivo que merece ser enfatizada. Refiro-me ao Benfica-Porto em hóquei em patins, tão bem jogado pelas duas equipas como apaixonante no desenrolar do marcador. Um hino a esta modalidade, e neste caso até no fair play de todos.
P.S. Manuel Oliveira (AF Porto) teve uma arbitragem miserável na Luz no passado domingo. Tão miserável que até dá que pensar..."
Bagão Félix, in A Bola
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