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quarta-feira, 9 de julho de 2014

A arte e o engenho

"A radiografia está feita há muito tempo: somos um país vendedor em matéria de futebol. E por muito que se teime em dizer que não é bem assim, os números explicam quase tudo. Os clubes em Portugal não têm dinheiro para pagar salários ao nível do que se passa em Inglaterra, França, Itália o Turquia, isto para já não falar do mercado asiático. E daí ser fácil perceber as movimentações a que estão sujeitos os jogadores do Benfica, Sporting e FC Porto.
Os adeptos, na sua maioria, já se conformaram com as saídas dos seus craques e os exemplos vindos do Benfica (Di Maria, Ramires, David Luíz, Witsel, Matic e Garay, entre outros), FC Porto (James Rodriguez, João Moutinho, Falcão, Hulk, Deco e Lucho González) e Sporting (Miguel Veloso, João Moutinho e Nani) são bem eloquentes. A insatisfação é imediata quando o cifrão é elevado.
E no meio disto tudo, qual é o papel que cabe ao treinador? Talvez seja o cargo mais difícil no futebol português actual, onde há pouca margem de tolerância para os erros. Não ganhar um título significa que está aberta a porta de saída no final da temporada.
O resultado, como se sabe, é o que conta, e por pior que seja o plantel relativamente à última época, a exigência dos adeptos é sempre maior. A lei do mercado tem ajudado imenso a valorização do treinador português, que se tem mostrado bem habilitado e competente noutras ligas. Uma das razões tem a ver precisamente com o facto de ser obrigado a trabalhar na base da improvisação - as equipas mudam todos os anos, os recursos são inferiores, os adversários na Europa apresentam-se mais fortes e consistentes e quando é chegada a altura de analisar as questões mais em pormenor os dirigentes não têm contemplação.
Esta temporada, a Liga portuguesa tem um dado novo: Benfica, Sporting e FC Porto querem ir longe na Liga dos Campeões. Jorge Jesus, Marco Silva e Julen Lopetegui não podem defraudar as expectativas dos adeptos. Os três não vão ter vida fácil. Jesus vale-se da experiência de cinco anos de águia ao peito. Já mostrou ter arte e engenho para gerir o plantel, um dos segredos quando se aposta em tantas frentes. Marco Silva e Julen Lopetegui vão conhecer um mundo novo. Têm ambição, mas isso não chega. São precisos resultados. E muitos golos."

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