"Gerir um balneário não deve ser tarefa fácil. Mormente um grande clube onde a complexidade de sensibilidades, idiomas, idiossincrasias e amuos, diz-se que uma boa dor de cabeça de um treinador é ter dois jogadores (pelo menos) para cada posição. Melhor que só ter um ou... nenhum, diria o Senhor de La Palisse, caso o futebol existisse no seu tempo (1470-1525).
Vem isto a propósito de um atleta que considero exemplar: o defesa-central Jardel. Um verdadeiro jogador de equipa e para a equipa. Quando entra, como titular ou suplente, cumpre com a regularidade de um pêndulo. Joga sem deslumbrar, mas com a qualidade necessária e suficiente para a equipa não entrar em sobressalto. É o que, na gíria, se pode chamar um suplente de luxo (curiosa e paradoxal expressão).
Mas tanto ou mais importante, Jardel sabe conviver serenamente com essa condição (quiça injusta) de substituto. Não evidencia mal-estar, não se agasta, não desiste, não dá entrevistas a queixar-se, não faz gestos indisciplinados quando sai ou entra. Pelo contrário, joga com o profissionalismo e a intensidade de titular apesar de ser o terceiro, depois de Luisão e Garay. No recente jogo com o V. Guimarães foi um herói, no desempenho e no sacrifício, numa situação de tremenda dificuldade física. De seguida volta à normalidade de suplência, sem azedume ou lamúrias.
Jardel é, por isso, precioso. Indispensável numa equipa que joga para ganhar em todas as competições. Tão precioso como os titulares indiscutíveis. Por vezes, até mais. Ainda bem que não saiu do Benfica. Os adeptos estão-lhes gratos."
Bagão Félix, in A Bola
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