"Um amigo meu espanhol, o jornalista Eduardo Torrico, dizia-me um dia: "Eusébio era único. Quando jogava com o Real Madrid metia medo. Nunca senti isto com outro jogador." Devo dizer que Eusébio foi o melhor jogador que vi jogar, ou melhor dito, o mais forte. Messi, Ronaldo, Figo, Maradona, Pelé, Cruijff eram ou são todos enormíssimos jogadores, mas nenhum tinha aquela força instintiva que distinguia o moçambicano. Era o talento mais puro e intratável e fisicamente era um portento de velocidade, força, capacidade de remate e, mais importante do que tudo para um futebolista, coordenação de movimentos.
Era a felicidade dos adeptos do seu clube ou da sua selecção, mas aos outros, aos adversários, metia medo. Era capaz de qualquer coisa, de marcar um golo de qualquer lado, porque tinha um tiro de canhão. E parecia indestrutível, apesar das seis operações que enfrentou ao longo da carreira. Eusébio apareceu num tempo de ditadura latina na Taça dos Campeões Europeus - Real Madrid, Benfica, Milan, Inter, 11 vitórias consecutivas até à vitória do Celtic, curiosamente em Lisboa, no Estádio Nacional. Eram anos do Portugal colonial, não deste Portugal aberto e europeu que produziu Figo e Ronaldo que são personagens globais beneficiando de uma máquina - televisão e redes sociais - que nem se imaginava nos anos 1960. Eusébio foi o primeiro negro a ganhar a Bola de Ouro (1965), mas a partir dali o domínio anglo-saxão tornou impossível regressar aos grandes êxitos, no clube e na selecção."
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