"Passamos grande parte da nossa vida a desejar ser mais novos. Eu na passada segunda-feira, ao ouvir os relatos dos jogadores que jogaram com ou contra Eusébio, desejei ser mais velho. Como devia ser bom ir ao estádio e ver aquilo, ou talvez daquilo.
Percebi que para muitos era desporto, para outros era poesia, para outros era ballet mais para todos era arte. Eusébio já era imortal, mas nós comuns mortais gostávamos muito de com ele conviver, e por isso foi com tristeza que nos despedimos dele.
A decisão de trasladar o corpo de Eusébio para o Panteão Nacional foi recheada de polémica sem sentido. De facto, tal justifica-se numa tentativa de dar prestígio ao Panteão Nacional, que ganhará universalidade.
O arrepiante minuto silêncio de Old Trafford, com a bandeira das quinas a meia haste comoveu-me. A evocação em Santiago Bernabéu, mais esperada pela forte ligação dos dois clubes, e de Eusébio a Di Stéfano foi bonita.
Real e Man. United não são os maiores clubes do Mundo só porque ganham mais vezes, são também porque respeitam de forma singular aqueles que fizeram este desporto rei.
Muitos temos histórias, razões e sentimentos partilhados com Eusébio. Eu que não vi o monstro do futebol, deixo a minha sincera lembrança de homem afável e gentil, de como se pode ser tão grande e tão simples, de como se pode amar um clube, amar um País, e amar um desporto, sem odiar ninguém. O Benfica homenageou Eusébio com amor, tanto como ele tinha pelo clube.
Portugal viu partir Eusébio com irrepreensível respeito, tanto como ele tinha pelo País. O mundo do futebol despediu-se de Eusébio com paixão, tanta como ele tinha pelo seu desporto. Estaríamos empatados não fosse esta arreliadora e eterna saudade de ti Eusébio.
Este fim-de-semana há futebol mas morreu Eusébio..."
Sílvio Cervan, in A Bola
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