"Já aqui escrevi sobre o gosto pessoal pelo ciclismo. Desde o inigualável Tour à nossa Volta que, porém, teima em ignorar boa parte de Portugal. E podemos desfrutar de excelentes e bem comentadas emissões televisivas na (ainda) tv pública.
A semana passada assisti, com especial sabor, à etapa que passou pela minha terra, Ílhavo e terminou em Aveiro.
Eis que já perto do final, no rodapé das belas imagens, entrou em acção o Aborto ortográfico transformado em Acordo em Portugal, adiado no Brasil, desprezado em Angola e ignorado no restante mundo lusófono.
E leio: «pelotão compato», fruto de um orgulho acordista que viola as ditas novas regras, pois na palavra compacto o c não é mudo e, como tal, deve ser sempre escrito. Tal qual 'facto' ao qual alguns pressurosamente amputaram o c e transformaram o dito facto em terno brasileiro.
Por momentos, surgiu-me a ideia de que o pelotão vinha acompanhado de um palmípede. E que a disputa (outra palavra ingrata) seria pela camisola amarela entre o pelotão sem pato e pela camisola laranja entre o pelotão com pato. Com um pouco de imaginação poderíamos ver um pelotão compato à compita por uma compota no abastecimento onde se computa a força dos corredores.
Vi a lista dos ciclistas e não deparei com nenhum Pato, ainda que russo, letão ou cazaque. Vi lá, como não poderia deixar de ser, um Pinto, mas não Patos.
Conclusão: o pelotão compato fez um pato de fato com a organização. Felizmente, o director da corrida proclamou alto e pára o baile na antiga versão ortográfica onde o pára tem acento e o pato não tem assento. Isto é, o erro já foi corrigido e o pelotão voltou a ser compacto."
Bagão Félix, in A Bola
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