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quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Ética e esperança (I)

"A ética não é uma abstracção, nem um cardápio à escolha de cada um. A ética está na moda, mas não é uma moda. São valores e saberes universais e intemporais: decência, carácter, honradez, integridade, coerência, sensatez, prudência, autenticidade, perseverança, lealdade, exemplaridade, solidariedade, orgulho de pertença e muitos outros.
A ética fundamenta-se no dever de, que precede o direito a. «O Dever acima de tudo»: não o dever dos passivos do balanço, mas o dever moral da consciência.
Hoje, a linguagem favorece o indiferentismo ético. Os fins passaram a justificar qualquer meio. O mentiroso não mente. Diz inverdades. Certas fraudes já não o são. Foram promovidas a espertezas. A desonestidade é um mal menor. Há quem lhe chame flexibilidade. A palavra de honra foi trespassada com honras de primeira página. A ética do esforço e da exactidão vale menos do que a astúcia traiçoeira. A iconografia do sucesso, ainda que parente, substitui os valores, mesmo que imprescindíveis. Vivemos um tempo de ética da quantidade e de ética condicional, alimentadas por um qualquer mas, às vezes, talvez, salvo se, mais ou menos.
Na (falta de) ética desportiva, onde há adversários, vêem-se inimigos. Onde deveria haver competição dura mas leal, há batota e amoralidade. Onde se deveria saber ganhar e perder, há atitudes inconsequentes e perniciosas.
Por isso, aplaudo o bem estruturado Plano Nacional de Ética no Desporto. Na esperança de contribuir para uma prática desportiva como espaço de ética intensiva. Mas, com planos ou sem eles, a ética precisará sempre da autorização do exemplo. E da sua polinização."

Bagão Félix, in A Bola

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