"Falei aqui, na passada semana, do Tour de France. Falarei hoje dos não menos empolgantes Jogos Olímpicos (JO) - que esta noite têm início em Londres.
De quatro em quatro anos, o Mundo é chamado a fazer do Desporto um momento de união entre os povos. Sem deixar de se adaptar aos novos tempos, os JO têm sabido manter a essência do espírito com que foram criados por Pierre de Coubertin. Um ou outro caso de doping, os famosos boicotes (de que, enfim, parecemos livres), e até um atentado terrorista, não foram agressões suficientes para derrubar o Olimpismo. Passado mais de um século, aí temos duas semanas de emoção, de recordes, de conquistas, de duelos, de espectáculo, e de desportivismo.
Desde sempre os JO me fascinaram. A primeira prova que recordo é a dos 5000 metros de Montreal, em 1976, quando Carlos Lopes alcançou a Medalha de Prata. O vencedor doi Lasse Viren (o finlandês voador versão seventies), que mais tarde se viu acusado de ser um dos percursores das transfusões sanguíneas como meio para melhorar o rendimento desportivo. Carlos Lopes foi naturalmente um dos heróis da minha infância, sobretudo quando deixava em casa uma feia camisola às riscas, e vestia as cores de Portugal. Mais tarde, já com 14 anos, fiquei acordado noite dentro para ver a sua consagração na Maratona de Los Angeles, depois de mais de duas horas de sofrimento, como se de um jogo do Benfica se tratasse.
Nesses mesmo Jogos, o inesquecível António Leitão trouxe, também ele, uma medalha, se não estou em erro a primeira alguma vez alcançada por um atleta do Benfica. Mais recentemente, Nélson Évora (este ano lamentavelmente impossibilitado de defender o título) tornou-se o segundo homem a trazer 'Ouro' para Portugal, e os seus saltos irão de igual modo ficar gravados na memória dos que com eles vibraram.
Este ano, as maiores expectativas estarão porventura depositadas na nossa Telma Monteiro (2.ª do ranking mundial). Veremos se ela, e/ou outros, conseguem trazer-nos alegrias como as aqui evocadas."
Luís Fialho, in O Benfica
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