"É um treinador antípoda do espampanante. É sereno quando tudo sugere histrionismo e vociferação. Racional quando é o glorioso tempo do emocional. Sagazmente prudente quando todos clamam por decisões frenéticas. Não grita, nem gesticula até porque sabe que os jogadores não o ouvem nem vêem para além do que lhes diz no tempo certo e no lugar adequado. Os mind-games são-lhe estranhos: ele é ele, os outros são os outros. Respeitando-se, mas não estando obcecado com tontos e incongruentes mimetismos. Não dá entrevistas balofas, não põe pose de estadista para fazer queixinhas ou expelir fel, nem é conhecido pelo seu mundo pessoal. Não se excita com árbitros de quem, aliás, não se queixa para justificar reveses. Resiste pacientemente aos intelectuais da bola que ainda agora o haviam criticado por jogar sem avançado-centro. Encara o ganhar ou perder com a naturalidade do desfecho e o discernimento do dever cumprido Com um ar aldeão e patusco, não faz parte das revistas rosa ou de outras colorações que medram pelo mundo da fantasia e das ilusões. É um homem natural, afável, rigoroso.
Chama-se Vicente del Bosque. Um treinador anti-moda. Mas Campeão. Porque ganha. Porque é simplesmente um homem simples.
Campeão do Mundo e da Europa, ganhou no R. Madrid (1999-2003) dois títulos nacionais e as duas últimas Ligas dos Campeões do clube, após o que foi despachado e substituído por... Carlos Queiroz. Na altura, o então (e agora) presidente madrileno Florentino Pérez justificou: «Del Bosque está exausto. Muito sinceramente, ele não é o treinador certo para o futuro»...
Ironias do grande sentenciador: o tempo!"
Bagão Félix, in A Bola
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