"Um jogo de basquetebol, duas equipas rivais, um título de campeão nacional em disputa. Venceu o Benfica. Perdeu o FC Porto. No final, cenas pouco edificantes. A partir delas, declarações extremadas.
Primeiro, Luís Filipe Vieira, que produziu porventura o discurso mais violento que alguma vez lhe ouvimos, visando o presidente do FC Porto, Pinto da Costa. Depois, um texto de resposta publicado no site oficial dos portistas.
Não se trata apenas de rivalidade. Esta era a prova que faltava para a conclusão de que, não obstante a postura menos bélica de "segundas figuras" de FC Porto e Benfica, designadamente na área do futebol, não é possível criar um clima de coexistência pacífica entre portistas e benfiquistas, enquanto Pinto da Costa e Luís Filipe Vieira forem os presidentes.
Pinto da Costa vai ficar na história do desporto/futebol português como a personalidade que transformou o FC Porto num clube competitivo e ganhador, ao ponto de colocar Benfica e Sporting em plano secundário. E isso também tem muito a ver, não apenas com os métodos utilizados por Pinto da Costa e seus sequazes, mas também com a inabilidade revelada pelos presidentes dos clubes de Lisboa, incluindo Vieira.
O presidente do Benfica vem agora reafirmar a ilegitimidade dessas vitórias. Quero dizer que não sou portofóbico. Gosto da cidade do Porto e, até certo ponto, compreendo os motivos da defesa da regionalização. Pelo que vi (com os meus olhos), ao longo das décadas de 80 e 90, o FC Porto foi mais forte em muitos jogos, mas em muitos jogos foi escandalosamente beneficiado pelas arbitragens.
Vítor Pereira, presidente do Conselho de Arbitragem da FPF, deveria explicar, a propósito, o que quis dizer quando afirmou - na tentativa de proteger os árbitros da actualidade - que esta não é a ‘geraçãodos quinhentinhos’. Na verdade, o que se infere dos testemunhos de alguns protagonistas do futebol português é que houve uma geração de árbitros que alinhou em práticas ilegítimas, umas provadas e punidas, outras não... Durante muitos anos, Pinto da Costa e os seus prosélitos trabalharam afincadamente para instalar um clima de medo e coação no futebol português. À conta dessa coação, se vivêssemos num país menos tolerante em relação à impunidade, os adeptos do FCPorto não teriam construído a imagem do presidente-herói, porque o clube, nesse enquadramento e com a paliação dos regulamentos vigentes, já teria sido despromovido...
Houve um tempo, na história do futebol em Portugal, que a maioria alinhou na consagração do "império do medo": políticos (inclusive Presidentes da República), jornalistas, homens e mulheres da cultura e das artes, dirigentes de clubes adversários, treinadores, jogadores, seguranças, árbitros... Foram muito maltratados (inclusive agredidos) todos aqueles que não se colocaram numa posição de veneração e subserviência perante o "grande líder".
Em Lisboa, desde os tempos de Fernando Martins (Benfica) e João Rocha (Sporting), convictos do sucesso do "novo regime", houve a certa altura o impulso de copiar a fórmula. Más cópias, um descalabro total na tentativa de se promover a imitação.
Pinto da Costa diz e manda dizer, é obcecado pelo poder (atente-se no que disse Scolari sobre a relação dele com a Selecção Nacional e com Vítor Baía...) e faz tudo o que considera vital ter de fazer para alcançar os seus objectivos. Por isso, não é justo, nas suas discriminações gerais e pontuais, tem um índice muito baixo de desportivismo e um índice muito elevado de despotismo, não sabe ganhar e muitos menos perder.
O que aconteceu em redor do recente FC Porto-Benfica em basquetebol é apenas mais um lamentável episódio que revela uma forma enviesada de estar no Desporto. Um clube que emergiu na Democracia tem demasiados tiques ditatoriais.
Nota - Escusam de tentar ligar-me a um certo 'benficofilismo'. Simplesmente a minha consciência não é catequizável."
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