"Relatório das lamentáveis ocorrências verificadas sempre que Carlos Lisboa conquista títulos na casa do FC Porto, seja no basquetebol, futebol ou hóquei em patins
O Ola John afinal vem mesmo para o Benfica. Se a notícia é boa ou não, logo se verá por Julho dentro, quando o defeso chegar ao fim e o futebol regressar mais os seus compromissos de verão e tão bons que são para desfazer dúvidas. Mas ainda falta algum tempo. Pela minha parte, neste momento, só tenho uma dúvida: não sei se o trate por Ola ou se o trate por John.
Na verdade, tanto faz.
Trata-se de um jovem extremo holandês, nascido na Libéria, que chega à Luz vindo do Twente onde foi companheiro do avançado austríaco Janko que, no último mercado de inverno, aterrou no Dragão. Depois de assinar pelo Benfica, Ola John confessou à imprensa que ambos já conversaram sobre o assunto porque, nas suas próprias palavras serão «sempre amigos».
Nunca o vi jogar mas, francamente, este Ola John parece ser uma boa contratação. É que ainda nem se equipou e já está a causar sarilhos no campo do adversário tratando por amigo o simpático do Janko e divulgando a existência de conversas desinibidas entre os dois ex-colegas «sobre Portugal».
Não pode ser, Ola John, não faças isso, não voltes a repetir a brincadeira porque estás a meter o Janko em imerecidos sarilhos!
Os jogadores do FC Porto não podem ser amigos dos jogadores do Benfica. É proibido. E se foram amigos têm de ser amigos às escondidas porque só a imagem de dois adversários trocando sorrisos pode incendiar socialmente o nosso país-
Ai, não acreditas, Ola John?
Então lê estas palavras sobre calamitoso assunto que o belga Defour, que joga no FC Porto tal como o Janko, prestou à Gazeta de Antuérpia muito recentemente: «Os dirigentes do meu clube preferem não me ver em fotos com o Witsel. Quando nos defrontámos, um assessor do FC Porto disse-me que devia cumprimentar o Axel apenas longe das câmaras de televisão.»
Leste com atenção? Olá John, tem juízo! Não venhas para cá perturbar o regime decretado pelos arautos da harmonia e pelas nossas históricas figuras tutelares da pacificação.
«Contenção», Ola John, é preciso »contenção». É o que o presidente do Comité Olímpico anda a pedir a toda a gente. E a ti em primeiro lugar, Ola John.
SEMPRE em nome da sã convivência entre atletas e adeptos de equipas adversárias - que é o que move esta gente na teoria e na prática -, é dever de Vítor Pereira (o presidente dos árbitros, não o treinador campeão do FC Porto) pôr os olhos nisto e aprender alguma coisa com o dito assessor que avisou Defour para não se deixar fotografar com Witsel à frente das câmaras.
Está, na verdade, muito bem pensado.
Pense agora, caro Vítor Pereira, se não deveria ter feito exactamente a mesma coisa antes do FC Porto-Sporting, já depois de ter nomeado para o jogo Pedro Proença, o árbitro que não resiste a um flash. Bastava avisá-lo, diplomaticamente, quão aconselhável seria que a sua legítima confraternização com os campeões ocorresse «apenas longe das câmaras».
Tudo isto em nome da olímpica «contenção» que Vicente Moura, em vão, solicita ao país.
O Benfica conquistou o título nacional de basquetebol ao FC Porto, no pavilhão do FC Porto. Foi uma grande “bergônha”. A culpa foi do Carlos Lisboa, useiro e vezeiro, que não só é treinador do Benfica como também se chama Lisboa, só para provocar.
O pavilhão onde tudo se passou é obra recente. Já não é aquele velho pavilhão das Antas para onde o presidente do FC Porto, a 1 de Março de 1994, convocou os jornalistas e os sócios do clube vendo-se forçado a anunciar a iminente chegada ao local da GNR - “a pretexto de que está aqui uma bomba”.
Lembram-se? Mas o presidente do FC Porto não se acobardou: “Se estiver aqui uma bomba eu espero que ela expluda!” – disse o grande pacificador, o nosso Dalai Lama da bola. E a casa veio abaixo. Em aplausos, felizmente.
Não me entendam mal. Este episódio dramático não foi o princípio de nenhuma era. Foi antes a consagração de um regime já plenamente reconhecido na Assembleia da República e noutros órgãos de soberania.
A culpa disto é, foi e sempre será de Lisboa.
Lembram-se? Mas o presidente do FC Porto não se acobardou: “Se estiver aqui uma bomba eu espero que ela expluda!” – disse o grande pacificador, o nosso Dalai Lama da bola. E a casa veio abaixo. Em aplausos, felizmente.
Não me entendam mal. Este episódio dramático não foi o princípio de nenhuma era. Foi antes a consagração de um regime já plenamente reconhecido na Assembleia da República e noutros órgãos de soberania.
A culpa disto é, foi e sempre será de Lisboa.
E exemplos não faltam. Alguns anos antes, em 1983, quando Lisboa era treinador da equipa de futebol do Benfica que foi às Antas jogar com o FC Porto a final da Taça de Portugal, diligentemente transferida do Jamor, também houve grandes faltas de respeito pelo público da casa.
O Benfica ganhou a final por 1-0, Lisboa não se aguentou, festejou provocatoriamente o saboroso triunfo no campo do adversário e, por culpa do seu treinador, os jogadores do Benfica receberam o troféu no relvado mas regressaram às cabinas com muita, mas mesmo muita dificuldade debaixo de uma grande e mais do que justificada saraivada de legítimo desagrado.
Em 28 de Abril de 1991 voltou-se ao mesmo. Lisboa fora escandalosamente reconduzido como treinador da equipa de futebol que foi ao estádio das Antas ganhar por 2-0. E praticamente conquistar o título outra vez na casa do rival. Também desta feita Lisboa voltou a fazer das suas provocações.
Valeu à honra dos ofendidos a bravíssima intervenção de um polícia “à civil” que “encabeçou um grupo de indivíduos”, pacifistas, que se encarregam de aplicar um espiritual correctivo aos gozões da Capital. E de tal forma que os dirigentes de Lisboa, provocadores, depois de “insultados, empurrados com brutalidade, agredidos a soco e a pontapé” viram-se obrigados, por cobardia, “a refugiar-se dentro de uma ambulância da Cruz Vermelha”, tal como viria a constar do relatório encomendado pelo Ministério da Administração Interna.
E foi muito bem feito terem festejado o título dentro da ambulância que, para lhes fazer o gosto e fazer as honras da casa, até era Vermelha, da Cruz.
Valeu à honra dos ofendidos a bravíssima intervenção de um polícia “à civil” que “encabeçou um grupo de indivíduos”, pacifistas, que se encarregam de aplicar um espiritual correctivo aos gozões da Capital. E de tal forma que os dirigentes de Lisboa, provocadores, depois de “insultados, empurrados com brutalidade, agredidos a soco e a pontapé” viram-se obrigados, por cobardia, “a refugiar-se dentro de uma ambulância da Cruz Vermelha”, tal como viria a constar do relatório encomendado pelo Ministério da Administração Interna.
E foi muito bem feito terem festejado o título dentro da ambulância que, para lhes fazer o gosto e fazer as honras da casa, até era Vermelha, da Cruz.
Alguns anos mais tarde, Carlos Lisboa, por ser ecléctico, já não era o treinador da equipa de futebol do Benfica mas sim o treinador da equipa de hóquei em patins do Barcelona que foi ao Porto conquistar ao FC Porto a final da Liga Europeia da modalidade. E, perante isto, estavam à espera do quê?
Foi outra vergonha a que Lisboa, via Barcelona, foi fazer desta feita ao pavilhão Rosa Mota na presença do então ministro da Administração Interna, Fernando Gomes. Desconheço se houve relatório governamental sobre os incidentes.
Mas a verdade é que, devido às atitudes provocatórias do treinador, reincidente nestes comportamentos – de levar o punho esquerdo à nádega esquerda e o punho direito à nádega do mesmo lado, de ambas as vezes com sugestivo ímpeto -, os jogadores de hóquei em patins do Barcelona não puderam festejar o título europeu em campo e tiveram de patinar a mil à hora até ao túnel que os protegeu da justa indignação popular.
Foi outra vergonha a que Lisboa, via Barcelona, foi fazer desta feita ao pavilhão Rosa Mota na presença do então ministro da Administração Interna, Fernando Gomes. Desconheço se houve relatório governamental sobre os incidentes.
Mas a verdade é que, devido às atitudes provocatórias do treinador, reincidente nestes comportamentos – de levar o punho esquerdo à nádega esquerda e o punho direito à nádega do mesmo lado, de ambas as vezes com sugestivo ímpeto -, os jogadores de hóquei em patins do Barcelona não puderam festejar o título europeu em campo e tiveram de patinar a mil à hora até ao túnel que os protegeu da justa indignação popular.
Para mal dos nossos pecados, estas situações parecem não ter fim.
Este país está numa decadência moral de tal ordem que Lisboa, depois de ter sido treinador de futebol e de hóquei em patins, surge-nos agora como, imagine-se só…, treinador de basquetebol.
E não há quem o prenda!
Infelizmente, Lisboa não só não mudou nem um bocadinho nestes anos todos como também já vai na terceira modalidade. É, digamos, a imagem viva da impunidade à solta.
Este país está numa decadência moral de tal ordem que Lisboa, depois de ter sido treinador de futebol e de hóquei em patins, surge-nos agora como, imagine-se só…, treinador de basquetebol.
E não há quem o prenda!
Infelizmente, Lisboa não só não mudou nem um bocadinho nestes anos todos como também já vai na terceira modalidade. É, digamos, a imagem viva da impunidade à solta.
Na semana passada, o Porto Canal nem conseguiu celebrar em sossego a sua noite recorde de audiências graças ao grande número de benfiquistas que sintonizaram a estação para verem Lisboa, outra vez - caramba! – a portar-se como o energúmeno que sempre foi e a impedir que os seus campeões pudessem festejar o título, outra vez, na casa do adversário, outra vez.
É justo que se diga que durante o jogo, o público comportou-se de forma cívica e desportiva entoando cânticos para Lisboa e Companhia o santo tempo todo: “SLB, SLB, filhos da puta, SLB”. Se Lisboa não gostou do que ouviu a noite inteira não é por ter sangue nas veias em vez de água, como seria desejável a bem da tranquilidade do país.
É porque, para além de grosseiro, é também ignorante. O presidente do clube anfitrião até já explicou publicamente, numa roda de jornalistas, que o conceito de “filho da puta” nos círculos em que se movimenta é muito diferente daquele que é atribuído por Lisboa.
É justo que se diga que durante o jogo, o público comportou-se de forma cívica e desportiva entoando cânticos para Lisboa e Companhia o santo tempo todo: “SLB, SLB, filhos da puta, SLB”. Se Lisboa não gostou do que ouviu a noite inteira não é por ter sangue nas veias em vez de água, como seria desejável a bem da tranquilidade do país.
É porque, para além de grosseiro, é também ignorante. O presidente do clube anfitrião até já explicou publicamente, numa roda de jornalistas, que o conceito de “filho da puta” nos círculos em que se movimenta é muito diferente daquele que é atribuído por Lisboa.
Lisboa, sempre Lisboa, oh eterna culpa!
Meu querido apagão."
Meu querido apagão."
Leonor Pinhão, in A Bola
PS: Uma das melhores crónicas da Leonor (de sempre)... para os tarecos mais confusos, aqui temos um perfeito exemplo de «fina ironia»!!!
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