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sexta-feira, 1 de junho de 2012

A terra treme

"Em Itália a terra treme, sucedem-se os pequenos sismos, assustam-se as pessoas, tomam-se precauções, tenta-se prevenir o pior. Com uma frequência preocupante, em Itália a terra treme. Em Itália o futebol treme. Depois do escândalo do Totonero, nos inícios dos anos 80 – que levou à descida de divisão do Milan, Lazio, Avellino, Bologna e Perugia, e incluiu a prisão de um dos melhores futebolistas italianos, Paolo Rossi – surgiu o escândalo do Calciocaos, em 2006. Como resultado, desceu de divisão a Juventus, e clubes como o Milan ou a Fiorentina começaram o campeonato seguinte com uma considerável supressão de pontos. Houve dirigentes, efectivamente, suspensos; houve dirigentes banidos do futebol; houve dirigentes a cumprir penas de cadeia.
Em Itália a terra treme novamente e o futebol treme com ela. Surgiu agora mais um escândalo relacionado com a viciação da verdade desportiva, com a combinação prévia de resultados, com a negação da ética, com a afirmação do crime como prática quotidiana. A este novo escândalo deram o nome de Calcioscommesse. Já há detidos e entre estes está Stefano Mauri, capitão de equipa da Lazio. O treinador da Juventus, Antonio Conte, já foi alvo de buscas e o lateral esquerdo Criscito foi afastado da selecção italiana.
Em Itália a terra treme com alguma frequência e tomam-se medidas. Em Portugal toda a gente finge acreditar que os tremores de terra só acontecem no futebol dos outros. Em Itália as investigações acontecem, os criminosos são punidos e tenta-se evitar novos tremores de terra. Por cá habituamo-nos a conviver com os criminosos, a agraciá-los, a promovê-los e a louvá-los. Todos fingem que a terra por cá não treme e todos balançam ao ritmo dos abalos."

Pedro F. Ferreira, O Benfica

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