"O futebol bem poderia ser um quase compêndio de geometria. Joga-se com um esférico que tem uma estrutura poliédrica. Pratica-se num rectângulo com quatro cantos, um circulo central e dois semi-círculos junto à grande área, que, por duas vez, contém uma pequena área. E dos cantos sai o dito esférico com conta, peso e medida.
Joga-se em linha recta, lateral e em profundidade. Ou em diagonais. Sobretudo, diagonais interiores.
Na baliza - também ela rectangular - há tangentes. Ou o esférico embatendo num dos seus vértices superiores.
Quanto às tácticas, está na moda o losango. Às vezes invertido, o que não deixa de ser losango. Com ele ou sem ele, fazem-se triangulações para ultrapassar o quadrado da defesa. Ou com extremos (que às vezes trocam de posição). A propósito de quadrados, há também jogadores que merecem tal qualificação.
Ou porque estão mal posicionados, ou não criam espaços vazios, ou ficam fora da linha ou porque não dão uma para a caixa. Nos jogos mais desnivelados, vemos uma equipa cilindrar a outra. Que, assim, pode atingir o topo da pirâmide. Outras vezes, a vantagem é tangencial. E mais sofrida, se for no último terço do rectângulo, com medo de os outros darem a volta por cima. Também há a geometria do jogo chato. Que pode gerar uma bola de neve... Os pontapés podem ser rectos ou curvos. Curtos ou alongados. Quebrados ou lineares. Laterais ou verticais. Elípticos ou irregulares. Já o jogo áereo é noutro plano. Ou, se quisermos, sob um diferente prisma... Até há jogadores com nomes de inspiração geométrica: o Angulo que passou pelo Sporting, o Redondo que foi do Beira-Mar e o To Zé Marreco que joga no União da Madeira.
Faltam os cones? Ei-los: algumas taças viradas do avesso."
Bagão Félix, in O Benfica
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