"Na última jornada dos campeonatos da Liga, houve muito registo disciplinar a assinalar. Mas nada de especial se passará. Diz-se no meio que a palavra de ordem é “pacificar”. Nada de muitas ondas para ninguém se zangar muito… Tal como no país – e, vezes de mais, nos tribunais –, assim seja na bola. E na justiça desportiva de 2011, claro está.
Ninguém agora exige celeridade. Agora ninguém conta os dias e os meses desde que se instauram os processos até à sua decisão final. Nem vale a pena, porque é desnecessário. De 1 a 2 meses de duração média em regra dos processos (até os mais complexos) – o legado da Liga anterior –, já estamos novamente nos 3, 4, os meses que calharem – a herança de 2006, portanto. Agora é mais fino aludir à necessidade de cumprimento dos prazos nos processos, mesmo quando não há prazos para cumprir e apenas conta a diligência e a disponibilidade de quem os dirige – é o caso dos inquéritos. Quando há prazos (mesmo que indicativos), também não há que fazer nenhum esforço para saber da sua razoável execução. Para quê?
Agora também ninguém fala de sumaríssimos, de simulações, de golos com a mão. Desapareceu isso tudo? Podia ter sido o caso, mas não foi. A última jornada foi fértil. No jogo V. Guimarães-Académica, um jogador pontapeou sem bola um adversário e os árbitros não viram – o agressor deve ter percebido que este ano pode bater à vontade e, se escapar ao árbitro, escapa à lei. No jogo Oliveirense-Leixões, um jogador marcou um golo com o braço e a sua equipa ganhou 1-0. Na mesma partida, um jogador simulou manifestamente um penálti inexistente, mas assinalado. Não houve tumulto nem rebuliço. Os jogadores já apanharam o essencial: o que é preciso é fazer com jeito e, depois, ninguém falar muito. Porém, o Regulamento Disciplinar continua em vigor, sem que se tivessem rasgado os quinhões pertinentes. Continuam lá os arts. 173.º, 5, e 124.º, 2 e 3. Continua lá a actuação por iniciativa própria da Comissão Disciplinar nos sumaríssimos por condutas que constituam risco grave para a integridade física dos agentes ou grave atentado à ética desportiva. Continuam lá os castigos por simulações de penálti que não existem e por obtenção de golos por parte do corpo não admitida pelas leis do jogo. Não parece, mas continuam. De todo o modo, há também quem diga que nada se faz ou, quando algo se faz, tudo é muito demorado. Porque há medo de decidir. E, como o tempo é o melhor conselheiro para suavizar os males, está bem assim. Talvez por isso alguns continuem a infringir, sem temor de reincidir. E outros se juntem à confusão. Como se viu no fim do Benfica-Marítimo. Na expectativa de que ninguém dê grande importância e, se assim for, não tenha ficado nada de relevante nos relatórios. E escapar. Ou esperar que a Liga “castigue” com base num regulamento “desconhecido” – como, no jogo da Luz, multar ambos os clubes pela violação do dever de correcção que incumbe pessoalmente aos seus agentes e não aos clubes…!!
Os tempos mudaram. E, no ensinamento de Maquiavel, antes que esta mudança dê origem a outra, há que aproveitar. Em nome da paz. Assim seja!"
Ricardo Costa, in Record
Ninguém agora exige celeridade. Agora ninguém conta os dias e os meses desde que se instauram os processos até à sua decisão final. Nem vale a pena, porque é desnecessário. De 1 a 2 meses de duração média em regra dos processos (até os mais complexos) – o legado da Liga anterior –, já estamos novamente nos 3, 4, os meses que calharem – a herança de 2006, portanto. Agora é mais fino aludir à necessidade de cumprimento dos prazos nos processos, mesmo quando não há prazos para cumprir e apenas conta a diligência e a disponibilidade de quem os dirige – é o caso dos inquéritos. Quando há prazos (mesmo que indicativos), também não há que fazer nenhum esforço para saber da sua razoável execução. Para quê?
Agora também ninguém fala de sumaríssimos, de simulações, de golos com a mão. Desapareceu isso tudo? Podia ter sido o caso, mas não foi. A última jornada foi fértil. No jogo V. Guimarães-Académica, um jogador pontapeou sem bola um adversário e os árbitros não viram – o agressor deve ter percebido que este ano pode bater à vontade e, se escapar ao árbitro, escapa à lei. No jogo Oliveirense-Leixões, um jogador marcou um golo com o braço e a sua equipa ganhou 1-0. Na mesma partida, um jogador simulou manifestamente um penálti inexistente, mas assinalado. Não houve tumulto nem rebuliço. Os jogadores já apanharam o essencial: o que é preciso é fazer com jeito e, depois, ninguém falar muito. Porém, o Regulamento Disciplinar continua em vigor, sem que se tivessem rasgado os quinhões pertinentes. Continuam lá os arts. 173.º, 5, e 124.º, 2 e 3. Continua lá a actuação por iniciativa própria da Comissão Disciplinar nos sumaríssimos por condutas que constituam risco grave para a integridade física dos agentes ou grave atentado à ética desportiva. Continuam lá os castigos por simulações de penálti que não existem e por obtenção de golos por parte do corpo não admitida pelas leis do jogo. Não parece, mas continuam. De todo o modo, há também quem diga que nada se faz ou, quando algo se faz, tudo é muito demorado. Porque há medo de decidir. E, como o tempo é o melhor conselheiro para suavizar os males, está bem assim. Talvez por isso alguns continuem a infringir, sem temor de reincidir. E outros se juntem à confusão. Como se viu no fim do Benfica-Marítimo. Na expectativa de que ninguém dê grande importância e, se assim for, não tenha ficado nada de relevante nos relatórios. E escapar. Ou esperar que a Liga “castigue” com base num regulamento “desconhecido” – como, no jogo da Luz, multar ambos os clubes pela violação do dever de correcção que incumbe pessoalmente aos seus agentes e não aos clubes…!!
Os tempos mudaram. E, no ensinamento de Maquiavel, antes que esta mudança dê origem a outra, há que aproveitar. Em nome da paz. Assim seja!"
Ricardo Costa, in Record
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