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quarta-feira, 19 de novembro de 2025

Afinal, já vamos ser outra vez campeões do Mundo!


"Do ódio ao amor, eis a paixão pelo futebol em todo o seu esplendor: quinta-feira, o 8 e já podíamos «esquecer o Mundial»; este domingo, regresso ao 80 e voltámos a ser os maiores

É assim o futebol, em particular o futebol vivido em países latinos ou mediterrânicos. Para ir do 8 ao 80 (e vice-versa), bastam dois ou três dias. E, se era um dado adquirido para a generalidade do universo que a ida de Portugal ao Mundial 2026 nunca esteve em causa (digo eu), o mesmo não pode dizer-se das opiniões sobre o que será a Seleção Nacional capaz de fazer na fase final que Estados Unidos, México e Canadá recebem no próximo ano.
Ou melhor: o que está em causa não é a diferença de opiniões entre adeptos, mas sim o momento em que essas opiniões são expressas. O mesmo personagem pode dizer hoje uma coisa e amanhã outra. É assim o futebol, ou melhor, a paixão pelo futebol em toda a sua magnitude: para ir do ódio ao amor (e vice-versa) bastam dois dias ou pouco mais.
Quinta-feira, após derrota da Seleção na Irlanda (0-2), o mundo chegara ao seu fim, a escuridão invadira os espíritos lusitanos, não havia naquele instante pior equipa em todo o planeta. «Linda figura que vamos fazer ao Mundial»; ou «podem esquecer, não vamos lá fazer nada»; «Ronaldo pode falhar os dois primeiros jogos da fase final? Melhor assim, também não serviria para nada.»
Três dias depois (este domingo), grande goleada no Dragão, quase a maior de sempre da história da equipa das Quinas, 9-1 à Arménia, qualificação garantida e de novo a saltar da gaveta o «Vamos ser campeões do Mundo!», «Agora, sim, ninguém nos pára!»
Mas há mais, neste 8 e 80: Cristiano Ronaldo, 40 anos, campeão da Europa em 2016, vencedor de duas Ligas das Nações, a última em junho passado, e com alta influência do capitão de Portugal, com exibições determinantes e de alto nível frente a Alemanha, na meia-final, e Espanha, na final, também entra na onda da falha de memória coletiva: «Isto sem Ronaldo é que é! Já só está ali a atrapalhar! Mais valia não ir ao Mundial.»
Enfim, hoje é assim: «Vamos ser campeões do Mundo! E sem Ronaldo!» Amanhã será assado. E depois de amanhã outra coisa qualquer. É assim a paixão pelo futebol. Talvez mais bipolar na Seleção do que no âmbito da clubite, mas sempre exacerbada aos extremos dos sentimentos: ora te amo, ora te odeio, mas, no fundo, quero-te bem, não me és indiferente.
O primeiro passo está dado: Portugal qualificou-se, estará no seu nono Mundial, Ronaldo vai estar no seu sexto e... último. E esse pormenor pode fazer toda a diferença. Até lá, pelo menos hoje, já somos outra vez campeões do Mundo."

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