"Perante o desgoverno e quase anarquia na equipa, não se augura nada de positivo ao apoio que o português deveria dispor para continuar a enfrentar tamanha batalha com Vingegaard. Está visto que João Almeida terá uma tarefa hercúlea: Se vencer, será épico
João Almeida ascendeu à segunda posição da Volta a Espanha após onze etapas cumpridas. No arranque da segunda metade dos 21 dias totais de competição, o português está a 50 segundos de Jonas Vingegaard, reconhecido, certamente pela quase unanimidade dos observadores, como o principal candidato à camisola vermelha final.
Superado, até agora, apenas pelo dinamarquês, vencedor de dois Tour (2022 e 2023), o desempenho de Almeida nesta Vuelta só pode ser classificado de muito positivo. Em termos desportivos, bem dentro do objetivo primordial, os dois primeiros lugares do pódio. Todavia, está longe de ser perfeita – bem pelo contrário - no apoio que o corredor luso tem tido dos companheiros de equipa durante a corrida, à luz do estatuto de líder na forma UAE Emirates – inicialmente em parceria com Juan Ayuso. No entanto, as exceções são mais do que muitas.
Desde logo, do jovem espanhol. E nem sequer é uma surpresa. Logo na primeira etapa mais seletiva demitindo-se da responsabilidade de competir pela classificação geral que a coliderança lhe impunha, ao atrasar-se, reagiu com uma vitória categórica na etapa seguinte, alienando-se da proteção a João Almeida, quem deveria passar coadjuvar nas montanhas. Mais do que falta de solidariedade e companheirismo, foi uma afronta à direção desportiva, elevada de patamar na chegada em alto seguinte, em que rapidamente se descartou da corrida.
Almeida perde alguns segundos para Vingegaard, e no final da etapa não conteve a insatisfação, afirmando ter-se sentido desamparado pela equipa. No dia seguinte, o português retrata-se publicamente, e bem, uma vez que generalizando a crítica poderia perder (em definitivo) toda (ou quase toda) a equipa.
Só que, em resposta à insolência de Ayuso, a direção da UAE Emirates acossou o corredor, divulgando em comunicado a rescisão contratual acordada para o final da temporada, que supostamente só deveria ser tornada pública após a Vuelta. Consequência, o espanhol rebenta na imprensa e diz que impera a ditadura na equipa.
Nas etapas seguintes ao caso, Ayuso deu uma mãozinha ao português, tal como Jay Vine, que embarcou cedo numa cruzada, também pessoal, pelo título de melhor trepador, que implicada dispêndio de energia e um foco à parte. Marc Soler lança-se em iniciativas igualmente individuais em fugas, até agora inconsequentes, e que deixam sem forças para auxiliar Almeida. E o terceiro tenente de montanha da equipa, Feliz Grosschartner, está em claro sub-rendimento.
Perante o desgoverno e quase anarquia na equipa, não se augura nada de positivo ao apoio que o português deveria dispor para continuar a enfrentar tamanha batalha com Vingegaard. Está visto que João Almeida terá uma tarefa hercúlea. Até o segundo lugar, que parece perfeitamente ao alcance do português, pela clara superioridade face à concorrência, poderá ficar em causa se o isolamento se mantiver. Os rivais não vão deixar de tentar explorar a desproteção do corredor luso."

Sem comentários:
Enviar um comentário
A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!