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terça-feira, 12 de agosto de 2025

A arbitragem abriu-se ao futuro


"Muito do que foi reivindicado durante décadas para acabar com a opacidade na Arbitragem, vai acontecer. É tempo dos demais agentes do futebol assumirem uma atitude positiva e não aproveitarem a situação para branquearem publicamente insucessos desportivos...

É atribuída a Servius Sulpicius Galba, general romano destacado na Hispânia, e depois, durante sete meses, Imperador de Roma, a ideia de que os Lusitanos eram um povo curioso, porque não se governava nem se deixava governar. Desde então, muita água do ‘Tagus’ e do ‘Durius’ chegou ao Atlântico, Portugal passou de Nação a Estado monárquico a 5 de outubro de 1143, tornando-se republicano precisamente 767 anos depois. Mas a característica identificada por Galba manteve-se até aos dias de hoje, plasmada no génio de António Variações: «Estou bem, aonde não estou, porque eu só quero ir, aonde eu não vou, porque eu só estou bem, aonde não estou...»
Serve este introito para apresentar o tema que, no âmbito desportivo, marcará os próximos tempos, e que tem a ver com a verdadeira revolução anunciada para a erradicação da opacidade na arbitragem. Porque, «eu só estou bem aonde não estou», as medidas de transparência anunciadas, justas, clarificadoras, desmistificadoras da ‘maçonaria’ dos árbitros, vão ser primeiro aplaudidas, e depois, à medida que o campeonato se desenrolar, os casos surjam, e o contentamento de uns seja a desilusão de outros, serão postas em causa. É assim que somos, será assim que continuaremos a ser, mas os grandes passos na evolução social do nosso País foram dados à revelia do politicamente correto, fundados, isso sim, em convicções fortes e causas justas. Como é o caso. Pode ser lido, no site da FPF: «O Conselho de Arbitragem vai avançar com uma série de medidas a desenvolver no decorrer da época 2025/26, seguindo uma política de transparência e de abertura para a explicação dos vários momentos da arbitragem nacional. Deste modo, serão desenvolvidas as seguintes ideias: - Serão abordados quinzenalmente os lances com revisão VAR dos campeonatos profissionais e os respetivos áudios, com início após a 2.ª jornada; - Serão abordados semanalmente os vários lances de dificuldade elevada num programa formativo e explicativo no Canal 11 a iniciar no dia 20 de Agosto, referente à 1° jornada, e sucessivamente a partir dessa semana; - O Conselho de Arbitragem da FPF e a sua Direção Técnica irão fazer uma avaliação pública de 10 em 10 jornadas; - Será divulgada a apreciação das equipas de arbitragem pelo Conselho de Arbitragem no site da FPF com a métrica de "satisfatório", "insatisfatório" ou "bom".» Basicamente, tudo o que foi pedido, por entender-se como fundamental para que a arbitragem saísse da Torre de Marfim onde estava em permanente estado de sítio, acaba de ser concedido. Perante isto, o que vão fazer os clubes? É bom que não esqueçam que têm a responsabilidade histórica de ficarem do lado da solução, e não do problema. Se não entenderem que esta é a via da credibilização, e que é chegado o tempo de não sacudirem sistematicamente a água do capote dos insucessos para cima dos árbitros, tornando-se fatores de evolução, então estaremos perante um caso perdido. A Arbitragem teve a coragem de dar o passo em frente que durante muitos anos se lhe exigiu. Merece, pois, uma atitude cooperante por parte dos restantes agentes do futebol, sob pena de, em caso contrário, se concluir que, essencialmente, os clubes, enquanto patrões da indústria, não governam nem se deixam governar."

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