"1. Quadro geral
A nova época da Liga 3 arranca a 10 de agosto e, mais uma vez, promete trazer emoções fortes. São 20 equipas divididas em duas séries e todas começam com a mesma ambição: fazer uma grande temporada. Para uns, o objetivo é subir. Para outros, garantir a permanência já será um feito. Mas há sempre quem consiga ir além das expectativas.
A Liga 3 tem-se afirmado como muito mais do que uma divisão intermédia. Há clubes a trabalhar com rigor, treinadores cada vez mais preparados, jogadores a apostar tudo na afirmação. Nota-se uma evolução constante. Mesmo com menos meios, há equipas com ideias bem claras e projetos bem definidos. E isso nota-se em campo (e fora dele).
2. Modelo competitivo
O modelo competitivo continua a dividir opiniões. Na fase de subida, todas as equipas arrancam com zero pontos. Quem fez uma primeira fase sólida pode sentir isso como injusto, mas também é verdade que, com o objetivo mínimo garantido (a manutenção), esta nova fase ganha outra emoção.
Já na fase de manutenção, existe uma bonificação por posição e por pontos, mas mesmo assim a diferença real entre equipas tende a ser pouco valorizada.
Por exemplo, 8.º lugar com 19 pontos em comparação com o 9.º lugar com 12 pontos. Na fase de manutenção os mais sete pontos transformam-se em só mais dois pontos. Entendo a lógica de manter a competição viva, mas este modelo dilui a meritocracia em nome de um equilíbrio forçado (que o digam Canelas 2010 e Anadia FC nas últimas épocas).
3. Terra de oportunidades
Esta continua a ser uma prova de oportunidades — para clubes, treinadores e, claro, jogadores. A cada época surgem nomes que saltam do anonimato para patamares superiores.
Exemplo disso é Tiago Leite, que brilhou no Fafe e chegou à Primeira Liga com o Alverca. Ou David Grilo, guarda-redes do Belenenses, agora no Estrela da Amadora. Também Cláudio Araújo (Varzim) ou Tiago Simões (1.º Dezembro) deram o passo seguinte, desta vez rumo à Liga 2. Casos como estes mostram que, fruto da visibilidade que a prova tem, para quem trabalha bem o salto é possível.
4. Geografias díspares
Outra questão que marca a Liga 3 é a geografia — e o impacto que isso tem na logística e no rendimento das equipas. Na Série 1, mais concentrada no Norte, a maior viagem ronda os 90 km (Braga–São João da Madeira).
Na Série 2, o cenário muda. Equipas como o SC Covilhã têm deslocações acima dos 200 km praticamente de duas em duas semanas. Isso representa horas na estrada, alterações ao planeamento semanal, menos tempo de recuperação e, naturalmente, mais despesa para os clubes.
Num campeonato tão curto e exigente, cada detalhe conta. A geografia também joga e, neste caso, nem todos jogam com as mesmas cartas.
5. Favoritos e 'outsiders'
Como em todas as edições, há clubes que entram na Liga 3 com o peso da história e o estatuto de favoritos. Académica, Varzim e Belenenses carregam no nome décadas de presença nos principais palcos do futebol português. São emblemas com massa adepta, visibilidade e uma pressão natural para voltar a subir.
Mas a Liga 3 também é fértil em surpresas. Surgem projetos sólidos, com boas ideias, plantéis competitivos e ambição real. Os chamados outsiders. Dois bons exemplos disso são precisamente USC Paredes e Lusitano de Évora, ambos recém-promovidos do Campeonato de Portugal, mas longe de serem apenas equipas para manter. Têm estrutura, talento e organização — e isso, neste contexto, pode valer tanto como experiência. Aqui, ganha quem fizer melhor o seu caminho — e nem sempre é o nome que pesa mais."

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