"O JOVEM JOSÉ HENRIQUE
PASSOU DE DEFENDER NAS
BANCADAS PARA ASSEGURAR
A BALIZA ENCARNADA
José Henrique tornou-se num benfiquista ferrenho desde os seus primeiros anos de vida. Na temporada
1957/58, cumpriu o sonho de atuar de
águia ao peito, ao serviço dos juniores do
Clube. Como a carreira de futebolista era
ainda uma incerteza, o promissor guarda-
-redes conciliava os treinos de manhã com o
trabalho como ajudante de canalizador.
A escolha pela profissão não podia ter sido a
mais acertada, o local do seu trabalho era um
dos seus preferidos: o Estádio da Luz. E foi
onde aconteceu um dos episódios que mais o
marcariam: “Um dia, estava na obra de construção do Terceiro Anel, passei pelo campo,
alguém chutou, penso que foi o Simões, voei
para a bola, apanhei-a, ficaram muito espantados. Quiseram saber se era guarda-redes,
disse que era, que era do Benfica, e foi assim
que um dia passei a ser um puto conhecido
por aquelas estrelas todas.” Mesmo sem ter
alinhado pela equipa de honra naquele recinto, ganhou uma história para partilhar com
amigos e familiares.
Mas o futebol não é só feito de histórias
bonitas e o jovem José Henrique teve
de enfrentar duras batalhas até conseguir
cumprir o seu maior sonho: jogar pela equipa
principal do Benfica, ao lado dos seus ídolos.
Após ter completado 18 anos, e durante
cinco temporadas, de modo a desenvolver
o seu potencial e ganhar experiência, o
guarda-redes representou o Amora FC, o Seixal FC e o Atlético.
Em 1966/67, regressou ao emblema benfiquista, integrando a equipa de reservas. Com
boas exibições, no final da temporada
estreou-se, finalmente, pela equipa de honra.
A 11 de junho de 1967, em Coimbra, apesar da
derrota por 2-0, realizou uma boa exibição
frente à Académica, merecendo elogios por
parte da imprensa.
Agarrou o lugar e começou como titular
da baliza encarnada na época seguinte. Em 9 de setembro de 1967, na 1.ª jornada do
Campeonato Nacional, perante o Vitória SC,
em pleno Estádio da Luz, José Henrique fez
várias vezes a mesma ação que executara
anos antes na bancada desse mesmo recinto,
mas agora com Simões e tantos outros como
seus colegas. Fundamental para o triunfo por
2-1, demonstrou humildade e ambição: “Continuarei a trabalhar, pois sei que tenho de
persistir muito se quiser manter o lugar, que
não é de titular visto que titulares somos
todos.”
Ao longo de mais de uma década, defendeu a baliza do Benfica com o mesmo empenho, tornando-se numa referência como
jogador e como benfiquista. Saiba mais sobre
este fantástico atleta na área 23 – Inesquecíveis, do Museu Benfica – Cosme Damião."
António Pinto, in O Benfica

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