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quarta-feira, 30 de julho de 2025

Da bancada para a baliza


"O JOVEM JOSÉ HENRIQUE PASSOU DE DEFENDER NAS BANCADAS PARA ASSEGURAR A BALIZA ENCARNADA

José Henrique tornou-se num benfiquista ferrenho desde os seus primeiros anos de vida. Na temporada 1957/58, cumpriu o sonho de atuar de águia ao peito, ao serviço dos juniores do Clube. Como a carreira de futebolista era ainda uma incerteza, o promissor guarda- -redes conciliava os treinos de manhã com o trabalho como ajudante de canalizador. A escolha pela profissão não podia ter sido a mais acertada, o local do seu trabalho era um dos seus preferidos: o Estádio da Luz. E foi onde aconteceu um dos episódios que mais o marcariam: “Um dia, estava na obra de construção do Terceiro Anel, passei pelo campo, alguém chutou, penso que foi o Simões, voei para a bola, apanhei-a, ficaram muito espantados. Quiseram saber se era guarda-redes, disse que era, que era do Benfica, e foi assim que um dia passei a ser um puto conhecido por aquelas estrelas todas.” Mesmo sem ter alinhado pela equipa de honra naquele recinto, ganhou uma história para partilhar com amigos e familiares.
Mas o futebol não é só feito de histórias bonitas e o jovem José Henrique teve de enfrentar duras batalhas até conseguir cumprir o seu maior sonho: jogar pela equipa principal do Benfica, ao lado dos seus ídolos. Após ter completado 18 anos, e durante cinco temporadas, de modo a desenvolver o seu potencial e ganhar experiência, o guarda-redes representou o Amora FC, o Seixal FC e o Atlético.
Em 1966/67, regressou ao emblema benfiquista, integrando a equipa de reservas. Com boas exibições, no final da temporada estreou-se, finalmente, pela equipa de honra. A 11 de junho de 1967, em Coimbra, apesar da derrota por 2-0, realizou uma boa exibição frente à Académica, merecendo elogios por parte da imprensa.
Agarrou o lugar e começou como titular da baliza encarnada na época seguinte. Em 9 de setembro de 1967, na 1.ª jornada do Campeonato Nacional, perante o Vitória SC, em pleno Estádio da Luz, José Henrique fez várias vezes a mesma ação que executara anos antes na bancada desse mesmo recinto, mas agora com Simões e tantos outros como seus colegas. Fundamental para o triunfo por 2-1, demonstrou humildade e ambição: “Continuarei a trabalhar, pois sei que tenho de persistir muito se quiser manter o lugar, que não é de titular visto que titulares somos todos.”
Ao longo de mais de uma década, defendeu a baliza do Benfica com o mesmo empenho, tornando-se numa referência como jogador e como benfiquista. Saiba mais sobre este fantástico atleta na área 23 – Inesquecíveis, do Museu Benfica – Cosme Damião."

António Pinto, in O Benfica

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