"Mesmo acabado de chegar, argentino mostrou que é imprescindível para uma equipa cada vez menos criativa. E David Neres a fazer as malas…
Desfeita a espuma das ondas, que em período de pré-época ajuda a ultrapassar desilusões e a renovar aspirações, o Benfica entrou na nova Liga com aquele desconforto de quem volta à rotina com um escaldão no corpo. Depois de ter confirmado o adeus ao título 2023/24 em Famalicão, a equipa de Roger Schmidt iniciou a campanha 24/25 a perder novamente com a equipa de Armando Evangelista, que promete uma época de consolidação.
Do lado encarnado parece que nada mudou desde o dia 5 de maio - como tão bem resumiu o camarada Nuno Paralvas na crónica do encontro de domingo -, deixando aos adeptos aquela sensação de quem fez o esforço para limpar a cabeça nas férias e depois, ao regressar ao trabalho, percebe logo que os problemas não desapareceram por mero efeito do calor.
Como já indiciava a contratação de Leandro Barreiro e o regresso de Aursnes ao papel de médio-ala, Schmidt não tem a intenção de escrever uma nova folha no bloco de notas. Prefere insistir na vontade de fazer com que os apontamentos de 22/23 voltem a ser úteis. Não é surpreendente, tendo em conta o trajeto do técnico alemão, mas alimenta dúvidas quanto à evolução da ideia de jogo, uma vez que as cedências não acompanham o ritmo a que muda o perfil do plantel.
Talvez esta análise seja influenciada negativamente pelas condicionantes do onze apresentado pelo Benfica em Famalicão, mas foi a estrutura encarnada que se deu ao luxo de prescindir de David Neres e de Arthur Cabral, que libertou João Neves para o PSG sabendo que Renato Sanches tem de ser gerido com muito cuidado, que cedeu o capitão Nicolás Otamendi para duas competições seguidas da seleção argentina e que arriscou entrar na Liga ainda com Kokçu e Di María a tirar areia dos pés.
Se o turco jogou o suficiente para justificar a titularidade no próximo compromisso, o argentino mostrou que é imprescindível neste Benfica. É sempre legítimo discutir o peso na folha salarial, mas Di María é o artista em vias de extinção de uma equipa onde falta espaço para a criatividade. Ainda agora, em Famalicão, sobraram equilibradores (Florentino e Barreiro) onde faltaram pensadores, acumularam-se pensadores (João Mário e Aursnes) onde deviam estar desequilibradores.
O problema não está em Di María, por mais esforço defensivo que seja preciso pedir ao resto da equipa. Ao Benfica não falta equilíbrio, falta capacidade para desequilibrar o adversário, e a saída de David Neres só agrava o problema, mas ninguém pode censurar o brasileiro por sentir que está a mais."
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