Últimas indefectivações

quarta-feira, 20 de março de 2024

Património da Humanidade


"Este é um tema recorrente em cada época futebolística. A dado momento da temporada, nestas minhas crónicas semanais, volto sempre a um tema: os assobios na Catedral. Não é assunto que me agrade abordar, mas a força das circunstâncias assim o exige.
Continuo sem entender, ano após ano, jogo após a jogo, de que forma uma assobiadela aos nossos jogadores, equipa técnica ou direção pode ajudar a equipa a conseguir um melhor resultado. Não entendo e não acredito que alguém tenha um argumento aceitável para defender essa causa perdida. A menos que esteja em causa uma candidatura do assobio a Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO (como acontece nas ilhas Canárias), não se justifica.
Vinda de duas derrotas internas com rivais e de um infeliz empate caseiro europeu, a equipa precisava de dar outra imagem. E começou logo por fazê-lo com o complicado Estoril, sofrendo o empate e voltando à liderança do marcador ainda antes do intervalo. Mas nunca chega, não é? Depois de mais 10 passes do meio-campo para tentar desequilibrar a defesa do adversário, há há alguém na bancada que mete os dedos à boca para mostrar o seu desagrado. 'Para trás mija a burra', ouve-se. É a exigência, dizem-me de peito inchado. A mesma exigência que, provavelmente, alguns destes assobiadores não têm no seu dia a dia, no trabalho, na educação dos filhos ou na sociedade. É pena que o futebol continue a ser espelho de tantas frustrações e um viveiro de adeptos sem cultura desportiva.
Assobiar alguém que representa o SL Benfica, para mim, é inconcebível. Terminado o jogo, venham as críticas e as análises, mas durante a partida, digam-me lá como é isso ajuda. Se o assobio ao adversário, quando está com a bola, serve para enervar e criar pressão, qual a explicação para assobiar os nossos? Inventivo? Só se o assobio for feito num timbre diferente, melodioso, que, em vez de enervar, inventiva. Duvido muito."

Ricardo Santos, in O Benfica

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