"Já assisti mais de 20 vezes ao período de compensação do dérbi e, se tudo correr bem, ainda vou assistir pelo menos outras tantas. A euforia do momento é irrepetível, é verdade. No entanto, sempre que olho para o cronómetro e vejo que aos 90+3', com apenas 3 minutos por jogar, o marcador assinala 0-1 a favor do Sporting, tenho receio de que não haja tempo para chegarmos ao empate. E o António Silva apercebe-se sempre de que ainda há tempo para chegarmos à vitória.
Já vibrei com alguns triunfos inesperados perto do apito final. Com o sabor deste, creio que nunca tinha degustado nenhum. Talvez o momento mais parecido tenha sido aquele com o Gil Vicente (2-1), também na Luz, com o Markovic e o Lima a transformarem a nossa tristeza em felicidade já depois dos 90 minutos - iniciando assim o caminho para o tetracampeonato. Não sei se esta reviravolta frente ao Sporting pode da ar origem à conquista de quatro Ligas consecutivas, mas origem à conquista de 40 horas semanais com o mesmo pensamento na cabeça já deu.
Pelos vistos, há quem garanta que o resultado é extremamente injusto. Parece que o Benfica esteve muito apagado. Ainda assim, não tem apagado quanto a memória de quem se parece esquecer de que, aos 25 minutos, o jogo até podia estar 3-0. A partir daí, o Sporting equilibrou a partida, conseguiu passar para a frente do marcador e, mesmo depois de ficar reduzido a 10 jogadores, foi uma equipa serena a impedir as investidas do Benfica. Só não conseguiu impedir que a força da mística carregada no corpo do menino João Neves fizesse explodir as bancadas e interrompesse os destemidos olés. E, depois, Tengstedt decidiu que o jogo iria fechar com a Luz a cantar que o Benfica ganhou. Sinto-me capaz de ajudar os especialistas que têm feito variados esforços para explicar racionalmente o que se passou naqueles instantes finais: não sei se conhecem o fenómeno, chamam-lhe futebol."
Pedro Soares, in O Benfica
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