"Acrescentarias alguém à lista?
A um clube habituado a exportar matéria prima futebolística em quantidades industriais, é normal que por vezes esse processo não corra da melhor forma. 100% de acerto não existe, a perfeição será sempre um objetivo inalcançável pela complexidade da coisa.
São muitos os fatores que decidem o futuro – risonho ou não – dum jogador profissional de futebol, e apesar do Benfica tudo fazer para minimizar riscos para o sucesso coletivo e individual, há casos que não tiveram ou têm remédio.
Reunimos cinco casos deste milénio onde, apesar da muita qualidade demonstrada em certos momentos ou em certa temporada, nunca conseguiram ganhar consistência e manter-se em primeiro plano.
1. Ferro
Desde David Luiz que não se via alguém sair tão bem a jogar a partir da primeira linha. Ferro foi uma lufada de ar fresco quando apareceu na segunda volta de 2018-19, quando se complementou perfeitamente com a impetuosidade de Rúben Dias e foi pedra basilar naquele título benfiquista.
Bruno Lage, o mesmo que o potenciou até ao limite do seu talento, foi o mesmo que o manteve no grelhador quando o peso calamitoso da crítica afundava até os mais resilientes. Ferro, que nunca teve na parte mental o auge do seu jogo, foi-se continuamente abaixo, acabando a sua carreira no Benfica num estado lastimoso, desportiva e mediaticamente.
Jorge Jesus, como seria de esperar, nunca teve a sensibilidade nem a paciência para o reabilitar – e Ferro deixou-se enterrar na mediocridade, no banco do Benfica e por ligas de menor calibre.
2. Lazar Markovic
Desde Poborsky que não se vira extremo tão vigoroso no um para um. Salta para a titularidade e para o campo mediático quando um dia entra em Alvalade e empata um jogo muito dificil recorrendo apenas á sua capacidade de drible, pegando na bola a meio-campo e seguindo por ali fora, aos zigue-zagues, até ficar isolado perante Rui Patrício.
A leveza dum gesto tão provocador como aquele meteu em extâse a massa adepta, que ficou louca com o miúdo sérvio – sentimento exponencial dada a época retumbante no plano individual, fazendo esquecer a lesão grave de Eduardo Salvio.
O Liverpool de Brendan Rodgers viria á Luz buscá-lo, cheio de pressa em antecipação ao Chelsea. 20 milhões custou ele no pós-Suarez, num Liverpool na ressaca dum título ingloriamente perdido com a escorregadela de Gerrard, e era muito por ele que se faziam intenções de renovação de plantel e construção dum projecto a longo prazo.
Só que Lazar, também incomodado pelas lesões, nunca mais repetiu o que fizera em Lisboa e, como outros, iniciaria longa travessia no deserto dos empréstimos: Fenerbahce, Sporting onde Jesus o tentou reabilitar –em vão -, Hull City de Marco Silva, Anderlecht. Em 2019, rescinde finalmente com os Reds e assina pelo Fulham. Fez um jogo em Craven Cottage e foi aí que decidiu voltar á terra natal e ao clube que o lançou na alta roda, o Partizan.
3. Filip Djuricic
Antony, que agora chegou a Manchester, fez 24 golos e 22 assistências em 82 jogos (ou dois anos e meio) de Ajax. Em 2014, Filip Djuricic, o trequartista titular do.. 8º classificado, terminava a sua terceira época no clube – que apenas lutava pela Europa – com 26 golos e 28 assistências no total.
Era a grande coqueluche da Liga dos Países Baixos e por isso Rui Costa não descansou enquanto não assinou com ele e lhe entregou a camisola 10, vendo nele o sucessor perfeito para… Aimar e dando continuidade a uma linhagem iniciada por si.
Correu tudo tão mal que avançamos já até 2017, ano em que Filip se deslarga do vínculo benfiquista e assina pelo Sassuolo. Currículo na Luz? 24 jogos, dois golos. Empréstimos? Mainz, Southampton, Anderlecht e Sampdoria.
Ou seja, épocas completas na Luz só uma, em 2013-14, onde ainda começou como titular mas cedo se percebeu que não faltava só vontade – talvez o talento tenha sido desmedido para aquela Eredivisie, mas para um bifinalista europeu como aquele Benfica, a magia era pouca. Jonas emendaria o erro da entrega da ‘10’ ao desbarato, Waldschmidt voltaria a manchar o número.
4. Ola John
Jorge Jesus perdeu a cabeça pelo menino prodígio holandês naquele play-off de acesso á Liga dos Campeões 2011-12. O Benfica enfrentou um Twente apetrechado de trutas – havia Mihaylov, Rosales, Leroy Fer, Nacer Chadli ou Luuk de Jong, gente treinada por Co Adriaanse e depois, a partir de Janeiro, por McClaren – mas quem despontava verdadeiramente no conjunto era um garoto de 19 anos encostado à linha do lado esquerdo, apesar de ser destro.
Ola John fizera 19 jogos no ano de estreia e partiria para uma época na qual realiza 50, mas é no inicio dessa caminhada que o Benfica se convence da sua contratação. O 2-2 em Enschede augura a qualificação para a segunda parte na Luz, mas o extremo fez gato-sapato de Maxi Pereira e dizia-se , Comunicação Social fora, que Jesus teria ficado… abismado.
Confirmar-se-ia então no final da temporada, quando o Benfica pede ajuda á Doyen para desembolsar nove milhões no seu passe. 2012-13 corre como se prevera, 42 jogos com quatro golos e sete assistências, ficando na retina os pormenores técnicos capazes de rivalizar com o melhor Gaitán e a forma competente como rendia os titulares, sobretudo na Europa. Nada fazia prever o descalabro nos anos seguintes.
2013-14 forma-se um super plantel, o miúdo perde espaço e começa a enxurrada de empréstimos falhados: Hamburgo, Reading, Wolves, Depor, Vitória de Guimarães. Só em 2018 o Benfica decide que já chega, que não há volta a dar, e o deixa sair livre. Até hoje, pouco se explicou e muito há por se perceber quanto ao eclipse total de alguém munido de recursos técnicos de elite – talvez tenham faltado outros tão ou mais importantes, como os mentais.
5. Nélson
Estamos em 2004. Miguel, o titular do Benfica, ganha a titularidade a Paulo Ferreira, o lateral titular do campeão europeu, a meio do Europeu realizado em Portugal.
A Seleção chega à final do torneio, perde com os gregos mas por todo o Continente sabia-se que em Portugal jogavam os dois melhores laterais direitos daquele ano. Como Miguel aguentou mais essa época na Primeira Liga poucos devem saber, mas em 2005 consumava-se a saída para Espanha, para um Valencia acabadinho de ser campeão espanhol e da Taça UEFA (2003-04).
O Benfica não precisou de procurar muito por um sucessor: no Bessa, aparecia de forma fulgurante pela direita um miúdo que ano e meio antes jogava pelo Vilanovense nos Distritais.
Nélson, que fora pescado por Norton de Matos para o seu Salgueiros antes de seguir para os axadrezados de Jaime Pacheco, não tinha um futebol tão simples como o seu nome, sem apelido ou alcunha da moda: era a alegria própria do jogador africano com a destreza física dum atleta de ponta. Na Luz, não se deu pela troca, nos primeiros seis meses levou tudo á frente – brilhou inclusive na Champions, onde o Benfica chegou aos Quartos. Mas foi sol de pouca dura.
O rendimento bombástico não teve continuidade e cedo se percebeu que talvez Nélson não ostentasse a disciplina de outros, nem a regularidade dum titular indiscutível: Fernando Santos perdia a cabeça com a sua liberdade criativa – como já perdera Koeman, que o deixou no banco na eliminatória contra o Barça – , apesar de continuar a confiar nele. Quando chega Camacho, em 2007-08, já Nelson era uma sombra do jogador que tinha sido, entre 2005 e 2006.
Ainda brilhou em Sevilha, ao serviço do Bétis, chegou à Selecção – entre 2009 e 2012 fez quatro jogos de Quinas ao peito – experimentou o Calcio ao serviço do Palermo, além de outras experiências na La Liga tipo Pamplona (Osasuna). Uma carreira de respeito mas muito aquém do que prometeu, quando foi o melhor projecto de lateral português e o confirmou naquela curta sequência de meses ao serviço do Benfica."
no porto e no sporting não perdem tempo e recordar coisas menos boas, preferem falar sobre coisas menos boas que ocorrem no benfica. Eu diria que nem um portista faria melhor que este post
ResponderEliminar1 - Aldair, Ruben Dias 2 - Renato Sanches 3 - Bernardo Silva 4 - Gonçalo Guedes 5 João Cancelo
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