Últimas indefectivações

quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Dentadinha em ano de dobradinha


"Na 19.ª jornada, Cavém entrou em campo a pensar que ia jogar futebol, mas no fim parecia saído de um combate de boxe

A época de 1956/57 terminou bem para o Benfica, na medida em que conseguiu a terceira dobradinha da sua história. Em Março de 1957 ergueram o troféu do Campeonato Nacional e em Junho fizeram a festa no Estádio Nacional. Mas ali a meio da época aconteceu algo inédito, uma falta nunca antes vista, que deixou todos boquiabertos. Literalmente.
Estávamos em 20 de Janeiro de 1957 e a equipa acabara de chegar às Caldas da Rainha para disputar a 19.ª jornada do Campeonato. A cidade fundada pela rainha D. Leonor amanheceu fria, mas sob um esplendoroso sol de inverno que se manteve todo o dia. As rústicas bancadas do Campo da Mata estavam a transbordar de vermelho e branco, não havia dúvidas: ali, ia jogar o Benfica.
Do onze rubro fazia parte Cavém, a personagem principal desta história. O jogador tinha integrado a equipa principal do Clube na época anterior e foi sempre considerado um atleta corretíssimo para com os colegas da equipa e adversários, mas neste jogo, frente ao Caldas, a história seria outra, que um homem não é de ferro. Antes fosse!
Soou o apito inicial, e a sorte começou a sorrir ao Benfica. Aos 4 minutos, Cavém marcou de cabeça o primeiro tento da partida. O avançado foi 'o motor do ataque', quem mais contribuiu para o sucesso do Benfica, que acabou por vencer o jogo por 1-4, tomando parte efetiva na maioria dos lances contra a baliza do Caldas, protegida por Rita.
Tudo corria de feição até que, aos 88 minutos, todos assistiram a uma pitoresca situação. A uma bola atirada para a baliza do Caldas, acorreram Cavém e Rita. O guarda-redes intercetou a bola e, num ato de fúria, aproveitou que Cavém estava já ali, abraçou-o pelas costas e... deu-lhe uma valente dentada! Desta é que ninguém estava à espera Cavém gritou de dor e, assim que se conseguiu libertar do abraço envenenado do adversário, virou-se a ele para se defender. Lá está, um homem não é de ferro. Se fosse, nem tinha sentido a carícia. Mas até este repente de raiva lhe saiu furado, pois Rita, assim que viu Cavém furioso, dou-lhe uma valente murraça que o deixou estendido no chão. Os dois acabaram expulsos do retângulo, e Cavém regressou a Lisboa com uma dolorosa recordação marcada nas costas. O correto jogador entrou em campo a pensar que ia jogar futebol, mas no fim parecia saído de um combate de boxe.
Para saberem as histórias de que são feitas as conquistas do Benfica no Campeonato Nacional, visitem a área 6 - Campeões Sempre, no Museu Benfica - Cosme Damião."

Marisa Furtado, in O Benfica

Sem comentários:

Enviar um comentário

A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!