"A história do desporto é um processo indissociavelmente social e político, que conheceu uma admirável mudança de escala. Dotado de uma fraca autonomia na sua fase primitiva, o desporto foi fortemente instrumentalizado pelos Estados-nação antes de conquistar, através das estruturas internacionais, uma legitimidade própria. Esta impõe-se, actualmente, aos Estados em nome do universalismo dos valores desportivos, que encontra a sua validação na organização e na produção mediática das competições internacionais (Jogos Olímpicos, Campeonatos do Mundo, etc.), que as instâncias controlam perfeitamente à escala planetária. A construção circular deste universalismo do desporto é uma das condições da adesão popular a estes movimentos desportivos.
O sucesso desta gigantesca operação simbólica, a nível mundial, deriva dos interesses económicos e geopolíticos colossais. Na difusão das competições pela TV, os telespectadores, considerados como simples consumidores, são levados a viver estes encontros na pura tradição de um nacionalismo reduzido aos afectos. No quadro da União Europeia, os Estados continuam a ser os mestres das suas “políticas desportivas” e as instituições desportivas são levadas a respeitar o primado do direito comunitário, assim como as “liberdades” impostas pelos Tratados. Quando o Comité Olímpico Internacional evoca a universalidade do desporto e dos seus valores, que é suposto incarnar, a Europa recorre à racionalidade económica. Na realidade, o desporto sucumbe, muitas vezes, à moda da simplificação. Ele não é uma acção mágica. Exige aprendizagem, instrução e educação. E quando estas condições estão presentes o desporto pode ser um transmissor de valores (disciplina, camaradagem, lealdade, responsabilidade, etc.) que são úteis para a sociedade."
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