""Toda a instituição passa por três estágios - utilidade, privilégio e abuso."
François Chateaubriand
Não chega aprender com quem sabe. Tem de se aprender com quem sabe ensinar, com quem sabe fazer e, principalmente, com quem sabe fazer ser! E não é por decreto que quem presumivelmente terá de saber, saber fazer e saber fazer ser passará a ter competências pedagógicas, competências formativas!
Como disse Maquiavel, “os homens são tão simples e submetem-se a tal ponto às suas necessidades presentes que aquele que engana encontrará sempre alguém que se deixe enganar.”
Isto porque, à semelhança da formação de treinadores, um dia destes poderá ser promulgada uma lei em que para se pintar com lápis de cor seja preciso fazer um curso. Sim, porque um afia-lápis possui uma lâmina e, sendo um objecto potencialmente cortante, é preciso evitar acidentes e é preciso evitar que essa lâmina seja usada com outros fins... Para além disso, um lápis bem afiado pode ser uma arma mortal (não sabiam? Claro que sabiam!!!). 12 lápis de cor são 12 armas!!! E agora, vamos afiar o lápis amarelo e pintar com o amarelo...
Logo, só pessoas devidamente credenciadas (terão de fazer um curso e, para isso, pagar uma inscrição no mesmo) poderão afiar e pintar com lápis de cor. Claro que só poderá ministrar esse curso uma empresa devidamente certificada... Depois de terem frequentado esse curso, depois de terem feito um estágio e terem sido aprovadas terão de pagar a “licença de utilização” dos lápis de cor e dos apara-lápis... E agora, vamos afiar o lápis azul e pintar com o azul...
Mas atenção: nos três meses seguintes terá de se frequentar uma acção de formação (e lá temos de novo os €, as £ ou os US$) sobre os diferentes modelos e utilizações dos apara-lápis consoante o diâmetro dos lápis... E nos seis meses posteriores uma acção de formação sobre contornos e preenchimentos (mais uma vez os €, as £ ou os US$)… E nove meses depois outra acção de formação (outra vez os €, as £ ou os US$) sobre a sobreposição e a mistura de cores com os referidos lápis. Adivinhem agora quem vai dar essa formação! Claro, a tal empresa certificada, a qual irá cobrar inscrições para a acção de formação aos utilizadores dos apara-lápis e dos lápis de cor... E agora, vamos afiar todos os lápis e pintar com os lápis todos...
O resultado dependerá, como diz o povo, do pintor. O pintor que pintou Ana também pintou Leonor. Se a Ana é a mais bela, a culpa é do pintor.
Há no entanto, aqui, um pormenor importante: aqueles que já são artistas, aqueles que já têm obra exposta, publicada e/ou vendida – e um quadro pintado com lápis de cor pode ser uma bela obra de arte – não terão de frequentar o referido curso, pois poder-lhes-á ser homologada a referida habilitação – mas nada os ilibará de pagarem na mesma uma taxa (sempre os €, as £ ou os US$) .
Mas ser um bom pintor não implica ser um bom professor de pintura com lápis de cor. E nada os impedirá de serem como o pintor que pintou Ana e Leonor… ou de formarem novos pintores como este último."
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