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terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Uma segunda parte de sonho

"Quando parecia que o Benfica iria prolongar a má fase, em 45 minutos os 'encarnados' alcançaram uma vitória esplêndida

A volatilidade no futebol aplica-se a uma velocidade extrema e tem a duração de um fósforo. A intensidade com que os adeptos vivem as vitórias é a mesma com que criticam jogadores, treinadores e presidentes, nas derrotas. A paixão com que se vive este desporto é exacerbada. Em 90 minutos, transita-se do choro à alegria e o seu inverso também. Este será, talvez, o seu maior encanto.
O Benfica, no final da 4.ª jornada do Campeonato Nacional 1944/45, liderava a competição com quatro vitórias, 13 golos marcados e apenas 2 sofridos. A forma equilibrada como a equipa se apresentava merecia elogios por parte dos média: 'o Benfica merece o primeiro lugar. O bloco defensivo dos «encarnados» fez uma partida brilhante, quer propositadamente «a defender» quer na maneira como soube encaminhar a equipa no ataque, imprimindo-lhe o tom prático'.
Tudo foi posto em causa após dois jogos, em que os benfiquistas empataram um e perderam outro. O comentário à derrota era o resumo das duas últimas semanas: 'o Benfica sucumbiu. (...) Onde está o team português que sabia rematar às redes?' Na 7.ª jornada, o Clube deslocou-se a Setúbal para defrontar o Vitória e a prestação da primeira parte parecia dar razão à crítica. Os 'encarnados' era uma miragem dos quatro primeiras jornadas. Foram para o intervalo a perder, a defesa, antes sólida, consentiu três golos e o ataque, antigamente letal, enviou 'três bolas à trave' e apontou apenas um golo. O desacerto persistia.
No segundo tempo, foi diferente! O Benfica entrou em campo confiante de que conseguiria alterar o rumo da partida. As trocas de Moreira com Jordão, assumindo a posição de médio-centro, e a de Rogério com Brito, para interior-esquerdo, surtiram efeito, 'foram senhores absolutos do terreno, lançaram-se no ataque, destroçando a defesa setubalense com rapidez de acção'. Em dez minutos os benfiquistas empataram o jogo, com dois golos de Espírito Santo. A vantagem por 4-3 seria alcançada através de mais um golo do 'Pérola Negra'. Júlio que tinha marcado o primeiro golo dos benfiquistas, Arsénio, Rogério e Brito, com um tento cada, fixariam o resultado em 8-3, para gáudio dos adeptos. Os 'encarnados' passaram no inferno ao céu, com a sua perseverança a ser enaltecida: 'há poucos clubes em Portugal, talvez nenhum, com um espírito tão combativo e capaz de dar a volta, mesmo quando tudo parece indicar que ela não se dará', conseguiram 'transformar a derrota que se esboçava na vitória confortável que se veio a obter'. Impulsionados por esta reviravolta, o Clube conquistou o Campeonato Nacional, com três pontos de vantagem sobre o 2.º classificado. Saiba mais sobre este título na área 6 - Campeões Sempre do Museu Benfica - Cosme Damião."

António Pinto, in O Benfica

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