"Os resultados do SL Benfica na presente Liga dos Campeões estão a ter efeitos devastadores no clube. Primeiro, porque já era altura de mitigarmos as eternas saudades que temos de uma presença condigna na competição; depois porque os desaires europeus estão a deixar os Benfiquistas com os nervos tão em franja que até a excelente série de resultados internos é por eles diminuída: por fim porque com os olhos apenas postos nos 7 minutos do Caio Lucas, ninguém repara que nos preparamos aceleradamente para abandonar o hóquei em patins, o que para mim é uma facada no coração.
Na minha juventude, o hóquei em patins era a minha segunda modalidade, uns bons degraus abaixo do futebol e dois ou três acima das noites europeias do basquetebol. Melhor do que ver Dominique Wilkins soçobrar aos triplos de Lisboa e ao atleticismo de Jean Jacques, só ver a patinagem artística do cinco Fernando Almeida; Paulo Almeida, Vitor Fortunato, Luis Ferreira e Rui Lopes, bem secundados pelo gordinho Godinho, pelo esguio descabelado Ramalho e por Ricardo Pereira quando Rui Lopes deu à sola para a Coruña, que sob o controlo do Dantas pim, ia dominando o panorama nacional contra o Barcelos dos Alves e discutindo a supremacia europeia contra os catalães de Igualada. Infelizmente, como todas as modalidades do clube, excepto o pólo aquático, também o hóquei sofreu na pele a passagem do vulcão Azevedo e perdeu o domínio caseiro para um super FC Porto, malgrado termos nas nossas fileiras um Maradona sobre rodas e o mano Batistuta Velasquéz.
Após longos 13 anos a penar, o Glorioso comandado por Luis Sénica e mais tarde Pedro Nunes, voltou a conquistar o ceptro nacional e agarrou duas Ligas Europeias, para depois fazermos um Seppuku extremamente bem conseguido, quando revoltados com uma arbitragem, entregamos uma Taça de Portugal ao FC Porto por falta de comparência, numa bizarra decisão cujos benefícios estão hoje à vista: zero títulos desde o desvario e tudo como dantes no quartel de Abrantes. Aparentemente, não contentes com este momento de rara beleza desportiva e de exemplar espírito Benfiquista, estamos a preparar, com o mais revoltante beneplácito da Nação Encarnada, o fecho da secção de hóquei masculino profissional, porque a Federação e os árbitros e os adversários e os adeptos e tudo e tudo e tudo são maus para nós.
Falando-se actualmente tanto em exigência, qualquer coisa que não seja reforçar o investimento na modalidade e ganhar tudo para esfregar nos dentes de quem achamos que nos ataca, é do mais pura anti benfiquismo possível. "Eles são mauzões e eu fujo com o rabinho entre as pernas" é de coninhas. É de gente que em 1991 tinha chorado no balneário empestado das Antas, entrado no autocarro e de regresso a Lisboa feito queixinhas à mamã, enquanto na Avenida dos Aliados se festejava mais um campeonato. Não vejo outra forma de colocar a questão: é para acabar com o hóquei? O caralho é que é! O hóquei é para ser campeão este ano, ganhar a Taça de Portugal e a Liga Europeia fodasse! E festejar forte e feio! Nem que seja preciso desviar dinheiro do orçamento do futebol para reforçar a equipa. É para cima deles!"
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