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quarta-feira, 4 de setembro de 2019

O mercado fechou e estas são as transferências que vale a pena manter debaixo de olho

"Benfica
Não foram muitas as alterações no plantel que se sagrou campeão nacional a época passada.
Saídas: Corchia, Yuri Ribeiro, Salvio, Krovinovic, João Félix, Jonas.
Entradas: Morato, Nuno Tavares, Chiquinho, Caio Lucas, Raúl de Tomás, Carlos Vinícius.
Na linha defensiva, a troca de Yuri Ribeiro por Nuno Tavares, para a posição de lateral esquerdo - onde Grimaldo é dono e senhor do lugar, permite ao Benfica ter um suplente com mais capacidade ofensiva e com mais margem de progressão.
Para o eixo central, e já no último dia de mercado, foi contratado Morato, um jovem de 18 anos vindo do São Paulo. Não tendo saído nenhum dos quatro centrais (Jardel, Ferro, Rúben Dias e Conti), o Benfica não só não perdeu qualidade nessa posição, como garantiu um central com qualidade técnica (principalmente no passe), rápido e com muito potencial.
A posição de lateral direito parece continuar a ser o elo mais fraco da linha defensiva do Benfica, uma vez que André Almeida continua sem uma alternativa credível.
No meio-campo, com a saída de Salvio e as entradas de Caio Lucas e Chiquinho (actualmente lesionado) o Benfica aumentou a qualidade, essencialmente porque Chiquinho é um jogador capaz de jogar nas costas de um ponta de lança, como segundo avançado, e ao mesmo tempo, tem perfil – qualidade técnica, critério e criatividade – para ser uma excelente alternativa a Pizzi, no corredor lateral direito.
Na frente de ataque, e apesar da qualidade que Raúl de Tomás tem, o Benfica perdeu um jogador muito difícil de substituir. Falo, claro, de João Félix. A qualidade e velocidade com que Félix executava no espaço entre linhas, e a maneira como tornava o trabalho de Seferovic muito mais simples, não é fácil de replicar. Chiquinho poderá ser a solução ideal quando recuperar de lesão, permitindo a Bruno Lage avançar RDT para a posição onde poderá render mais.
Com a “troca” de Jonas por Carlos Vinícius, não é difícil de perceber que o Benfica perdeu classe, criatividade e capacidade em zonas de criação, mas ganhou um avançado com muita capacidade de explorar a profundidade e que pode ser uma excelente solução para o lugar de Seferovic.

FC Porto
Foi um mercado de transferências muito animado no dragão, com muitas saídas e entradas, mas tudo feito atempadamente.
Saídas: Fabiano, Maxi Pereira, Éder Militão, Felipe, Osorio, Óliver Torres, Herrera, Brahimi e Hernâni, Fernando Andrade, Adrián López, André Pereira.
Entradas: Marchesín, Marcano, Saravia, Tomás Esteves, Uribe, Sérgio Oliveira, Romário Baró, Nakajima, Luís Diaz, Zé Luís, Fábio Silva.
Começando pela baliza: Iker Casillas não saiu, mas o seu problema de saúde obrigou o FC Porto a ir ao mercado. O escolhido foi Marchesín. O experimente guarda-redes argentino gerou alguma desconfiança inicialmente (nunca tinha jogado na Europa), mas rapidamente se percebeu que o FC Porto fez uma belíssima contratação e que a baliza não será um problema durante a época.
Na linha defensiva as mudanças foram muitas. No eixo central, e apesar do FC Porto ter muitas opções boas, a qualidade baixou. Éder Militão era claramente acima da média nos aspectos defensivos, dada a capacidade que tinha de controlar a profundidade (fundamental nos momentos de transição defensiva) e a competência nos duelos defensivos e no desarme. Ainda assim, com Marcano, o FC Porto garantiu um central com muita qualidade no momento da construção, principalmente ao nível do passe. Com a permanência de Pepe, o FC Porto não sentirá falta de Felipe, uma vez que o perfil do internacional português é muito parecido ao dele.
Nos corredores laterais, com a entrada de Saravia, o FC Porto conseguiu um lateral com algumas semelhanças com Maxi Pereira, principalmente ao nível da capacidade física e agressividade nos duelos. Do ponto de vista táctico ainda tem de crescer bastante. Ofensivamente, é Tomás Esteves o upgrade na posição de lateral direito, uma vez que o jovem português é um lateral muito evoluído tecnicamente e com muito critério.
No meio-campo, com a saída de Herrera, o FC Porto precisava de um médio com capacidade nos duelos defensivos, forte na recuperação, e que tecnicamente garantisse qualidade em zonas de construção. Conseguiu isso tudo com Uribe, e a posição “8” não perdeu qualidade. Onde perdeu, claramente, foi na “troca” de Óliver por Sérgio Oliveira, uma vez que o médio espanhol acrescentava mais criatividade e qualidade técnica que o português.
Nos corredores laterais, mais mexidas. A saída de Brahimi parecia um problema muito grave de resolver, mas Luís Diaz já fez questão de demonstrar que não. O jovem colombiano é um enorme reforço, por toda a qualidade técnica com que executa, pela facilidade com que sai da pressão e pelo que acrescenta no último terço (último passe e finalização). Há ainda Romário Baró – excelente inicio de época, a jogar na direita mas a demonstrar todo o seu critério em zonas interiores, e Nakajima, que apesar de ainda se estar a adaptar, tem qualidade mais do que suficiente para ser uma mais valia.
Na frente de ataque não saiu nenhum jogador importante, pelo que, com a contratação de Zé Luís - tem demonstrando muita qualidade em zonas de finalização e muito mais facilidade em servir de apoio frontal do que Marega ou Soares, e a subida de Fábio Silva (potencial tremendo), Sérgio Conceição aumentou a qualidade na sua frente de ataque.

Sporting
Os títulos de Marcel Keizer, que apenas ajudaram a camuflar o seguinte: qual era afinal a ideia de jogo do treinador? Qual era, afinal, a ideia de jogo do Sporting de Marcel Keizer? Até hoje, Blessing Lumueno não conseguiu perceber - e o problema é precisamente esse, independentemente dos resultados Ao contrário do que aconteceu no FC Porto e Benfica, em Alvalade o mercado de transferências esteve muito activo até ao último minuto, com várias saídas e entradas.
Saídas: Salin, Thierry Correia, Bruno Gaspar, André Pinto, Jefferson, Petrovic, Gudelj Raphinha, Diaby, Bas Dost.
Entradas: Rosier, Luís Neto, Eduardo, Camacho, Vietto, Fernando, Bolasie, Jesé.
Na baliza o Sporting optou por manter Renan como “número 1”, mas a saída de Salin promoveu Luís Maximiano para segunda opção. O jovem português é um guarda redes com mais potencial e mais qualidade do que Salin, e pode muito bem lutar pela titularidade com Renan.
Na linha defensiva, o Sporting conseguiu aumentar a qualidade com as contratações de Rosier – lateral direito forte nos duelos defensivos e com qualidade em posse –, e de Luís Neto – central muito competente a nível defensivo e melhor na construção do que André Pinto.
No meio-campo, poucas mexidas. Saiu Gudelj e entrou Eduardo. A nível defensivo o Sporting ficou sem um elemento que era fundamental nos momentos de transição defensiva, mas ganhou um médio com mais qualidade técnica e critério em posse. Apesar de Doumbia, neste momento, ser a primeira escolha para jogar ao lado de Wendel (com a saída de Keizer isso pode mudar), é Eduardo que me parece ter o perfil certo para fazer crescer a organização ofensiva do Sporting, por ser um médio muito capaz na ligação entre a construção e criação.
A contratação de Vietto poderá ser, como já demonstrou no jogo frente ao Portimonense, um upgrade no ataque do Sporting. Fazia falta um jogador que acrescentasse criatividade e qualidade técnica no espaço entre linhas, e Vietto é esse tipo de jogador.
Para o último dia de mercado, ficaram guardadas as alterações mais significativas na frente de ataque. Bas Dost já tinha saído uns dias antes, mas o seu substituto só chegou em cima do fecho de mercado, e o perfil não podia ser mais diferente. Jesé é um avançado (também pode jogar no corredor lateral esquerdo como extremo), com qualidade técnica, que acrescenta muita mobilidade e que tem capacidade para explorar a profundidade. Os seus anos mais recentes (pouca utilização e problemas fora do campo) não permitem a ninguém prever que impacto terá em Alvalade, mas se por acaso aparecer a melhor versão de Jesé, a qualidade no ataque do Sporting aumenta significativamente.
Nas alas, Raphinha e Diaby deixaram Alvalade no último dia de mercado e para os seus lugares entraram Fernando e Bolasie. Se analisarmos estas mudanças como trocas directas, podemos dizer que de Diaby ninguém vai sentir saudades, uma vez que Fernando é um jovem com mais qualidade técnica e criatividade do que o capitão do Mali.
No que diz respeito a Raphinha, vai depender muito do impacto que Bolasie conseguir ter (assim como Jesé, é difícil prever fruto dos anos mais recentes). O internacional pelo Congo, cedido pelo Everton, está longe de estar no auge da sua carreira, mas tem características que lhe podem permitir acrescentar qualidade ao ataque do Sporting, nomeadamente a sua velocidade e capacidade no 1x1 ofensivo, mesmo em espaços reduzidos.

Outros Reforços a Manter Debaixo de Olho
Foi, sem dúvida nenhuma, um mercado de transferências muito proveitoso para várias equipas, que conseguiram acrescentar muita qualidade aos seus plantéis. Aqui ficam os nomes de alguns reforços, uns mais conhecidos do que outros, que poderão ter um grande impacto nas respectivas equipas. 

André Horta (Braga)
De regresso ao campeonato português, depois de uma curta passagem pela MLS, André Horta tem demonstrado neste início de época, tudo o que pode oferecer ao futebol do Braga: qualidade técnica, critério e criatividade. Fundamental em zonas de construção e criação.

Galeno (Braga)
Contratado ao FC Porto, o jovem extremo tem tudo para ser um dos destaques da época do Braga. Muita capacidade de desequilíbrio em termos ofensivos, principalmente quando tem espaço para impor a sua velocidade.

Marcus Edwards (Vitória SC)
Contratado ao Tottenham, Marcus Edwards é internacional pelos escalões jovens ingleses e é um extremo muito forte no 1x1, com muita qualidade técnica e que pode aturar nos dois corredores laterais. É um dos bons valores que Ivo Vieira tem ao seu dispor.

Lucas Evangelista (Vitória SC)
Chega por empréstimo do Nantes, e tem tudo para voltar a apresentar a qualidade que demonstrou na época 17/18, ao serviço do Estoril. Muito forte tecnicamente, seja ao nível do passe seja em condução, Evangelista irá acrescentar muita qualidade ao processo ofensivo do Vitória SC.

Lucas Piazón (Rio Ave)
Mehdi Taremi tem feito um fantástico início de época, mas destaco também Lucas Piazón, pela influência que poderá ter na organização ofensiva do Rio Ave. Muita qualidade técnica e muita capacidade para jogar entre linhas, Piazón em tudo para ser um dos nomes a seguir na presente época.

Toni Martínez (Famalicão)
São vários os reforços de qualidade que o Famalicão foi buscar neste regresso à primeira divisão, e Toni Martínez é um dos que vale a pena seguir. Avançado que acrescenta muita mobilidade na frente de ataque, tem qualidade técnica e capacidade finalizadora.

Fábio Martins (Famalicão)
De Braga para Famalicão, Fábio Martins vai procurar demonstrar que foi mal aproveitado por Abel. Pode jogar no corredor central ou a partir dos corredores laterais, e tem qualidade técnica e inteligência suficiente para ser um dos destaques da época do Famalicão.

Show (Belenenses SAD)
Chega por empréstimo do Lille, e tem características muito interessantes num médio. O critério no passe e a qualidade técnica com que executa permitem-lhe estar confortável em posse de bola e ser importante em fases de construção.

Kraev (Gil Vicente)
No regresso ao primeiro escalão, o Gil Vicente conseguiu garantir um médio ofensivo com muito potencial, que se destaca pela qualidade que oferece no espaço entre linhas e pela maneira como aparece em zonas de finalização.

Filipe Soares (Moreirense)
Pode actuar como médio ofensivo ou a partir dos corredores laterais, e é um jogador que se destaca pela inteligência com que decide e pela qualidade técnica com que executa. Depois de ter perdido Chiquinho para o Benfica, era importante para o Moreirense ter um médio com este perfil, e Filipe Soares foi uma belíssima escolha."

Tiago Teixeira, in Tribuna Expresso

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