"Afastado o FC Porto, por esse imperial Liverpool, do grande teatro do futebol europeu, o Ajax é, pois, o que resta, na Champions, de representação do futebol inteligente, do futebol que impõe o conhecimento, o saber, enfim, a arte, ao futebol do dinheiro, ao futebol das elites, criado, contranatura, mais para untuoso deleite dos ricos do que para prazer dos povos.
O Ajax, é bom lembrar, eliminou o Real Madrid e a Juventus para chegar às meias-finais, onde aparece como uma pedra no rim do sistema financeiro que não apenas domina, como controla o futebol dos tempos modernos. Há quem, conformado, diga que é uma inevitabilidade dos tempos; há quem, ainda assim, ache imperdível celebrar proezas como a deste Ajax, que tem o atrevimento de chegar às meias-finais da Champions com um orçamento que não chega aos cem milhões de euros e que já reservou metade disso para a próxima época, à custa da venda de Frenkie de Jong, por quem o Barcelona pagou 70 milhões, e da promessa de venda de De Ligt, o central de 19 anos que matou a Juve com aquele segundo golo impetuoso, e pelo qual tanto à Juventus como o Barcelona lutam por um valor, muito provavelmente, acima.
Fica o FC Porto pelos quartos de final, o que não deixa de ser notável para um clube que não está entre os 30 mais ricos da Europa e tem o orçamento mais elevado dos clubes portugueses, mas, ainda assim, não superior ao Ajax. É, também, uma prova de que nem tudo está mal no futebol português. Aliás, há muitos coisas boas, eficientes e competentes no futebol nacional. Apenas acontece que são abafadas pelo ruído das bestas negras."
Vítor Serpa, in A Bola
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