"Estamos no ano 77 D. E.. Toda a Península Ibérica tem transmissões televisivas de jogos de futebol com câmaras e software que mostra os lances em 973º, de todos os ângulos, alturas e comprimentos, incluindo marcações de grandes penalidades vistas do ângulo do marcador... toda? Toda não. Um paraíso à beira mar plantado, ocupado por portugueses, ainda resiste hoje e sempre à evolução televisiva e tem emissões onde não só não é possível confirmar foras de jogo, como também deixam dúvidas em golos que são mas se calhar não foram.
Não há como não gostar de estádios pequenos, de localidades pequenas, representados por clubes pequenos. O ar de quintal lá de casa onde passamos horas a dar pontapés num cautchú coçado com os primos e amigos, traz romantismo ao campeonato. Mas as condições em que a SportTV levou o Moreirense - SLBenfica até às casas e cafés de todos nós, fizeram-me ter saudades do Adelino Ribeiro Novo barcelense, com o poste da cobertura bem em frente da lente da câmara e a total invisibilidade dos quartos de circulo dos cantos do lado da filmagem.
Bem sei que o futebol no pequeno ecrã português se fez com 3 câmaras na bancada central desviadas 15 metros umas das outras, imagens dos topos nos poucos recintos que as permitiam e o Gabriel Alves ou o Rui Tovar a analisarem "a olho" os lances na bancada de imprensa, ajudados por um repórter de pista que podia ter a sorte de estar no lado do campo onde surgia a dúvida. As coisas faziam-se e a malta adorava, mas estamos a falar de tempos em que os jogos eram transmitidos em sinal aberto, em que durante a semana não havia 3 dezenas de matraquilhos a discutir futebol na tv e muito mais importante... não havia VAR.
Todos os telespectadores que apreciaram a bela futebolada entre Moreirense e Glorioso, tiveram que assinar no final um termo de confidencialidade, jurando não comentar com estrangeiros os lances de fora de jogo do Arsénio e do João Félix, sob pena de colocar em causa qualquer réstia de prestígio que o campeonato cá do sítio ainda possa ter lá fora. Tal documento foi absolutamente escusado, porque dizer a alguém que em Portugal vamos com 2 anos de VAR mas ainda há estádios onde não há ângulos de filmagem que permitam o uso devido da tecnologia podia ser fácil, mas convencê-lo de que não estávamos a brincar é que era capaz de ser o cabo dos trabalhos."
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