"Quando Ricardo Araújo Pereira diz que isso do "sou do Benfica mas sei ver as coisas" não existe, nem está a pensar no meu caso. Para além de ser do Benfica e como tal, naturalmente parcial, também tenho graves problemas nas retinas, pelo que até podia ser do Almancilense, que continuava a não conseguir ver as coisas. Posto isto, compreenderão certamente a inclinação himalaia da minha observação aos acontecimentos de Braga. Agradeço também que apliquem o mesmo desconto compreensivo às avaliações técnicas do Tribunal d'Ojogo. No caso deles, nada de mal existe do ponto de vista oftalmológico, mas há ali colunas vertebrais com mais curvas do que a estrada Nisa-Vila Velha de Ródão.
O Benfica perdeu ontem com o FC Porto e acabou por ser um resultado extremamente proveitoso para todos os Benfiquistas que há anos tentam explicar aos mais novos o que eram os anos 90. Até ontem os chamados "millenials" olhavam para nós com um certo desdém e sentimento de exagero da nossa parte, de uma constante extrapolação de erros arbitrais. Ontem as coisas mudaram, a pergunta "ai às vezes era assim?" surgiu muitas vezes, tantas quantas a resposta "não, raramente não era assim". Os erros acontecem para todos os lados, as situações absurdas é que parecem cair sempre em cima dos pés dos mesmos.
Não podemos de forma alguma dizer que os nossos jogadores foram apanhados desprevenidos, a menos que não tenham estado atentos aos 10 minutos de atraso com que os portistas se apresentaram a jogo. Quando foram recebidos com sorrisos e abraços no túnel, já o jogo devia ter 5 minutos decorridos. Foi tudo encarado como uma natural "isenção de horário" com que se brinda o patrão. Benfiquistas mais atentos à História, não se coibiram de agradecer a gentileza de deixarem os nossos atletas equiparem-se no balneário, mesmo tendo em conta que os corredores deste estádios modernos dão 10-0 em conforto aos húmidos irmãos das Antas demolidas.
Para preâmbulo a coisa nem correu mal, mas logo à primeira foguetada Xistra julgou intensidades e deixou o 1-0 acontecer. Como também esse não é o meu departamento, aceitei. Pedro Proença recordou aquele solo de Lisandro na área do SLB e torceu ligeiramente o nariz para LFV, sorrindo em seguida para Pinto da Costa. Quando Rafa empata, num momento quase fetichista, o árbitro entretém-se 3 minutos a ver a bola bater no peito suíço. Em casa António Costa grita para a mulher "é mão, é mão". Na Ucrânia Kandaurov corta os pulsos... no abdómen. 5 minutos depois do extremo Vilafranquense do SLB ter colocado tudo igual, e 1 minuto a seguir ao pontapé de saída, Marega recupera vantagem para o FC Porto, com Grimaldo estatelado na área. Já sabendo que só podia voltar a ver televisão depois de acabar a sopa toda, o juiz da Covilhã nem se dá ao trabalho de video-arbitrar e confirma o golo maliano. Como diria Francisco J. Marques, o melhor estava para vir.
A cair o limite da 1.ª parte (porque sim, ainda estamos na primeira parte), dá-se o que é considerado "o caso do jogo", o "MVP do Absurdo", o "VIP do Que Raio Estamos Aqui a Fazer". Atalhando caminho: sem VAR aceitava a decisão com naturalidade. Lance rápido de contra ataque, Rafa em excesso de velocidade, camisolas vermelhas a marcar um golo às das riscas. Não me admirava que o fiscal marcasse fora de jogo. Com VAR não posso aceitar que um jogador com um pé ainda em cima da linha de corte da relva, esteja adiantado a outro que já vai 2 passos à frente da linha. Isto claro, a não ser que as minha retinas estejam melhorzinhas que a do rapaz do VAR. Sérgio Conceição teve a desfaçatez de quem nunca é sujeito a contraditório, de dizer que foi por um pé, quando nem em linha Rafa estava. Estava tão mais perto da nossa linha de fundo do que o último defesa portista, como o Maicon da linha defensiva Gloriosa em 2012.
O Benfica não perdeu por causa do árbitro. Bastaria aproveitar as 3 flagrantes oportunidades da segunda parte ou colocar na confusão da área portista a bola que Xistra atirou para os pés de um Pizzi que já conduzia outra, para que o resultado nos tivesse sido favorável. O que ontem foi pelo ralo foi aquela sensação de que os pratos da balança estavam equilibrados entre SLB e FCP, com o SCP a estrebuchar quando pende para o Benfica e a fingir de morto quando a coisa descai para o lado portista. O simples facto de uma equipa poder-se apresentar a jogo feliz e contente, à hora que quer, foi logo um chuto nos tomates na credibilidade disto tudo. Porque como disse LFV à imprensa, ainda a cheirar aos croquetes partilhados com o Proença e com o Jorge Nuno, emails, mala ciaos, vouchers e etoupeiras tem havido muitos... condenações é que até hoje, só mesmo ao FC Porto."
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