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quarta-feira, 29 de agosto de 2018

O dérbi teve um vencedor: o futebol

"Aqui se escreveu há uma semana que era imperativo que este campeonato fosse diferente — com rivalidade, mas sem ódio e violência — embora sem grande esperança que algo mudasse. Benfica e Sporting apostaram, de forma clara, nessa mudança.
Vimos cenas infelizes antes do jogo, escaramuças entre adeptos com a polícia chamada a intervir. Mas vimos também cenas felizes, que há muito não se viam. Domingos Almeida Lima, no papel que caberia a Luís Filipe Vieira, ao lado do presidente do Sporting, ambos a falar para a Benfica TV, algo impensável nos encontros entre os dois clubes nos últimos anos.
O vice-presidente do Benfica deu as boas-vindas à delegação do Sporting em nome do presidente, disse que era um prazer recebê-la na Luz e deixou votos para que desfrutassem o jogo. Sousa Sintra devolveu a simpatia, lembrou que sempre veio ao estádio e destacou a "relação impecável" com os dirigentes do Benfica.
Ambos falaram do que era importante falar: a magia do derby. Domingos Almeida Lima evocou a "rivalidade saudável de mais de um século que faz vibrar as multidões" e Sousa Cintra usou a poderosa imagem dos dois clubes "que fazem a bandeira nacional".
Apelou-se ao "fair play" — "que seja um jogo com respeito e que no fim aceitemos o resultado" — e enterrou-se o machado — "o futebol precisa de paz, tranquilidade, de acabar com as guerrilhas".
Que contraste com o passado recente. E não ficou por aqui. O ambiente cordato continuou com a entrada dos treinadores, que se cumprimentaram com visível satisfação. O encontro, fora um momento mais acalorado, normal num jogo de nervos, correu de forma correcta. Que ganhe o melhor, disse o vice do Benfica.
Que ganhe o melhor e que o melhor seja o Sporting, disse Sousa Cintra. Não foi, mas conseguiu um bom resultado no relvado do rival, em que poucos apostavam, a mostrar que em Alvalade se tem gerido bem a pesada herança da época anterior.
Nem Benfica, nem Sporting venceram, mas ganhou o futebol português. Só assim ele se pode afirmar, cativar adeptos e marcas, criar valor. Só assim será possível construir as pontes necessárias para o levar mais longe.
Os dois clubes quiseram que este derby fosse um virar de página. O tempo dirá se, de facto, o foi. O que se viu no sábado seria impossível com Bruno de Carvalho, espera-se que seja possível com quem ganhar o lugar de Sousa Cintra."

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