"Foram largos minutos de competência e de raiva, de qualidade e de raça. Muita raça numa noite chuvosa.
1. O Benfica venceu, com clareza, o Rio Ave. Com quarenta e cinco minutos de luxo. Tremeu na primeira parte e dominou, com momentos de nota artística, na segunda parte. Sofreu com a sagacidade do Rio Ave nos primeiros vinte minutos mas fez, de verdade, uns segundos quarenta e cinco minutos à Benfica. Foram largos minutos de competência e de raiva, de qualidade e de raça. Muita raça numa noite chuvosa. Marcou cinco golos e todos eles com diferentes concretizadores. Um golo mais de Jonas, já um dos grandes goleadores da história do Benfica. Mas sublinho, ainda, os dois marcados por Jardel e Rúben Dias. Golos de bolas paradas que sente-se e presente-se são bem preparadas. E também o comprometimento colectivo de Zivkovic e, também, de Grimaldo e de Cervi. E o amor à camisola do André Almeida. Mais a de Bruno Varela e da sugestiva continência que o Pizzi gosta de repetir. Mas permitam-me a ousadia de mencionar os momentos de jogo que Rafa proporcionou. Sim, ainda bem que Rafa ficou. Sim, ainda bem que Rafa fez um bom jogo face ao Rio Ave. E a assistência para o golo derradeiro - para o golo de Raul Jiménez - só pode ser uma assistência motivadora. E que o deve encorajar! Como a todos os simpatizantes e adeptos do Benfica que ambicionam, contra muitas vozes, certos escribas e perturbantes alianças, a conquista do penta. Ontem foram cinco golos bem aplaudidos, e com muito fervor, por cinquenta e quatro mil adeptos. Acredito, por fim, que, para além da equipa de arbitragem, o VAR - mais o AVAR - não viu uma grande penalidade que eu vi. Somos os seres humanos. Um de nós errou. Assumo que aceito, em outros lances, diferenças de opinião. Mas naquele... por amor da santa!!!
2. Hoje é o dia da Super Bowl. Muitos milhões de americanos - e não só! - ficarão verdadeiramente pegados à televisão para vibrarem com a edição 52 da partida mais importante da denominada Liga do futebol americano. A final realizar-se no Estado do Minnesota, na cidade de Minneapolis, - do Norte dos EUA! - e no estádio dos seus vikings. Os Philadelphia Eagles e os New England Patriots disputam o troféu da principal competição desportiva americana. O que nos permite compreender que o domínio do futebol tem territórios, como o nosso, em noutros espaços o râguebi tem primazia - como se percebe pelo Torneio das Seis Nações que está a decorrer e que nos permite conhecer a total transparência das decisões arbitrais e que escutamos totalmente! - e em outros locais o hóquei no gelo ou o esqui, e as suas vertentes, dominam a atenção dos consumidores e praticantes desportivos. E no mínimo cerca de 120 milhões de telespectadores juntarão, na noite deste domingo, paixão e emoção, lazer e prazer, pipocas e coca cola, pizzas e batatas fritas. Calorias e mais calorias. E Justin Timberlake, um dos ícones do momento da música pop, cantará pela terceira vez numa final desta competição emblemática e que todos conhecem como a NFL! O que sei é o que o jornalistas James Lawton escreveu acerca do futebol americano: «O treinador de futebol americano tornou-se muito mais do que num funcionário do desporto. Espera-se que ele dê forma à forma mais profunda de percepção que os americanos têm de eles mesmos. Espera-se que ele seja autoritário, duro mas razoável, filosófico, mas imbuído de fome de acção. Idealmente, ele é um padre soldado»! Que imagem de uma modalidade e de um jogo! E quase de uma nação que, no seu multiculturalismo, integra este jogo!
3. Arrancam na próxima sexta-feira os Jogos Olímpicos de Inverno. Até ao dia 25 de Fevereiro a Coreia do Sul, e a cidade de PyeongChang, serão o centro da atenção de centenas de milhões de simpatizantes das diferentes modalidades que permitem a conquista de ouro olímpico. Nós prestamos atenção, por excelência, aos Jogos de Verão. Por isso na Coreia do Sul teremos, tão só, dois representantes. E importa reconhecer que só a Serra da Estrela permite, no nosso território, a prática de modalidades de Inverno, como o snowboard ou o esqui. Mas estes Jogos serão, por excelência, os Jogos de uma singular trégua olímpica. As duas Coreias, bem diferentes, vão desfilar em conjunto na cerimónia de abertura e exibirão uma bandeira da Coreia unificada. E de forma emblemática as duas Coreias - a do Sul e a do Norte - constituíram, pela primeira vez na história de Jogos Olímpicos, uma equipa feminina conjunta de hóquei no gelo. Ali o desporto aproxima. Une irmãos desavindos. Torna bem presente as palavras emblemáticas de Pierre de Coubertin: «A coisa mais importante nos Jogos Olímpicos não é vencer mas participar. A coisa essencial na vida não é conquistar mas lutar bem»! Ali na Península da Coreia, o Sul e o Norte aproximam-se. Aqui, aqui neste pequeno rectângulo, o desporto potencia a disputa entre amigo-inimigo. Acredito que só uns jogos olímpicos permitiram uma mínima aproximação desportiva em Portugal. Já que nem as principais instituições desportivas a conseguem proporcionar um tempo de calma nem o poder político consegue suscitar uma trégua! O que significa quase que uma falência do Estado. O que não é bom sintoma. Acreditem que não é!
4. Duas notas da semana: A primeira para sublinhar o momento bem singular da entrevista do guarda-redes do Moreirense na entrevista logo após o empate face ao Futebol Clube do Porto. Parecia um momento de apanhados! Ele que julgava que tinha perdido! O que significa que por Moreira de Cónegos não há intermediação de comunicação. A segunda para evidenciar o momento extraordinário de forma de Gonçalo Paciência. Cresceu no Vitória de Setúbal bem liderado pelo José Couceiro. Merece oportunidades e minutos no Futebol Clube do Porto de Sérgio Conceião. e vom Fernando Santos, e bem, atento. É que a Rússia está... a pequenos passos!!!"
Fernando Seara, in A Bola
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